O Poder Do Destino. Capítulo 09.
Essa história é fictícia e foi inteiramente criada por mim. Patrícia Leal.
NewCrest. Sexta-feira.
A manhã da reinauguração amanheceu quente e pouco promissora. Desde as nove em ponto, as portas da floricultura estavam abertas, mas nenhuma flor havia sido vendida. As esperanças de Amanda murchavam a cada minuto, como pétalas sob o sol sem água.
Parou diante da loja, mãos nos bolsos, olhar crítico.
"Loja pequena… Não acho que terei tanto trabalho assim. Essas pessoas do interior se contentam com tão pouco."
— Cheguei atrasado, me desculpem. Onde está Amanda?
— Na estufa. Foi cuidar dos fertilizantes.
— Hmmm… Ela deve estar brava comigo.
— Mais ou menos… Ela tá desanimada, mas acho que logo mais o movimento melhora.
Hugo observou o ambiente, reparando no pequeno número de clientes. A floricultura estava viva em cores, mas vazia em entusiasmo.
— As vendas não parecem boas. — comentou, quase como um diagnóstico.
— Pois é... Vai lá falar com ela, por favor? Quem sabe ela se anima um pouco!
— Sim, eu vou.
— Tudo bem, Luísa?
— Oi, Hugo! Até que enfim você chegou. Vai ficar ou já vai sair de novo?
— Vou ficar até o fechamento, como prometido à Amanda. Vou ver se ela precisa de ajuda e depois volto. Com licença!
— Ahhh, mas volta logo, a gente precisa de ajuda aqui também.
De um dos cantos da loja, uma jovem cliente não tirava os olhos dele.
"Espero que ele volte logo mesmo… Que gato!" — pensou, encantada com aquele homem de aparência reservada e presença marcante.
— Acho que não precisam de mim agora. Está calmo por aqui. Até mais! — disse Hugo, antes de sair da loja e seguir para a estufa.
Na estufa, Amanda estava de costas, mexendo em alguns sacos de fertilizante. Os ombros levemente curvados, os pensamentos longe. A luz suave do entardecer entrava pelas vidraças, tocando seus cabelos como se a natureza quisesse consolá-la.
— Já são quase onze horas e não vendemos uma única planta... — murmurou, entre um suspiro e outro, empilhando sacos de fertilizante de forma distraída. — Ai, mãe... tá difícil manter isso aqui funcionando. Acho que não levo jeito pra isso. Só dava certo quando era a senhora que cuidava de tudo...
Ela estava de costas. Ele hesitou por um momento, observando-a com um olhar que misturava curiosidade e algo mais profundo… quase ternura.
— Amanda, precisa da minha ajuda?
A voz grave e inesperada fez Amanda se sobressaltar. Ela tropeçou nos sacos de adubo que estavam espalhados e quase caiu. Hugo correu instintivamente, ágil, e a segurou antes que ela tocasse o chão.
Passou a palma quente e firme por seu rosto, afastando um fio de cabelo que colava à sua bochecha. O toque foi leve, mas intenso o suficiente para que Amanda perdesse um segundo de ar.
— Eu tô bem... Não vi você entrar... Quando chegou? — disse ela, tentando recompor o fôlego.
— Você poderia ter se machucado. Tem que prestar atenção, Amanda! — A preocupação deu lugar a uma irritação contida. — Por que essas coisas estão jogadas assim?
— Eu ia tirar... Mas... — Ela se endireitou. — Espera, você tá atrasado!
Havia uma pontinha de indignação na voz dela, mas também um calor novo no peito. O jeito como ele a segurou… como a olhou.
— Me desculpe. Tentei vir mais cedo. — A voz dele baixou o tom, mais calmo. — Essas coisas são pesadas pra você. Agora que estou aqui, vou organizar tudo pra que não tropece mais.
— Eu não sou de vidro. — Amanda cruzou os braços, tentando parecer firme, mesmo com o coração acelerado. — E já disse que tô bem. Mas... obrigada por... se preocupar... comigo?
Hugo a olhou. E, por um instante, o tempo entre eles parou.
O mundo lá fora podia estar quieto, mas ali dentro, tudo era ruído.
"Ai, meu Deus... essa boca... essa mão quente e cheirosa no meu rosto... Gosto dele..." — pensou Amanda, enquanto tentava não deixar o olhar fugir dos olhos dele.
Hugo sentiu a tensão subir pelo próprio corpo como um fogo silencioso. A vontade de beijá-la veio de forma inesperada, quase cruel. Mas se controlou. Deu um passo para trás.
— Você tem razão. Não é tão frágil quanto parece. — sorriu de lado. — É uma garota forte. Eu exagerei.
— Tá... Mas é bom que tenha aparecido. Eu preciso de ajuda aqui. — Ela tentou mudar de assunto, desviando os olhos, mas ainda sentia o toque dele em sua pele.
— Sim, percebi pela bagunça que está esse lugar. — respondeu ele, com leve sarcasmo. — Só me diga onde quer que eu guarde tudo.
— Acho melhor deixar isso aqui pra depois. Vamos até a loja ver como as meninas estão?
— Estão bem. — Hugo respondeu, enquanto limpava as mãos numa toalha pendurada ao lado da porta. — Passei por lá e parece que não tem muitos clientes.
— Ai... nem me fale. — Amanda suspirou, os ombros caindo com o peso da realidade.
— E as vendas? — ele perguntou, embora já soubesse a resposta.
— Não vendemos nada.
Hugo franziu o cenho. Era mais grave do que pensava.
— Vamos precisar pensar em algo. Não podemos deixar isso assim.
Ele veio com a missão de ajudar com as entregas e a parte pesada da loja… mas vendo tudo vazio, sem movimento, sabia que precisava fazer mais.
E no fundo, uma ideia começava a se formar.
— Você quer vender apenas isso? — Hugo ergueu uma sobrancelha. — É uma meta pequena.
— Era mais ou menos isso que minha mãe vendia... — Amanda respondeu com um sorriso triste. — Ela amava essa floricultura, mas... nunca foi lucrativa de verdade. Quero fazer dar certo, de verdade mesmo. Só que... tô começando a achar que não vai.
Hugo se aproximou, cruzando os braços.
— Qual é a mercadoria mais cara da loja?
— Tem dois vasos com rosas trepadeiras em pilares de madeira. São lindos, mas caros: mil e trezentos reais cada. — Amanda apontou com o queixo na direção do canto mais elegante da loja. — Nem sonho em vender um deles hoje.
— Então vamos vender não um, mas quatro vezes a sua meta. — disse ele, com um brilho ousado nos olhos.
Amanda riu, incrédula.
— Hugo, gosto do seu otimismo, mas isso seria um milagre!
— Não é milagre. É marketing de vendas. — ele respondeu, com firmeza. — A primeira coisa que uma boa vitrine precisa é de atitude.
— As coisas se tornam possíveis quando acreditamos nelas. E corremos atrás. — Ele olhou para o relógio. — Vamos vender dois mil reais até às três da tarde.
— Vender tudo isso em quatro horas? Hahaha! Nem se reencarnasse o espírito da minha mãe e o colocasse atrás do balcão!
Hugo sorriu com um toque de desafio.
— Então vamos fazer uma aposta?
— Aposta? Que aposta? — Amanda o olhou desconfiada.
— Se eu conseguir vender os dois mil até às quinze horas, você sai comigo na sua próxima folga.
— Sair com você?... Pra onde? — Amanda apertou os olhos, como quem lê as entrelinhas.
— É surpresa. Mas pode ficar tranquila, não é o que você está pensando. Só uma saída entre dois amigos, como antes. A diferença é que dessa vez... vai usar uma roupa que eu vou comprar pra você.
— E quem disse que eu tava pensando em outra coisa, hein? — ela ergue o queixo, desafiadora. — Hmm... agora essa parte da roupa... não sei se gosto não.
— Você vai gostar. É um lugar bonito, e a roupa... é um presente. Vai apostar?
Amanda hesitou, depois sorriu.
— E se você perder?
— Deixo você escolher o que quiser. Qualquer coisa.
— Qualquer coisa mesmo? Tipo... um favor. Um que eu quiser?
— O que você quiser. — Ele disse, encarando-a como quem não teme a derrota.
— Então fechado! — Amanda estendeu a mão. — Você não vai ganhar mesmo! Ah, e já aviso: o comprador não pode ser você, viu? Nada de comprar os vasos só pra vencer.
— Você duvida da minha capacidade, Amanda... — Hugo segurou a mão dela com firmeza. — Mas eu gosto disso. Gosto de mostrar do que sou capaz.
— Quero só ver! Hugo milagreiro? Essa eu ganho fácil! — Amanda riu, o rosto iluminado por um entusiasmo que há dias não sentia.
— Então se prepare. Porque vou te levar a um lugar incrível. — “Queria ver ela sorrir mais vezes... é linda.”
Hugo foi até o balcão de café, posicionou-se como um mestre de cerimônias e bateu palmas leves.
— Moças?! Posso pedir a atenção de vocês por um minuto?
Amanda se aproximou de Luísa, ainda tentando entender o que estava prestes a acontecer.
— O que ele tá fazendo? — Luísa perguntou com o cenho franzido, intrigada.
— Tentando fazer um milagre! — Amanda respondeu, cruzando os braços.
— Como assim?
— Vamos ouvir o que ele vai falar!
Diante do pequeno grupo de clientes, Hugo ajeitou a postura ao lado do balcão do café. Sua presença parecia preencher o ambiente — não apenas por sua altura imponente, mas pela confiança tranquila com que encarava cada uma das mulheres ali. Levantou levemente a mão e falou:
— Prezadas clientes, agradecemos por estarem conosco nesse dia tão especial — a reabertura da floricultura “Alameda das Flores”.
O tom da voz dele era envolvente — aquela mistura rara de firmeza e doçura que faz com que a gente pare o que estiver fazendo só pra escutar.
— Me chamo Hugo. Sou desenvolvedor de softwares — entre outras funções — e estou aqui como amigo da proprietária e das atendentes queridas que estão recebendo vocês. Como presente de reinauguração, estou desenvolvendo um aplicativo exclusivo para nossas clientes. Ele vai ajudar no cuidado com as plantas adquiridas na loja, trazer dicas de jardinagem e atualizações diárias do nosso catálogo, além de permitir compras virtuais e sugestões de produtos.
As clientes trocaram olhares curiosos. Amanda estreitou os olhos, como se aquilo tudo estivesse indo longe demais.
— Mas tem um detalhe importante: o aplicativo estará disponível somente para quem efetuar uma compra hoje e se cadastrar com a moça do caixa. Ah, e para quem indicar uma amiga, preparei um chocolate quente especial, feito por mim mesmo. Se a amiga também comprar algo, vocês ganham, além do chocolate, uma consulta online comigo.
— Qualquer valor de compra já permite o cadastro? — perguntou uma cliente vestindo um delicado vestido azul florido.
— Na consulta online tem o telefone do desenvolvedor? — perguntou a de óculos, com um sorriso maroto.
Luísa cutucou Amanda, rindo baixinho.
— Você sabia disso? Ele fez um aplicativo só pra você?!
— Não! E não é pra mim, é pras clientes da loja — Amanda respondeu rápido, quase se defendendo de algo que não foi dito.
— Mas a loja é sua! Esse Hugo gosta mesmo de você. Qual é o tal milagre?
— Ele é só amigo, eu já te disse! Agora presta atenção no que ele quer fazer!
Hugo prosseguiu com sua fala serena, mas com brilho nos olhos:
— Para realizar o cadastro, basta fazer uma compra de qualquer valor. Depois, deixem o número de vocês para que eu possa entrar em contato e explicar como baixar o aplicativo. E, por favor, indiquem amigas! Estarei por aqui até o fechamento da loja e tenho uma meta ousada para hoje. Conto com a ajuda de vocês!
Ele sorriu. Não um sorriso largo ou forçado, mas um discreto, do tipo que parece guardar um segredo bonito. Enquanto falava, olhava cada cliente nos olhos, como se cada uma fosse a única ali presente. Era difícil não se sentir importante diante daquele olhar.
Mal terminou de falar, e os celulares começaram a pipocar:
— Marta, abriu uma floricultura aqui perto da tua casa com um cara lindo atendendo. Corre aqui! Preciso ganhar um chocolate quente feito por ele! — disse a do vestido azul.
— Jéssica, vem logo! Tem um deus grego de olhos azuis fazendo chocolate quente aqui na floricultura. Traz as meninas! — a de óculos falava empolgada.
— Meninas, encontrei um lugar perfeito pra gente conversar tomando chocolate quente. Tem flores lindas. Venham logo! — a de vestido preto floral, em chamada de grupo.
— Mel, traz a Jade e quem mais quiser. O genro dos sonhos da mamãe tá servindo chocolate aqui! E aproveita pra comprar as plantas pro jardim dela! — disse a cliente de tranças roxas, já digitando a localização.
Amanda ficou parada, com a expressão entre surpresa e confusão.
— Eu não acredito no que tô vendo… — murmurou, quase sem voz.
— Amanda, o miserável é genial! — Luísa arregalou os olhos. — A mulherada tá tudo doida pra provar o chocolate do Hugo!
— Quero ver se agora a gente não vende… Pelo menos o movimento vai vir! — disse Sarah, rindo e sacudindo a cabeça, impressionada com a astúcia inesperada do rapaz.
— Obrigado, Sarah. O importante é que a Amanda está feliz... mesmo cansada, ela sorri. Isso vale tudo. — respondeu Hugo, lançando um olhar cúmplice em direção à dona da loja, que distribuía atenção, afeto e flores com a mesma intensidade.
🕔 17:00h
Não haviam almoçado, mas venderam quase toda a mercadoria. O esforço valera cada segundo. Com o estoque quase zerado, puderam fechar mais cedo.
— Eu ainda não acredito... Vendemos quase tudo! Nem consegui contabilizar ainda... — Amanda, incrédula, olhava para as prateleiras quase vazias.
— Acho que ganhei a aposta. — Hugo a relembrou, com uma piscadela brincalhona.
— Que aposta é essa, hein?! — perguntou Luísa, já rindo.
— O dia foi mais que ótimo! — comentou Sarah, animada. — Mas agora temos que ligar no depósito e pedir mais mercadorias. Amanhã promete! Eu vou preparar um lanchinho, sobrou um pouco de coisa aqui.
— Tem razão, mas você precisa descansar, Sarah. E comer direito, minha sobrinha deve tá reclamando ai dentro porque te deixei com fome o dia todo. — Amanda se preocupou.
— Eu tô bem! Belisquei um monte de coisa por trás do balcão. — Sarah sorriu, tentando aliviar a tensão.
— Mas eu tô exausta e faminta! Aceito esse lanchinho aí. — Luísa brincou, deixando-se cair em uma cadeira.
— Vocês podem ir, eu fico aqui com a Amanda. Só vamos embora depois de arrumar tudo. Amanhã vai ser outro dia intenso. — Hugo se ofereceu, sem hesitar.
Ela então se aproximou de Hugo, já mais calma.
— Você ganhou a aposta. Foi incrível o que você fez... Obrigada.
— A aposta era só um detalhe. Você não precisa sair comigo se não quiser. — ele disse com sinceridade nos olhos.
— E qual era a verdadeira intenção, então?
— Ver você feliz... Te ver sorrir foi a melhor parte de tudo isso.
Amanda hesitou. Aquilo a tocava mais do que gostaria de admitir.
— Por que você faz isso?
— Porque gosto de você.
Ele respirou fundo, buscando coragem.
— Quer sair comigo?... Vamos?... Como amigos.
— Vou sim. Obrigada por ser... meu amigo. Eu também gosto de você.
Ela sorriu tímida.
— Me desculpa por ter sido grossa antes...
— Você só estava se protegendo. Fez certo. Não me conhecia, não podia confiar.
Ele se aproximou um pouco mais.
— Mas agora... confie. Quero ajudar. Você é especial, Amanda.
Ela não respondeu. Apenas o olhou, sentindo um calor estranho no peito. Era confusão, sim — mas também era acolhimento, algo que ela não sentia havia muito tempo. Hugo não era apenas um homem qualquer. Ele era alguém que ficava. Alguém que cuidava.
— Vamos terminar de organizar a loja. Rapidinho.
A voz dele voltou ao tom prático.
— Depois vamos pra casa. Você precisa descansar. Amanhã tem mais. E vou adaptar um app que já tenho, de um projeto antigo. Depois me passa as informações que preciso, e incluo o logo da loja.
— Obrigada, de verdade... Não tenho como te agradecer.
— A sua amizade já é o suficiente pra mim.
1- Já vi que deu ruim. Aquele Hugoo não presta e a Amanda tá caidinha.
ResponderExcluir2- Serio que ela apostou com um cara que vende até areia no deserto?
3- Eu disse que ele vende até areia no deserto.
Oi Erick! Pois é, a Amanda não tinha como ganhar essa aposta mesmo!
ExcluirAté areia no deserto? kkkkk Acho que você tem razão, o poder de persuasão dele é imbatível!
Obrigada! 🩷
Pelo visto Amanda ja esta caidinha mais quem não esta kkkkkk, só acho que se ele tivesse tirado a camisa e dado uma rebolada tinha atraido mas clientes kkkkkkkk.
ResponderExcluirOi Néia! Verdade, se ele tivesse dado uma de magic Mike, tinha chovido clientes kkkk
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