O Poder Do Destino. Capítulo 06.

 



Newcrest.

Depois da conversa com Hugo, Amanda tomou café com Pedro e Sarah. Ela e o irmão mal trocaram palavras, a discussão da noite anterior estava enterrada, mas o silêncio ainda tinha peso.

Às dez da manhã, Amanda e Sarah chegaram ao salão de beleza, localizado num bairro comercial de Newcrest.



— Tem certeza que quer fazer as unhas logo aqui, Sarah? Esse salão só recebe madame. Deve ser caríssimo!

— Ganhei um cupom de desconto pra nós duas! Daqueles de “traga uma amiga e pague metade”.

— Essas promoções nunca funcionam… só servem pra enganar a gente.

— Ahh, relaxa, cunhada! Já fiz minhas unhas aqui duas vezes. E nem é tão caro quanto parece. Vamos entrar?

— Sei não, hein…

— Amanda, a gente merece!





O salão “Dia de Princesa” era pequeno, mas bem frequentado. Atendia apenas com hora marcada, mas ainda era cedo e uma cliente com a unha quebrada foi encaixada como exceção.




— Volte sempre que precisar, querida! Espero que tenha gostado do atendimento. E se puder, indique nosso trabalho para suas amigas — disse a gerente, com um sorriso polido.

— Claro. Pode deixar… — respondeu a cliente, com uma expressão indiferente. “Espelunca! Nunca mais volto aqui. Mas é por você que passo por isso, meu amor… Eu vou te encontrar, Hugo. Nem que tenha que vasculhar o inferno!”

Era Vivian.



Vivian estava determinada a encontrar Hugo. Disfarçada em elegância, movia-se como uma sombra, tentando descobrir onde ele estava morando. Investigou por conta própria e, ao rastrear o carro novo que ele havia comprado, descobriu que pertencia àquela cidade. Chegou a visitar a loja onde o veículo foi adquirido, mas saiu de mãos vazias. Hugo havia sido cuidadoso, falsificando documentos e apresentando um comprovante de endereço em nome de Adalberto Gonçalves.



Ao sair, Vivian cruzou com Amanda e Sarah. Os olhares se encontraram. Vivian examinou Amanda de cima a baixo, com um ar de desprezo.




"Que gentinha de baixo nível... Tenho até medo de pegar piolhos. E pensar que ele veio parar nesse fim de mundo."

Vivian era uma mulher refinada, acostumada ao luxo. Mas por trás da maquiagem impecável e dos vestidos caros, escondia um passado marcado por crimes e cicatrizes.

"Essa é bem o tipo dele… reboco de um quilo de maquiagem e salto agulha! Deve ter nojo até da própria sombra. Combina com ele, sim." — Amanda pensou, com a mandíbula cerrada.

Ela sempre levara uma vida simples e honesta, mesmo depois de tantas quedas. Vivian, naquele dia, estava impecável: um vestido de seda azul-marinho com manga longa num dos braços, corselete de renda vermelha, salto agulha preto e batom vermelho sangue.



Sarah apenas a observou de relance. Achou bonita, mas não disse nada. As duas seguiram para o atendimento. O salão, decorado em tons de branco e rosa, era pequeno, organizado e aconchegante.



— Olá, meninas! Sejam bem-vindas! — A gerente as recebeu com um sorriso profissional.

— Obrigada, Jéssica! Trouxe minha cunhada hoje, o nome dela é Amanda. — Sarah já conhecia o salão, não frequentava com frequência por ser caro, mas lembrava o nome de algumas funcionárias.

— Ótimo! Seja bem-vinda, Amanda. Tenho certeza de que vai virar nossa cliente também. Vamos cuidar muito bem de você. — “Nossa… essa tá precisando mesmo. Olha esse cabelo ressecado e essas unhas roídas?” — pensou Jéssica, com seu olhar crítico de profissional experiente.




Amanda foi logo atendida por uma manicure que fez o serviço completo: hidratação, esfoliação dos pés e, por fim, cuidou com capricho das unhas. O salão, embora pequeno, já estava em movimento com outras clientes sendo atendidas.



Sarah foi para o atendimento com a própria Jéssica. Queria mudar um pouco o visual. Como já era conhecida por lá, Jéssica sabia exatamente do que o cabelo dela precisava. Os fios ruivos e cacheados recebiam cuidados especiais — às vezes, Sarah alisava, mas Pedro não gostava muito.




Depois que Amanda terminou as unhas, Jéssica fez questão de levá-la até a cadeira. Queria cuidar pessoalmente dos cabelos dela — segundo suas palavras, tratava-se de uma emergência capilar.

— Olha, eu não quero cortar. Meu cabelo já tá bom assim, não precisa mexer, não…

— Tudo bem, querida. Mas que tal uma boa hidratação e só uma aparadinha nas pontas?

— Vocês cabeleireiras sempre dizem que é só uma aparadinha e quando a gente vê, tá quase careca! Deixa como tá mesmo, obrigada!

— Hahaha! Ai, Amanda, eu juro que aqui no nosso salão a cliente é quem manda! Se eu disser que vou tirar só as pontinhas, é só isso mesmo. Prometo. Pode confiar em mim.




Ainda com um pé atrás, Amanda decidiu confiar e deixou Jéssica cuidar do seu cabelo.



Algumas horas depois...
Unhas feitas, cabelos tratados. Amanda mal se reconhecia no espelho.




— E então, Amanda? O que achou? — perguntou Jéssica, com um brilho de satisfação nos olhos.

— Eu gostei! Você não cortou quase nada, e meu cabelo tá tão liso, tão macio… As unhas também ficaram lindas! — Amanda disse, olhando-se no espelho grande da parede. O cabelo, agora hidratado, estava mais preto e brilhante. As pontas quebradiças haviam sido eliminadas. As unhas das mãos ganharam alongamento em gel na cor creme, e as dos pés foram pintadas no mesmo tom.

— Você tá linda, cunhada! — disse Sarah com entusiasmo. — Leva os produtos que ela indicou! Vai manter o cabelo macio e cheiroso por muito mais tempo!

Sarah, por sua vez, havia feito um relaxamento que deixou seus cachos mais soltos. Suas unhas estavam pintadas de esmalte preto. Usava uma blusa vermelha de lã fina, mangas longas, uma saia preta de elastano acima do joelho e sapatilhas pretas.

— Se não for muito caro, eu levo. Gostei do meu cabelo assim. Acho que vou deixar crescer… — Amanda estava animada. O novo visual havia despertado nela uma vontade de se cuidar mais.

— Muito bem! E quando quiser cuidar dele, vem aqui. Vai ver como ele cresce rapidinho! Vou te dar aquele descontinho especial, quero você aqui sempre, como a Sarah.




Horas depois…

As duas chegaram em casa. Sarah foi correndo até o escritório mostrar o novo visual para o marido. Sabia que ele não ia aprovar, mas já estava acostumada com essas reações.

— Pedrooo… Olha como sua esposa ficou linda!




— Mas o que você fez com o seu cabelo, Sarah?? — Pedro perguntou, sem esconder o descontentamento.

— Hidratei e depois pedi pra escovar. Ficou tão macio! — respondeu ela, orgulhosa.

— Você acabou com o seu cabelo! Eu pedi pra não mudar nada... Por que fez isso?




— Nossa, quanto drama! O cabelo é meu! — retrucou, cruzando os braços.

— Não é assim, não! Esse cabelo é nosso!

— O quê?! Até parece que se casou comigo por causa do meu cabelo!

— É todo um conjunto! Eu amo cada detalhe em você... Mas o seu cabelo era tão lindo! Já bastava ter cortado, e agora quer alisar também?

Há dois meses, o cabelo de Sarah era comprido. Ela disse que cortou por causa do calor da gravidez — mas Pedro sabia que era só uma desculpa.

— Uma mulher gosta de mudar o visual, Pedro! Você podia mudar o seu também, já tô até enjoando...

— Mas...




— Para de drama! Eu só escovei! É só lavar que volta ao normal... Eu, hein!

— É sério que você enjoou do meu cabelo?... — perguntou ele, visivelmente preocupado.




Duas horas depois...

Amanda, já de banho tomado e roupas trocadas, assava uma carne na churrasqueira.




Na garagem.

Hugo acabava de chegar, exausto. Tinha passado o dia trabalhando presencialmente em duas empresas, dividindo os horários para dar suporte aos dois clientes.





"Que cheiro bom... Carne assada." — pensou, enquanto caminhava em direção ao seu quarto.






A área do churrasco ficava ao lado da garagem coberta, bem próxima ao quarto dele. Ao passar, ele parou ao ver Amanda, que terminava de assar a carne.

Ela estava diferente.

Seu cabelo, agora liso, brilhoso e bem hidratado, contrastava com o brilho discreto do gloss nos lábios — coisa rara, já que Amanda não costumava se maquiar. Usava um vestido azul com flores vermelhas, de tecido justo com ombros caídos. A peça marcava suas curvas com delicadeza e terminava um pouco acima do meio das coxas, com babadinhos nas barras. Ela estava... mais feminina. Mais delicada.

"Ela está bonita..."

Hugo ficou admirado. Pela primeira vez, não a viu como alguém negligente com a própria aparência. Ela parecia outra mulher — mais viva, mais confiante.
E ele sabia que tinha ajudado com isso, ainda que em segredo: transferira uma boa quantia para a conta de Sarah, pedindo que levasse Amanda ao salão. Mas com uma única condição — que ela não contasse nada. Se Amanda soubesse, recusaria tudo.




— O que tá fazendo parado aí? — Amanda perguntou, percebendo o olhar dele.

— Senti o cheiro da carne assada... e vim dar uma olhada.

— Sei…

— Você ficou muito bonita. Quase não te reconheci.

— Nossa... obrigada pela sinceridade. Eu tava tão mal assim, era?

— Não foi isso que eu quis dizer. Você já era bonita. Mas agora está... ainda mais. — Hugo falou, sincero, sem tirar os olhos dela.




— Tá bom… obrigada mesmo assim.

— Amanda, me desculpa... Eu...

— Não precisa pedir desculpa. Eu sei que tava bem relaxada mesmo. Mas vou tentar me cuidar de vez em quando. Já tá na hora de olhar pra frente... de gostar de mim um pouquinho.

— Você merece ser bem cuidada. Merece muitas coisas boas. Porque você é uma boa pessoa.




— Mmmm… eu… — Amanda ficou com as faces ruborizadas, quentes. Não sabia o que dizer, pois não queria aceitar o que estava sentindo naquele momento.

— Vou tomar um banho. Posso jantar com vocês hoje?

— Eu já disse que pode. Ainda não terminei o jantar, falta pouco, mas dá tempo de você tomar banho sem pressa.

— Tudo bem, então já vou.




Os dois se entreolharam em silêncio por alguns segundos.

“Não posso querer mais do que amizade. Não posso gostar dela — nem fazer com que ela goste de mim… Amanda não merece ser enganada. É uma mulher incrível: parece forte e, ao mesmo tempo, tão frágil… Se fosse para eu ter você, não seria apenas por diversão.” — Hugo, que no começo queria conquistar a amizade de Amanda por puro capricho, agora já não tinha coragem de magoá-la.

“Por que meu coração tá batendo desse jeito?… Ele é só um playboy da cidade grande, logo vai embora daqui, e eu não posso gostar dele… Mas por que fico assim quando ele chega perto? Na verdade, nem precisa chegar muito perto… Para com isso, Amanda! Já quebrou a cara uma vez, agora quer quebrar de novo? A única coisa que ele ia querer comigo era isso — só se aproveitar mesmo!” — Amanda começava a perceber que seus sentimentos por Hugo iam além da antipatia inicial. Ela estava começando a gostar dele.




Ainda se olhavam, até que ele resolveu tomar seu banho. Pediu licença e saiu.




Amanda ficou pensativa, tentando reprimir os próprios pensamentos.

“Ele pode ter todos os defeitos — que eu nem sei se tem mesmo! Mas sabe disfarçar bem. É sempre tão educado… Eu sei que é falsidade… Seria mais fácil se ele fosse feio! Não consigo parar de olhar nem por um segundo? Tô mesmo precisando sair e beijar na boca, como diz a Luísa! Isso é pura carência… rsrsrs. Falando nisso, acho que ela vai dar em cima dele assim que chegar aqui… Espero que ele fique com ela. Se ficar, caio na real. Os dois querem a mesma coisa, é bom pra eles!”




Algum tempo depois, todos estavam jantando na área da churrasqueira. Sarah havia feito arroz com legumes e milho cozido. Amanda assou carnes vermelhas.

Hugo vestia uma camiseta preta de algodão e uma bermuda jeans, nos pés usava sandálias estilo gladiador. Sarah estava com um vestido branco, confortável. Pedro usava camisa branca e calça preta, ambos de algodão.



Conversaram sobre como foi o dia de cada um. A tensão entre Pedro e Amanda parecia ter se dissipado. Todos estavam tranquilos, felizes. Elogiaram a comida, e Hugo mantinha um ar pensativo — mas de maneira leve, positiva.




Sentia-se bem naquele ambiente simples e familiar. Gostava da amizade sincera que Pedro lhe oferecia, da simpatia de Sarah e, principalmente, da companhia de Amanda.

Hugo passara parte da infância em um orfanato. Quando completou doze anos, fugiu. Sempre tirou ótimas notas, era muito à frente dos colegas e, por isso, não era bem aceito entre os garotos mais velhos. Apanhava de vez em quando, até decidir aprender a se defender. Com um livro que conseguiu, aprendeu o básico de karatê — e um dia quebrou o braço de um menino que sempre batia nele. Naquela noite, decidiu fugir de vez e passou a viver nas ruas.




Depois do jantar, veio a sobremesa: bolinhos de chocolate, os preferidos de Sarah e Amanda.

— Compramos esses bolinhos na padaria nova que abriu semana passada. Passamos lá pra tomar um café e acabamos voltando pra almoçar, porque eles também servem comida — contou Sarah.

— A Sarah gosta tanto que comeu uns cinco lá mesmo! — Amanda brincou com o apetite da cunhada.

— Você não entende que é a sua sobrinha que sempre pede mais? — Sarah tentou se justificar.

— Sei… — Amanda riu ao ver Sarah colocar a culpa na gravidez.

— Ela pode comer, desde que não exagere. Vai fazer mal se comer demais — explicou Pedro, enquanto Hugo permanecia calado.




— Pode deixar que lavo a louça hoje, já que vocês duas passaram o dia todo andando por aí. Devem estar cansadas — Pedro se ofereceu, querendo se desculpar com a irmã e com a esposa.

— Ajudo você, Pedro. É mais do que justo — disse Hugo, também se prontificando.

— Acho ótimo os dois se oferecerem, mas hoje eu cuido da limpeza e da louça. Vou deixar a oferta de vocês pra amanhã — respondeu Amanda, recusando com firmeza, mas sem dureza.

— Já que você insiste, minha irmã. Não posso contrariar você.




Hugo ainda tentou insistir, mas Pedro o chamou para olhar uns arquivos que haviam chegado em seu e-mail. Os dois subiram a escada até o escritório.




— Estão criptografados e têm a inicial do seu nome no anexo. Não faço ideia de por que vieram parar na minha caixa de entrada — disse Pedro, virando o monitor em direção a Hugo.

— Já sei quem mandou. Foi o Yan.

— Já sei quem mandou. Foi o Yan — respondeu Hugo, com naturalidade. Yan já fora funcionário de Hugo, assim como Pedro, mas atuava em áreas diferentes. Sabia exatamente quem Hugo era.

— Mas por que ele mandou no meu e-mail e não no seu?

— Deve ter se confundido. Talvez tenha achado que era o e-mail da empresa. Me desculpe por isso. Vou garantir que não se repita.




— Tudo certo. — Pedro deu de ombros e cruzou os braços. — Mudando de assunto… Sobre você e a Amanda… Notei que vocês dois estão se dando bem agora. Viraram amigos?

— Conversamos, e estamos tentando manter uma convivência harmoniosa. Isso o incomoda?

— De jeito nenhum! Acho ótimo que vocês se deem bem. Que sejam amigos. Eu gostaria que você ficasse aqui por mais tempo. Quem sabe a gente transforma aquela garagem em algo mais confortável e…

— Pedro, você sabe que eu não planejo ficar por muito tempo — disse Hugo, enquanto encaminhava os arquivos para o próprio e-mail.

— Tá, tudo bem. Mas também não precisa ter pressa pra ir embora. Dá pra adaptar aquele cantinho, deixar confortável pra Sofia… Posso mudar minha mesa de lugar. Ainda tem espaço no quarto.

— Agradeço o gesto, mas… não posso prometer nada. Pretendo ajudar no que for necessário para o nascimento da sua filha e seu bem-estar. Isso, eu prometo.

— Você já fez muito por mim, Hugo. Não precisa fazer mais nada. Só quis dizer que… seria bom pra Amanda ter alguém com quem conversar. Ela precisa de um amigo, e a Sarah gosta muito de você. Todos nós já o consideramos parte da família.

— Isso é um exagero. A sua irmã não pensa assim. Ela apenas concordou em manter uma convivência pacífica.

— Conheço bem a minha irmã. Ela não se sentaria à mesa com alguém em quem não confiasse. Amanda está superando alguns traumas. É bom ter a casa cheia de novo!

Hugo permaneceu em silêncio por um instante, olhando para o nada.

"Se ele soubesse quem eu realmente sou… não ofereceria a própria família a um demônio." — pensou, calado.



Na área da churrasqueira, já com tudo limpo, Amanda e Sarah conversavam.



— Amandaaa…

— O que foi, Sarah? Por que tá me olhando com essa cara de tonta?

— Vi como você e o Hugo ficaram se olhando... Ele ficou todo bobo e feliz do seu lado. E você também!

— Tá doida? Acho que você comeu doces demais!

— Confessa que você gosta dele. Ele é tão bonito e muito legal… e você nem implica mais com ele.

— Só porque tô sendo educada e suportando ele não quer dizer que eu gosto. Eu, hein! Lá vem você com essa mania de querer me arrumar namorado!

— Mas o Pedro gosta dele…

— Então que o Pedro namore com ele!





— Ai, Amanda! A gente não pode nem conversar com você?

— Desse tipo de conversa eu não gosto!

— Mas tá na cara que ele gosta de você!

— Para, Sarah! Se ele gosta de mim, problema dele. Eu não gosto dele! O Hugo não combina comigo. Ele gosta de mulher tipo aquela perua que passou por nós no salão, lembra?

— Nada a ver, Amanda!

— Tudo a ver! E vamos encerrar essa conversinha besta. Vou terminar o arranjo da Laura. Ela vai vir buscar amanhã cedo.

— Tá bom… Mas só porque ele se veste bem, é educado e muito inteligente, não quer dizer que combina só com perua! O Hugo, quando precisa, pega no pesado, viu?

— Como você sabe, Sarah?

— Ele que reformou o escritório com o Pedro. E terminou o porão também. Tudo isso em dois dias, quando você tava fora!

— Aham… tá bom. Boa noite.




Sarah foi fazer tricô na cadeira de balanço, perto do escritório de Pedro. Amanda seguiu para a garagem coberta, onde trabalhava no arranjo floral.




“Era só o que faltava… o fã clube do Hugo! Como se já não estivesse difícil eu não querer ele…”

Amanda ajeitou as flores, mas sua mente não parava.

“Ai, meu Deus! Olha só o que você acabou de dizer, Amanda?! Ainda bem que não pensei alto… Imagina se ele sabe disso! Vai ficar se achando o gostosão… Se bem que nem precisa se achar. Ele já é mesmo. Pronto. Admito!”

Ela suspirou, em meio ao aroma das flores.




“Talvez eu devesse conhecer ele um pouco mais… E meu irmão gosta dele, né?”




Justo nesse instante, Hugo entrou, a caminho do quarto. Surpreso, parou ao vê-la ali.



— Amanda? — Hugo se surpreende. Não esperava encontrá-la ali.

— Oi! — Ela responde assustada. — Eu já vou sair, tô só terminando esse arranjo que prometi entregar amanhã.

— Está tudo bem. Pode ficar o tempo que quiser. Não precisa se incomodar com a minha presença — já vou descer.




— Mas, Hugo, eu não me incomodo com você…

— Não?

— Você disse que queria a minha amizade, não foi?

— Sim, eu disse.

— Disse que era amizade mesmo. Ainda quer?

— É claro que quero. — "Mas temo que queira mais do que isso…", — pensou, sem dizer.

— Então podemos ser amigos de verdade. Vi que suas coisas não tão mais aqui. O que aconteceu?




— Você me disse que eu invadi o seu espaço de trabalho. E, de fato, invadi. Não perguntei nada a você. Então, desmontei tudo e guardei nas caixas novamente.

— Olha, eu sei que fui um pouco chata com você… é que depois de quebrar a cara aprendi algumas coisas, e não costumo confiar em pessoas que eu não conheço. Mas você é amigo do meu irmão e parece ser uma boa pessoa… Pode colocar suas coisas aqui. Eu não preciso de tanto espaço.

— Obrigado, Amanda. Por confiar em mim e por me oferecer a sua amizade. Prometo que não vou decepcioná-la. Podemos ser bons amigos. Pode contar comigo — para qualquer coisa.



— Pra qualquer coisa?… Tá bom, então eu vou precisar de você depois de amanhã!

— É mesmo? Para quê?

— Carregar fertilizantes e plantas pesadas na reabertura da floricultura!

— Verdade… Eu havia me esquecido disso. Pode contar comigo.

— Tá. Agora vou pro meu quarto.

— E o arranjo que você estava fazendo?

— Vou terminar amanhã cedo.



Amanda caminhava em direção à porta, mas Hugo não se moveu.



Ela parou ao se aproximar — ele estava ali, parado ao lado da saída, com o corpo imponente, como se a própria presença bastasse para impedir sua passagem.

— Hugo, eu preciso passar — disse Amanda, já sentindo o perfume dele no ar. O coração acelerou.

— Eu sei… Mas ainda não terminamos nossa conversa — respondeu ele, fitando os olhos dela… depois os lábios.

— Não? O que você quer conversar? — Amanda manteve a postura séria, embora por dentro as borboletas estivessem ensandecidas.

— Quero te convidar para tomar café da manhã comigo. Amanhã, às sete.




— Só nós dois?…

— Sim. Só nós dois — disse ele, aproximando-se discretamente.

— Eu… não sei… — “Nossa, que cheiro bom… essa boca… esses olhos… Eu não posso aceitar ir sozinha com ele! Se ele der em cima de mim, não vou conseguir dizer não…”

— Tem um café excelente, não muito longe daqui. Eu gostaria de levar você. Vai comigo, Amanda? — A voz dele era baixa, suave, quase hipnótica. Os olhos não fugiam dos dela.

— Tá bom… Eu vou… — murmurou ela, olhando para os lábios dele.




— Posso esperar por você aqui? Me passa o seu número, assim podemos nos comunicar.

— Eu vou tomar café com você, mas não quero que o Pedro e a Sarah fiquem pensando besteira. Somos só amigos!

— Sim… — concordou Hugo, sem desviar o olhar.

— Eu desço às sete em ponto. A gente vai. Tá bom assim?

— Ótimo.




— Então… boa noite. Eu preciso ir — disse Amanda, contornando-o e saindo pela porta com o coração aos pulos.

— E o número de telefone? — Hugo perguntou, cruzando os braços.

— A gente vê isso depois. Já disse que vou estar aqui às sete em ponto!





Continua...




Comentários

  1. Aos comentarios:
    1- "É desse tipo de perua que combina com ele, reboco de um quilo de maquiagem na cara! Parece que tem nojo de tudo. Combina muito com ele!" KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    2- Foge Amanda esse cara não presta!

    3- "— Só porque tô sendo educada e suportando ele, não quer dizer que gosto. Eu hein?! Lá vem você com essa mania de querer arrumar namorado pra mim!

    — Mas é que dele o Pedro, gosta.

    — Então que o Pedro, namore com ele!" KKKKKKKKKKKKKK Boaaa!!! kkkkk

    4- Outra vez a Amanda chamando Vivian de Perua! Mal sabe ela que tá certa!

    5- Algo me diz que a Amanda já foi fisgada pelo hugo.

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    1. A Amanda com os comentários dela, né? kkkkk
      Então... Acho que ela tem uma quedinha por ele. Será? kkkkkkkk

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  2. Ainda acho que o Hugo não é pra Amanda, mas entendo o fogo no rabo dela kkkkkkk

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