Um Amor em Windenburg 26.

 

Manhã de terça-feira.

Jean dormiu com Helena, apesar do medo que ela tinha que alguém descobrisse que ficaram juntos naquela noite.

— Bom dia!

— Bom dia, meu amor! É tão bom acordar com você... — Respondeu Jean para Helena.

— É bom acordar ao seu lado, Jean...

— Me recordo das vezes que dormimos juntos em Windenburg... O cheiro do seu cabelo, da sua pele... não se passou uma noite sequer nesses últimos anos, que eu não me lembrasse dos nossos momentos juntos.

— Eu também pensava muito em você... todos os dias e todas as noites.

Jean se ajoelha na cama e pergunta para Helena. — Helena, o que você sente por mim, verdadeiramente?

— Verdadeiramente?

— Sim. Eu preciso saber o que você espera da gente, se você quer mesmo ficar comigo.

— Eu amo você, Jean... — Helena faz uma pausa ao falar.

— Mas?...

— Acho que nos afastamos por muito tempo, mentimos um para o outro no passado, nos apaixonamos por pessoas que não eram nós mesmos, Helena e Jean...

Jean fica em silêncio, temendo pelo que ela diria. Helena olha nos olhos dele e continua. — Em Windenburg, éramos Ellen e Marcos, eu não sou aquela mesma garota, talvez você não goste da Helena... Eu mudei, Jean.

— Você não mudou nada. Agora sete anos mais madura, é uma mulher maravilhosa, está linda como antes, e eu continuo te amando loucamente. Eu quero me casar com você, Helena Leão.

— Eu não sou uma Leão, esqueceu que meu pai me renegou?

— Não esqueci, e ele vai se arrepender de ter feito isso com você.

— Eu já pedi pra você não se envolver nessa briga, eu vou resolver essa situação hoje mesmo. Vou dar o primeiro passo em direção a minha independência da família Leão.

— Não vai me dizer o que vai fazer?

— Agora não.

— Tudo bem. Me inclua nos seus planos também, por favor?

— Jean, você tem que sair. Já amanheceu e...

— Eu sei. Daqui a pouco todos estarão acordados e você não quer que vejam a gente juntos.

— Me desculpa...

— Eu já vou sair, mas quero que saiba o quanto eu esperei por esse dia, o quanto eu queria que ele chegasse. O dia em que eu pudesse dormir ao seu lado, o dia em que eu pudesse ter você novamente em meus braços... Eu te amo Helena, por favor não jogue isso fora.

— Eu não vou jogar, porque eu também te amo muito... Você nem sabe o quanto.

Jean vai para o banheiro vestir suas roupas e lavar o rosto antes de sair do quarto de Helena.

— Jean por favor, não demore. Falta poucos minutos até as crianças acordarem.

— Não precisa me expulsar de novo. Eu já estou indo, não vou demorar.

Minutos depois.

— Me desculpa, eu não queria que você saísse assim, mas...

— Eu sei mon amour. Quando você vai contar para todos sobre nós?

— Eu vou contar, só me dá mais um tempo por favor?

— Você não entende como é doloroso para mim ficar longe dessa boca, eu quero te beijar na frente de todo mundo, eu quero dizer para todos que você é minha.

— Jean...

Jean já estava perdendo a paciência, ele sofria com a insegurança de Helena, mas esperava para que ela decidisse quando iriam contar para todos sobre o que aconteceu entre eles em Windenburg.

— Eu tenho que voltar para New Crest, mas logo estarei de volta para ver você.

— Você vai viajar agora?

— É só um pulo até lá, volto assim que puder.

— Tá bom. Vai com cuidado por favor, você corre muito com esse carro.

— Não se preocupe, e, seja lá o que for que você for fazer hoje para a sua independência, eu quero estar nos seus planos também.

— Você vai estar, só não sei se...

— Se...?

— Nada não. Tá na hora de você ir, os meninos já estão acordando. Vai por favor?

— Vou. Nos falaremos mais tarde!

Os dois se despedem, Jean iria voltar para o Hotel em New Crest e Helena iria tirar o dia de folga para procurar uma casa para alugar.

"Preciso ter um lugar só pra mim e o meu filho, não sei o que vai acontecer quando ele souber que o Joel é filho dele, se ele tentar tirá-lo de mim? Eu tenho que consultar um advogado antes de revelar a paternidade. Poder dizer que eu moro de favores na casa do meu primo ele não vai, porque já vou estar na minha casa."

Quando Helena termina de se vestir para sair, a família já está reunida tomando seu café da manhã.

— Bom dia família!

— Bom dia prima! — Heitor responde.

— Mamãe!! — Joel corre para abraçar a mãe.

— Que saudade de você mamãe!

— Meu filho lindo... Me desculpa por não ter colocado você na cama ontem.

— Tudo bem mamãe, eu sei que tava com dor de cabeça. Já passou né?

— Já sim meu amor, estou bem agora.

— Vamos comer agora?

— Vamos sim meu filho. Vocês estão indo para a escola?

— Sim. Ahh, o tio Jean já foi embora, mas ele pediu pra mim me despedir de você por ele.

— Foi é?... Tá bom. Vamos comer!

Helena pegou uma xícara de café.

— Bom dia Maria!

— Bom dia dona Helena, dormiu bem?

— Dormi sim...

 

A família tomou o café da manhã juntos. Helena já tinha conversado com Heitor, ela pediu para folgar naquele dia, disse que precisava resolver umas coisas particulares, e Heitor concordou, Helena era muito competente no seu trabalho na empresa de Heitor, o trabalho estava sempre adiantado.

— O Jean acabou de sair, ele estava diferente hoje, eu posso jurar que vi um sorriso naquele rosto mal-humorado dele.

— Eu também notei, mesmo ele tentando esconder. — Jena concorda com o marido.

— E você Helena, o que me diz do Jean? Você veio com ele de New Crest até aqui.

— Eu quase não conversei com ele. Olha que horas já são? Eu preciso ir agora mesmo.

Helena disfarça e foge da conversa, logo todos se levantam e saem para cumprir com seus compromissos.

Como de costume, Jena iria levar as crianças para a escola e depois iria para a sua rotina diária, que se revezava entre compras, salão de beleza e academia de ginástica, entre outras coisas, e Helena iria à procura de uma casa para alugar.

"Vou ter que me acostumar a levar meu filho para a escola, Jena não vai poder levá-lo quando eu me mudar." — Helena pensa.

O carro de Helena ainda estava em New Crest, então ela usou um carro da empresa enquanto o dela não chegava.

Helena andou por horas, procurou em diversas imobiliárias uma casa com preço acessível, mas no bairro onde eles moravam não tinha casas pequenas e baratas, ela resolveu se afastar do bairro, procurou na parte mais baixa e finalmente encontrou uma.

— Eu não acredito que finalmente encontrei uma, tem que ser essa! Vou ligar agora mesmo pra esse número.

— Olá! Estou em frente a uma casa no bairro Foundry Cove, ela está com uma placa de aluga-se. Eu quero alugar!

Em exatamente 10 minutos, Helena já estava falando com uma corretora da imobiliária.

— A casa é uma graça, espaçosa e a vizinhança é bem tranquila. Você vai adorar morar aqui com a sua família.

— Bom, considerando que é apenas eu e meu filho, ela se torna espaçosa mesmo.

— Ahh, você é mãe solteira?

— Sim, eu sou mãe solo. Tem algum problema, alguma restrição?

— Imagina! Nenhum problema. Sendo assim eu vou te dar um desconto especial, por ser mão solo se torna uma heroína. Admiro muito vocês que criam os filhos sozinhas.

— Sério?... Obrigada!

A corretora levou Helena para conhecer a casa.

Elas acertaram o valor do aluguel e Helena ficou satisfeita, assinou todos os papéis do contrato, transferiu o dinheiro para a imobiliária e tudo estava feito.

A casa só tinha um banheiro e não era nem de longe parecido com o do quarto dela na casa de Heitor, o resto da casa precisava de uma reforma, mas para Helena estava perfeito.

"É a primeira vez de fato que eu vou me sustentar sozinha, nós vamos nos adaptar nessa casa. Nossa precisava mesmo dessas janelas nesse banheiro? Eu vou ter que colocar umas cortinas bem grossas aqui, a casa não tem muros!"

Enquanto Helena explorava sua nova e humilde moradia.

"O que ela veio fazer nesse lugar? Esse bairro não tem nenhuma segurança, e essa casa?... Eu não posso acreditar que ela quer mesmo vim morar aqui!"

"Que barulho de carro caro foi esse? Parece com a Ferrari do Jean?... Mas ele está em New Crest, e mesmo assim, como me encontraria aqui?"

Jean entra na casa sem dificuldade alguma, pois Helena tinha deixado a porta destrancada.

— Jean? Mas...

— O que você está fazendo nesse lugar, Helena?

— Eu... Espera, como você me encontrou? Você não estava em New Crest?

— Rastreei o gps do seu celular, peguei o seu número de telefone com o Joel. Cheguei de New Crest há duas horas! Você está fora de casa há cinco. Agora, me diz que você não quer alugar essa casa!

— Sim, eu quero e já aluguei!

— Você não vai viver nesse lugar com o meu filho!!

— O quê??

Continua...