Um Amor em Windenburg 24.
— Chegamos.
— Obrigada por me
trazer.
— Não precisa me
agradecer. Vá na frente! Não podemos subir juntos, ou vai parecer que não nos
desprezamos.
— Mas não precisa
parecer que nos desprezamos...
— Você quer que eu
seja o seu segredinho sujo.
— Jean...
— Está bem, ma
belle. Eu concordei com as suas condições. Entrarei logo depois de você! — Ele
suspira, mas aceita as condições para ficar com Helena. — Deixa que eu levo a
sua mala.
— Eu consigo levar,
ela tem rodinhas.
— Eu sei. Eu só não quero que você faça
isso.
— Mamãe! Tio Jean!
Joel corre em direção aos dois, passa por Helena e pula nos braços de
Jean, que o pega automaticamente, e gira com ele nas costas, os dois brincam
felizes juntos.
Helena fica assustada e com ciúme em ver que os dois se dão tão bem.
"Joel passou por mim e quase não me notou, nem um abraço ele me
deu... Já foi direto pros braços do Jean."
— Ei garoto! Você está ficando pesado.
— Estou me
alimentando bem, como você pediu tio Jean!
— É isso aí! Vai
ficar forte igual ao tio Jean.
— Eu quero ser
igual a você!
— Você vai ser bem
mais bonito do que eu, as garotas vão cair aos seus pés.
Pai e filho se
divertem e dão risadas juntos.
— Eu acho que ele ainda é muito criança
para se preocupar com isso!
— Eu sei, só
estamos brincando. Mas nós vamos conversar sobre esse assunto depois, não é
Joel? —Jean se diverte provocando Helena.
— Joel sai de cima
do Jean, você é bem grandinho pra ficar em cimas das pessoas!
— Ah, deixa ele
aqui, ele não está tão pesado assim.
— Tio Jean, você
vai ficar com a gente hoje?
— Talvez.
— Sério? Você vai
dormir no meu quarto de novo como da última vez?
— Garoto, isso era
para ser um segredo!
— Hum... Como assim da última vez? — Helena
fica surpresa com a revelação que Joel fez.
— Não foi nada demais Helena... — Jean
tenta explicar.
— Tive um pesadelo,
com insetos... — Joel fala com a mãe.
— Mas você gosta de insetos. — Helena tenta
entender.
— Insetos, cubos
mágicos, conjuntos de artes e doces. São suas coisas favoritas, certo?
— Sim... Isso
mesmo. — Helena percebe o quanto Jean está presente na vida de seu filho e ela
não percebeu antes.
— Mas esses insetos
eram gigantes, e eu tive medo! Você não estava em Paris mamãe, então o tio Jean
cuidou de mim.
— Eu ouvi alguém bater na minha porta,
baixinho. Quando abri, encontrei um Joel sonolento e muito precioso.
— Tio Jean me levou
de volta pro meu quarto e fizemos um desenho! Então leu histórias pra mim, e
ele começou a roncar, dormiu primeiro do que eu.
— Em minha defesa,
eu estava cansado e na sexta história da noite.
"Isso é tão
fofo. Não sei se sinto ciúme ou felicidade de ver os dois assim... eles são tão
parecidos e se dão muito bem, por mais que eu tenha medo de que Jean o tome de
mim, eu não consigo ficar infeliz vendo pai e filho se amarem assim."
— Vamos tio Jean, vamos brincar com os meus
primos, você prometeu pra gente. Lembra?
— É claro que
lembro, mas temos que pedir permissão para a sua mãe.
— Mamãe, podemos
ir? — Joel pede para Helena sem nem sair das costas do pai.
— Tudo bem. Pode ir...
— Vou pedir para a Maria ajudar você com a
mala.
— Não precisa, eu
já disse que posso levar!
"Se Jean quisesse mesmo tomar meu filho de mim, nem precisaria de
advogados, Joel já é apaixonado pelo pai sem nem mesmo saber que é filho
dele... Quero confiar em Jean, ter certeza de que suas intenções são boas, mas
a Jena disse que ele não é um homem bom para as mulheres, disse que tinha pena
de quem se envolvesse com ele... E se ele me tratar da mesma forma? Se voltar a
ser o grosso de antes? Se ele desconfiar mesmo que Joel pode ser seu filho, vai
mover céu e terra para tirá-lo de mim. Quando ele pensou que Jena poderia ser a
irmã desaparecida dele, literalmente a perseguiu até os confins da terra para
trazê-la para casa. Não posso permitir que ele tire Joel de mim, mas meu
coração me impede de agir nesse momento. São pai e filho brincando
juntos!"
— Mamãe você vem com a gente?
— Depois que eu
descansar um pouco.
— Não fique aí fora
muito tempo, Helena.
Logo que Jean entrou com Joel, Maria a governanta da casa aparece para
ajudar Helena com a mala.
— Dona Helena, bem-vinda de volta!
— Obrigada, Maria.
— Seu Jean, pediu
pra vim ajudar você.
— Mas eu disse que
não precisava, é só uma mala! Vamos entrar, então?
Já dentro do seu quarto.
"Se eu tivesse tido coragem de enfrentar o meu pai há sete anos
atrás, minha vida teria sido diferente... o meu filho teria sido criado com o pai
dele, eles são tão felizes juntos."
"Mas as coisas não aconteceram dessa forma, e eu tive que me
conformar. Talvez André esteja mesmo certo, meu filho merece saber quem é o pai
dele... só preciso criar coragem, e me sentir segura de que não vou perdê-lo
para Jean."
Helena queria contar, mas tinha muitas dúvidas em relação as verdadeiras
intenções de Jean, agora ela iria trabalhar de home office, checar e-mails e
falar com alguns fornecedores da empresa de Heitor."
Meia hora depois.
Luciano Leão, tinha ido fazer uma visita nada agradável para os Adams.
— Com todo respeito, tio Luciano, meus pais
não tiveram nada a ver com isso.
— Você sempre se
intrometeu em nossos assuntos, Heitor. Você não é o salvador dela.
O pai de Heitor
limpa a garganta. — Luciano, por favor. Meu filho sabe o que faz. E ele pode
fazer o quiser.
Luciano está muito
irritado com Heitor. — Eu sabia que você tinha dado um emprego e estava
protegendo ela... mas não tinha ideia de que era algo descarado! Isso é...
patético! Você me desafiou, ela não é mais da família! Não tem nada a ver com
nenhum de vocês!
Heitor por sua vez,
fica ainda mais irritado com Luciano. — Foi você que renegou a sua filha, não nós!
Eu a considero como minha irmã. Sim eu a acolhi quando ela precisou, já que
você a jogou fora quando estava grávida! Você a abandonou quando ela mais
precisava de você. Ela não é mais da sua família, mas faz parte da minha!
Minutos depois deles começarem a
conversar, Maria foi avisar Helena o que estava acontecendo.
— Dona Helena, me
desculpe avisar dessa forma, mas o seu pai está na sala conversando com o seu
Heitor e o seu Lorenzo.
— O quê? O meu pai
está aqui? Mas eu não o vejo há anos, e o meu tio Lorenzo também está aqui? O
que está acontecendo?
— Eu não sei, mas
estão falando alto, é bom não deixar as crianças descerem pra sala, se bem que
os meninos estão brincando com o tio deles. Mas a dona Jena teve que sair, por
isso eu vim avisar.
— Obrigada Maria.
Fique de olho nas crianças e no tio também. Eu vou ver o que está acontecendo.
"Será que ele se arrependeu? Será que finalmente veio conhecer o
neto?... Mas a Maria disse que estão falando alto, então boa coisa não pode
ser. Não custa nada ser um pouco otimista, eu vou lá saber o porquê de ele ter
vindo depois de tantos anos sem querer saber de mim."
Na sala:
— Foi o que ela mereceu depois da vergonha
que causou à família!
Heitor encara
Luciano, com os olhos azuis queimando de raiva.
— O que você quer,
Luciano? Esta é a casa do Heitor, ele tem todo o direito de decidir quem mora
aqui.
— A presença dela
aqui é um tapa na cara para mim. Eu a quero na rua!
— Isso está fora de
questão!! — Heitor tenta manter a calma e o respeito pelo tio, mas está prestes
a perder o controle.
— Bem, eu sugiro que você encontre uma
solução. Ela não tem o direito de fazer parte da nossa família com aquele filho
bastardo dela. Helena nem é minha filha biológica!
— Nós já sabemos
dessa história, e o nome do filho dela é Joel Leão.
— Ah, então esse
bastardo foi registrado com o meu nome também? Que nojo!
Helena chegou a tempo de ouvir a conversa atrás da coluna.
Então ela entra de
uma vez na sala.
— O que você está
dizendo sobre o meu filho?
— Que ele não é meu
neto, portanto, não deve ter o meu sobrenome!
— E pensei que você
pudesse ter se arrependido, que você tivesse vindo aqui com boas intenções, que
você fosse um pouco do pai que eu tive...
Mas me enganei profundamente. Eu nunca conheci você de verdade, agora
sei que tipo de pessoa é você! É um homem amargurado, sem alma e sem nenhum
amor pela família.
— Sim, eu tenho
amor pela minha família, que você não faz parte dela. Está jogando o nosso nome
na lama, está acabando com a nossa reputação! Fernando Marques, o seu ex noivo,
me contou tudo o que aconteceu com vocês na reunião.
— Ele deve ter
contado no modo distorcido dele...
— Eu não quero
ouvir mais nada de você. Arruinou a minha empresa, a minha vida... sua gravidez
foi a pior coisa que já nos aconteceu!
— Mas foi a melhor
que já me aconteceu. Meu filho é o amor da minha vida, a pessoa mais importante
para mim, e, é uma criança linda. Tenho orgulho de ser sua mãe.
— Se você está
bravo com sua filha, nós até entendemos. Apenas deixe a criança fora disso.
Joel é muito amado por nós, e estamos cuidando deles.
— Muito bem,
Heitor. Essa família tem regras, você as quebrou no segundo em que a deixou
colocar os pés nesta casa. — Luciano se vira para Helena estreitando os olhos —
Existem consequências para suas ações, Helena.
— Eu sei, descobri
há 7 anos! Não é o suficiente para você?... Perdi tudo o que eu acreditava ter,
se Heitor e Jena não tivessem me acolhido, eu não sei o que teria acontecido...
Estou tentando ser uma boa mãe, uma boa pessoa, tento me manter afastada das
pessoas que conhecemos. O que mais você quer de mim?
— Perdi milhões por
causa de suas decisões. Criei você mesmo não sendo minha filha, e você acaba
com a minha empresa. Você acha que sofreu mais do que eu?
— Eu não tive culpa
de não ser sua filha... Você não pode colocar um preço e me vender assim!
— Durante todos esses anos bancando você,
criando-a como uma boneca de luxo. Eu tenho todo o direito sim. Você me devia
isso!
— Não pode falar com ela desse jeito!
Helena não é uma mercadoria! — Heitor se revolta com o tio, ele se entristece
por sua prima.
— Já chega Luciano!
Está na hora de você se retirar da casa do meu filho. — Lorenzo, o pai de
Heitor pede para Luciano sair.
— Está me mandando ir embora?! Pois muito
bem. Esse é o meu último aviso, Heitor. Isso não vai ficar assim. Você terá uma
guerra familiar em suas mãos. E quanto a você, Helena. Vai ter mais
consequência ruins, a família está dividida por causa do seu filho bastardo. Se
tivesse fechado as pernas quando lhe dei a liberdade de passar uns dias em
Windenburg, isso não teria acontecido, esse menino não teria arruinado tudo!
— Como você pode me culpar por tudo?
— Helena, não dê
ouvidos para o que ele diz. — Heitor pede para ela.
Luciano vira as costas para os três e se retira.
Helena vai atrás dele.
— Isso ainda não acabou. Não vou esquecer o
que você fez comigo. Vai engolir palavra por palavra! Vai se arrepender de
realmente não ter sido o meu pai!
Luciano
simplesmente a ignora, e continua andando em direção a porta de saída.
Ele vai embora.
— Você está bem,
querida? — Lorenzo pergunta.
— Você estava
ouvindo toda a conversa? — Heitor se preocupa com ela.
— Uma boa parte.
Mas estou bem... — Helena segura as lágrimas que queimam em seus olhos.
— O que Luciano
falou não é verdade. Não terá nenhuma guerra familiar. Não há uma pessoa em
nossa família que apoie as bobagens dele, e você sempre terá uma casa aqui,
você e seu filho são muito amados por nós. — Lorenzo tenta reconfortar Helena.
— Meu pai está
certo. Você tem uma família amorosa, nós te amamos muito. Não se preocupe com o
seu pai.
— Ele não é o meu
pai... Como ele mesmo disse, eu não sou filha biológica dele. Mas eu gostaria
de saber quem é o meu verdadeiro pai, porque minha mãe fez isso comigo, me
deixou sem saber da verdade?
— Helena, nós não
podemos ajudar você nesse caso. Não sabíamos de nada até ele nos contar pouco
depois de ter renegado você. — Lorenzo fala com Helena.
— Tudo bem.
Obrigada por tudo, vocês são maravilhosos... algum dia, eu terei uma família
amorosa como a de vocês. Agora eu preciso ir descansar um pouco.
— Você vai ficar
bem?
— Aham... vou sim.
Continua...
Comentários
Postar um comentário