Um Amor em Windenburg 22.

 



Exatamente depois de 20 minutos que Jean sai do quarto.



Duas mulheres: uma funcionária do hotel e uma vendedora de roupas, tinham levado o café da manhã e roupas para Helena, como Jean havia dito que mandaria.



Nossa, mas ele exagerou em tudo. Eu não vou comer toda essa comida, e não preciso de tantas roupas!

— O meu gerente fez questão, ele escolheu tudo, a comida e as roupas. Ordenou que eu trouxesse para você. — A recepcionista explica para Helena.

— E as roupas também, ele já havia escolhido ontem à noite. Fez compras on-line, escolheu peça por peça. E devo dizer que ele tem bom gosto, você vai adorar! — A mulher que estava com as sacolas explicou para Helena, ela era uma funcionária da loja.

Eu já estava me perguntando como deu tempo de ele escolher tantas coisas, mas agora você já me deu a resposta. Ele comprou tudo ontem à noite?

— Sim senhora! — A funcionária da loja respondeu.

Então, muito obrigada a vocês duas! Agradeçam o senhor Martinez por mim.



As mulheres saem e deixa Helena tomar o café da manhã.

"É muita comida, eu nem tô com fome... Depois do que aconteceu, não tenho apetite."



"Eu pensando que a gente ia fazer amor de novo...  Fazer amor com o meu Marcos Silva..., mas não era ele, era Jean Martinez o grosso de sempre. Por que ele não pode ser o amorzinho que ele costumava ser em Windenburg?"



"Borboletas! Eu gostei de todos, mas esse aqui é mais confortável. Ele deve ter lembrado que eu gosto de borboletas."



Helena saiu do quarto para conhecer o hotel, passou por alguns corredores.

"Eu acho que não tem problema se eu andar um pouco, conhecer o hotel antes de voltar pra casa."






Desceu até o andar onde aconteceu a reunião na noite passada, não era o restaurante do hotel, mas serviam comida para alguns hospedes naquele momento.




Desceu mais dois andares, seguiu em um corredor, até chegar em um cômodo onde encontrou um quadro que lhe chamou a atenção.



"Eu conheço esse quadro, é igual ao que tem no quarto da Jena... Deve ter sido pintado por Jean."



Ela resolve descer mais escadas, até chegar em um andar subterrâneo.




"Borboletas! Ele fez esses quadros pensando em mim, eu tenho certeza!"




E mais adiante tinha um corredor cheio de quadros pintados por Jean. Helena hesitou em passar pela porta, mas a curiosidade de saber onde aquele corredor iria dar, e a vontade de ver os quadros que estavam pendurados na parede do corredor, fez com que ela criasse coragem.


"Que estranho, não tem ninguém aqui? Deve ser uma área restrita. Mas se não é para os hospedes, por que não fecham com uma chave?"



"Ele realmente tem muito talento. São lindos!"



Helena anda até o final do corredor.

"O que será que tem aqui? Eu sei que não era pra mim ficar xeretando, mas já entrei então vou até o fim!"



Aquele lugar era mesmo restrito, antes era uma sauna, mas Jean a transformou em um lugar de paz, era assim que ele chamava.


"Parece que alguém desceu até aqui, devo ter esquecido de trancar a porta do corredor. Não se pode ter um momento de sossego?"



"Uau! Que lugar bonito, é meio que um jardim com quarto? Eu quero entrar!"



"Os hospedes não costumam vir até aqui, eles descem pelo elevador e não pelas escadas, e ninguém se interessa em descer em um cômodo desativado. Eu também nunca esqueci essa porta aberta..."



Olá! Tem alguém aí?



"Eu não posso acreditar! Como ela encontrou? O destino está brincando comigo novamente?"



Parece que não tem ninguém, então eu vou entrar.



Então ela logo ver quem estava lá.



Jean?... Me desculpe, eu não sabia, eu não queria incomodar você. Me desculpe por entrar... — Helena fica sem graça, envergonhada por ter entrado em um lugar privado.



— Não precisa se desculpar tanto. Eu esqueci de fechar a porta.

— Eu já vou sair. Não quero incomodar você!

— Agora que você já está aqui, fique!

— Não, acho que você vem aqui pra ficar sozinho...

Jean caminha até ela.



— Por favor, fique?!

— Mas...

— Você não está me incomodando. Eu costumo vir aqui para pensar, é uma espécie de lugar de paz.

— É bonito, eu gostei dos quadros e das plantas.



Como você chegou até aqui? Como encontrou?

— Estava conhecendo o hotel, desci pelas escadas e entrei por um corredor vazio, acho que só os funcionários usam, mas eu não queria passar no meio dos hospedes e resolvi cortar caminho. Acabei vendo um quadro idêntico ao que Jena tem no quarto dela, e desci mais um lance de escadas, que deu nesse lugar.

— Você gostou dos quadros?

— Você é muito talentoso.

— Eu pintei as borboletas pensando na Ellen Oliveira, ela adorava.


 

Você fala como se fosse outra pessoa e não eu...

— Eu não sei, você não parece a mesma pessoa, a mesma garota por quem me apaixonei.

— Talvez eu não seja mesmo. Agora não sou mais uma garota, sou uma mulher e sou mãe, a maternidade me mudou.

— Você está mesmo mudada, mas continua linda. Apesar de Joel não se parecer muito com você, na verdade, ele não herdou nada dos seus traços físicos, mas é um garoto amável... não tem como não se apaixonar por ele. Isso ele herdou da mãe.

— Sim, meu filho é um menino muito inteligente e educado.



Ele é muito talentoso, gosta de artes...

— Ele aprendeu a gostar na escola, Joel não é uma criança ativa como os filhos da Jena, então procura preencher o seu tempo com coisas assim. — Helena tentava arranjar desculpas para convencer Jean, ele estava cada vez mais desconfiado.

— Você tem um padrão para escolher os seus parceiros?



— O quê? Por que você está me perguntando isso?

— O pai dele tem os olhos verdes, ele deve ter herdado a genética do pai. Os seus parentes não têm olhos verdes, os olhos deles são azuis. Você deve gostar de homens iguais a mim!

— Você não tem o direito de me tratar assim!

— Eu só estou fazendo algumas perguntas. Eu preciso entender o que aconteceu com você!

— Você nunca vai me deixar em paz, não é?

— Mas foi você que veio até mim!



— Você tem razão. Eu já estou indo! Vou te deixar em paz.

— Helena, espere!...



Helena caminha até a porta, ela já tinha se arrependido de estar ali.



— Mas que merda! A porta não abre? — Ela tentou abrir a porta, mas não conseguiu.

— Você deixou ela bater com força?

— Não, ela meio que fechou sozinha quando eu entrei.

— Deixa eu tentar abrir.



Jean tenta abrir, mas parece não conseguir.

— Está travada! Não vai abrir agora.



— Você tá brincando né? Eu quero sair daqui, abre logo essa porta!

— Você quer que eu faça o quê? Quebre o vidro grosso para você sair. Eu posso tentar, mas não vai ser fácil, já que ele é a prova de ruídos e tem uma espessura bem grossa.

— Mas como você deixa isso acontecer? Essa porta trava sempre?

— Não costumo travar ela, eu não preciso me preocupar com pessoas xeretando por aqui.



— Tá, me desculpa! Então liga pra alguém, eu preciso sair daqui!

— Você trouxe o seu celular?

— Eu deixei o meu carregando no quarto. Mas e o seu?

— Quando venho pra cá não trago celular, o sinal aqui é péssimo.

— Mas que azar, eu não acredito que isso tá acontecendo comigo!

— É tão ruim assim você ficar algumas horas comigo?



— Você me ofende o tempo todo, não é nada divertido!

— Querer saber sobre você é ofender?

— Você prestou atenção no modo como fala comigo?

— Tudo bem, me desculpe. Mas eu só queria saber a verdade, quando vai me contar?

— Eu não quero falar sobre a minha vida particular com você, Sr. Martinez.



— Não gosto que você me chame assim, por favor me chame de Jean. Você está com fome?

— Você mandou o buffet inteiro pra mim no café da manhã, não estou com fome, mas aceito uma bebida.

— É mesmo? Que bebida você quer?

— Uma doce e bem forte!



— Doce e forte, assim como você é! — Jean vai preparar a bebida para Helena.



— Eu não sou tão forte assim, Jean... e nem tão doce.

— Eu sempre achei você uma garota decidida, forte porém doce. Você parecia muito segura de si, sabia o que queria, no entanto, existia uma ternura em você.

— Mas você não pensa mais assim...

— Não.


Helena se senta enquanto ele prepara as bebidas.


Eles bebem algumas doses. Helena já tinha bebido mais do que Jean.

— Quanto tempo você acha que ficaremos presos aqui?

— Não estamos presos.

— A porta não abre! Em algum momento eles vão sentir a sua falta, não é?

— Talvez. Os funcionários desse hotel são bem autossuficientes, eles quase não precisam de mim.



Eles andam até onde fica o sofá.

— Então vamos ficar bastante tempo aqui. Você vai me tratar bem nesse tempo?

— Mas eu sempre tratei você bem...

— Não muito, ultimamente... Por que você é assim?

— Assim como?

— Todo mundo tem medo de você. Te chamam de muitas coisas: empresário implacável, magnata de aço, pegador sem coração e outras coisas... É como se você fosse uma pessoa má.

— Eu não costumava ser assim... Prometo que não vou ofender você, não posso te fazer mal, Helena.



— Você parece mudar a todo momento, eu não consigo entender você. Uma hora é tão bom e de repente fica mau!

— Você não sabe o que é ser mau, ma belle. Ainda não.

— Eu não pretendo saber. Espero que você guarde esse nível de maldade. Gosto de você calmo.

— Você gosta de mim como Marcos Silva. Você gosta dele, não é?

— Sim...

— Mas eu não sou mais aquele homem, na verdade nunca fui exatamente ele. Eu não sou um artista pobre.

— Fiquei sabendo.



— Eu quero que você me escolha, Helena. Não o Marcos Silva, não o Fernando Marques. Escolha a mim, Jean Martinez. O Homem que sou hoje, aquele que pode te fazer feliz, como poderia ter feito a sete anos atrás. — Jean falava com sinceridade e desespero, ele não aguentava mais ficar longe da sua amada.

— Jean, eu...

— Por favor Helena, me escolha?

— Eu escolho você, Jean Marcos Martinez. Agora me beija.



— Eu te amo Helena!

Jean beija Helena com amor e alívio por ela ter escolhido ficar com ele.



Helena ainda não confiava em Jean, ela temia que ele se revoltasse e separasse ela do filho. Jean queria saber a todo custo quem era o pai do filho dela, mas decidiu esperar até que ela se sentisse confiante em contar. Agora o que ele queria era matar a saudade e recuperar o tempo perdido.

 

Continua...



Comentários

  1. Já tô até vendo o que vai acontecer. Os dois sozinhos em um quarto a prova de ruidos onde quase ninguém vai...

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