Um Amor em Windenburg 21.
Segunda-feira. Hotel Black White Rock.
Alguém bate na porta. Helena, contrariando a recomendação de Jean, vai
atender.
Helena abriu a porta, pensando que era o serviço de quarto, mas era
Fernando Marques que batia na porta.
— Fernando, o que você está fazendo aqui?
— Então finalmente
te encontrei, mandei meu pessoal verificar todos os quartos do hotel. Eu sabia
que você estava aqui, eu pensei que a gente pudesse almoçar juntos, conversar
sobre nós, depois de tantos anos. — Fernando fala com um tom de deboche e
desprezo.
— Não vou a lugar
algum com você. Saia do meu quarto agora!
— Eu é que não vou
a lugar nenhum até conseguir o que quero.
— Você não deveria estar aqui!
— E quem deveria
estar aqui com você? Martinez? Esse é o quarto dele, onde ele está?
— Ele não está
aqui.
— Você está
dormindo com ele? Não é à toa que tem o melhor quarto, toda a cobertura para
você.
— Eu não dormi com
ele. Agora saia, estou te avisando!
— Me avisando sobre
o quê? Você merece ser tratada como uma vadia, ninguém liga para você. A
ex-noiva de Fernando Marques abandonada praticamente no altar, e alguns ainda
tem a audácia de falar que eu sou o pai daquele moleque bastardo!
— Seu filho da puta!
Helena reúne todo o
seu ódio e dá um tapa com força na cara de Fernando.
— Você vai se
arrepender disso. Você vai se arrepender de tudo que me fez passar.
— Não! Me solta!
— Ah, sua
vadiazinha! Eu teria gostado do nosso casamento. Eu amo domar uma mulher como
você.
— Pare!
— Aqui estou eu, um
dos homens mais ricos do país sendo rejeitado por uma mulher. Isso me deixa
furioso. Foi essa a sua escolha, rejeitar a minha afeição por um vagabundo
qualquer?
— Me solte, eu não
quero você. Nunca quis!
— Eu quero você.
Isso é tudo que eu sempre quis, desde que coloquei os olhos em você, e, no
entanto, tudo que você sempre fez foi me odiar. Valeu a pena, Helena?
As palavras de
Fernando, eram ditas com raiva e rancor, mais pareciam como uma ameaça de
morte.
— O que você quer de mim, Fernando? Um
pedido de desculpas?
— Eu quero que você
sofra como eu sofri. Eu quero provar o que deveria ter sido meu por direito.
— Não! Por favor,
não faça isso!
Fernando puxa Helena em direção a cama.
— Vem logo! Na cama será mais confortável, e você já está quase nua mesmo!
— Por favor Fernando, pare com isso! — Helena estava sem forças, o pânico e o desespero tomavam conta dela.
— Eu quero o que seu amante de Windenburg tirou de mim, mesmo que eu não tenha sido o primeiro, mas você vai ser minha de uma forma ou de outra. Não resista!
— Seu nojento!
— Vou fazer você mudar de ideia quanto a isso. Vai pedir mais depois que acabarmos.
— Socorro!! Alguém me ajude!
— Cala a boca sua vadia insolente!
Então, a porta é escancarada atrás deles.
Em segundos, Jean salta sobre ele, e liberta Helena mais uma vez dos abusos de Fernando Marques.
— Seu desgraçado! O que achou que ia fazer? — Fernando geme sufocando — Eu vou matar você por tentar machucá-la.
Helena se desespera, ela sabia que Jean não estava brincando.
"Ele vai matar o Fernando aqui e agora, e isso vai acabar com a
reputação dele, eu não posso deixar acontecer, tenho que pará-lo!" — Jean, pare! Ele não vale a pena!!
— Você está certa
ele não vale a pena.
— Cala a boca seu idiota desgraçado, eu já
tive paciência demais com você! Devia te matar aqui mesmo! — A mão em punho,
paira sobre o rosto de Fernando. Jean tremia de raiva, tentando se controlar.
— Jean, por favor
pare!
— Por que está
defendendo ele? Tem ideia do que teria acontecido se eu não tivesse chegado a
tempo?
— Eu sei... Só não
quero ver você se machucar, ou destruir a sua reputação.
— Ela não vale a
pena, cara! Quando se der conta disso vai se arrepender. — Fernando tenta argumentar.
— Ele pode ser o
desgraçado idiota, mas também tem um sobrenome de peso. Ele pode tornar nossas
vidas um inferno, vai processá-lo e o seu nome vai acabar em todos os jornais
do país.
— Pode apostar que
vou! — Fernando fala mais uma vez, e leva outro soco de Jean.
Logo, o segurança
do andar chega, acompanhado por dois policiais.
Jean, solta
Fernando. Ele tenta manter a calma, mas ainda muito tenso, cada músculo do seu
corpo tenso como aço.
— Levem-no para a delegacia. Ele cometeu um
crime, invadiu um dos quartos sem autorização e perseguiu uma de nossas
hóspedes. Ela decidirá se vai prestar queixa.
— Você realmente acha que vou ficar preso,
Martinez? Que audácia.
— Diga o que
quiser, Marques. Aproveite para refletir enquanto passa a noite na cadeia.
— Se você acha que
o dinheiro não pode pagar uma noite na minha própria cama, então está
redondamente enganado.
— Pode ter certeza
de que vai dormir na cela hoje. Eu vou me assegurar de que você não saia de lá,
antes do amanhecer, nem todo o seu dinheiro vai te livrar dessa. Você vai pagar
por tentar machucar Helena. Eu te asseguro que vai! — Jean fala em um tom frio,
seguro e ameaçador.
— E quanto a você Wilson, depois de
encaminhar o Marques para a delegacia, passe no meu escritório. — Jean ia
demitir o segurança por não ter evitado que Fernando Marques entrasse no quarto
de Helena.
— Sim, senhor. Mas
já adianto que na hora do ocorrido, fui chamado para uma emergência.
— Conversaremos
depois. Agora vá, e leve esse idiota para fora do meu hotel!
O segurança, juntamente com os policiais, escolta Fernando para fora do
quarto.
— Eu deveria ter batido mais naquele
desgraçado. Pelo menos ter quebrado um braço dele!
— Jean, por favor,
deixe pra lá, ele já vai pra delegacia.
— Eu disse para
você não abrir a porta para ninguém. Por que não me ouviu?
— Eu sei. Me
desculpe, eu já falei que pensei ser o serviço de quarto.
— Tudo bem, ele vai
pagar por isso. Você está machucada?
— Não... só um
pouco atordoada.
— Isso era de se
esperar. — Jean, olha para o rosto de Helena, procurando por hematomas ou
qualquer machucado.
— Estou bem.
— Se ele tivesse
machucado você, ou... — Jean, não consegue completar a frase, ele estava com
muita raiva.
— Ele não
conseguiu.
— Eu falhei com você Helena...
— O que você tá
falando? Você me salvou de um est... — Quando Helena percebe o quanto aquilo
estava afetando Jean, ela para e não completa a frase. Havia uma sombra de dor
em seus olhos, ele estava se sentindo culpado.
— Eu disse que iria
protegê-la, e no entanto, ele passou pelo meu segurança. Eu já estava prevendo
que ele ia fazer isso, mas não tomei a atitude correta. Deveria ter expulsado
aquele imbecil do meu hotel, ontem à noite.
— Jean, você não
podia expulsá-lo, e ninguém sabe o que ele fez para conseguir passar pelo seu
segurança. Por favor não o demita por isso.
— Vem cá, deixa eu
te abraçar, sentir você mais perto.
Helena abraça Jean
— Obrigada. Eu me sinto tão bem quando você me abraça... — Ela encosta a cabeça
no peito de Jean, quando ele fala, o peito estremece e o tom grave dele faz a
alma dela vibrar.
— Ele nunca mais vai chegar perto de você.
Eu prometo!
— Você ainda usa esse perfume. Sonhei com
esse cheiro por sete anos...
— Eu sonhei com
você por cinco anos. Sonhava dormindo, sonhava acordado, achava que estava
perdendo a razão... — A voz dele é cheia de dor.
— Você disse que me
amava... deixou de me amar há dois anos atrás?
— Não. Só me dei
por vencido, tive que me conformar para não enlouquecer.
— Mas agora estamos
juntos de novo.
— Eu não sei se
você está realmente comigo...
— Jean...
— Ainda preciso de
respostas. Eu tenho medo de que tudo volte, do sofrimento, da dor...
— Eu não posso te dá as respostas que você
quer, não agora.
— Por quê?
— Não me sinto
segura para isso, ainda. — Helena começa a tremer, com medo de perdê-lo
novamente.
— Calma mon amour.
Não precisa ficar nervosa.
— Eu sei que fiz
você sofrer, mas eu também sofri, e paguei o preço por ter deixado você.
— Não precisamos
falar sobre o passado, você está muito nervosa com tudo o que aconteceu, agora
não é a hora para mais aborrecimentos.
— Me abraça mais,
eu preciso disso para me acalmar.
— Tenho um jeito bem melhor para te deixar
mais calma, fazer você relaxar.
— É, qual?
— Eu quero sentir
você...
— O quê?...
— Deixa eu te
tocar? Preciso sentir você...
— Jean, isso é o
que mais quero, mas...
— Por favor,
Helena. Você não sente saudades da gente, de como eu beijava cada parte do seu
corpo? Eu não consigo esquecer de nenhum detalhe.
— Nem eu... Cada
parte do meu corpo que essa boca já beijou, eu me lembro de tudo, Jean.
— Vamos reviver um
pouco dessas memórias, agora.
Jean, levanta
Helena nos braços, e coloca ela em cima do balcão da cozinha.
— Você lembra de
quantas vezes fizemos isso na mesa do quintal daquela casa? De quantas vezes eu
me ajoelhei para você, para provar o seu sabor? Eu nunca quis outra mulher como
eu quero você, Helena.
Jean, espera Helena
falar alguma coisa em resposta ao que ele estava declarando, mas ela não falou,
pois teria que dizer que nunca teve outro homem além dele, e isso revelaria o
segredo de que ele é o pai de Joel.
Ele não tirou a
roupa dela, afastou a calcinha para o lado e provou Helena, a fez sentir prazer
intenso, arrancando gemidos enlouquecidos.
Ficaram se beijando
e se abraçando por quase uma hora, mas Jean não a levou para a cama.
— Jean, você não
vai me levar pra cama? Pra gente terminar o que começamos?
— Não.
— Não?
— Você já está
calma e relaxada, era isso o que eu queria. Te deixar bem antes de sair.
— Mas e você? Nós
não...
— Eu vou ficar bem,
posso matar o meu desejo com outra pessoa mais tarde.
Helena se afasta
imediatamente.
— O quê? Como você
pode me dizer isso, depois do que fizemos aqui?
— O que aconteceu
aqui? — Jean pergunta com toda frieza, já não era mais o mesmo de segundos
atrás.
— Você me...
— Eu me ajoelhei e
te dei prazer. Me declarei para você, e não ouvi nada em resposta. Você nunca
me amou, Ellen... Nem como Ellen, nem como Helena.
— Isso não é
verdade, você não sabe o que diz.
— Eu testei você, e
você não passou no teste. Você gosta de brincar com os sentimentos dos homens
que se apaixonam por você. O Fernando Marques é um desses e eu sou outro.
— Jean, você viu o
que ele fez e ainda assim fala uma coisa dessa? Ele é um monstro!
— E ainda assim
você escolheu ficar com ele e não comigo.
— Não foi escolha
minha...
— Você diz isso,
mas não é verdade.
— Você não
entenderia...
— Mesmo depois que
rompeu o noivado, você não me procurou. Você tinha outra opção, eu estava bem
ali, em Windenburg. Você poderia ter me encontrado, eu fiquei lá todos esses
anos te procurando... Indo e voltando. Comprei propriedades lá, eu praticamente
me mudei para a casa onde você ficou hospedada, e você não quis voltar para
mim.
— Eu não... —
Helena decide não falar mais nada, ela viu que Jean já tinha mudado a
personalidade outra vez.
— Você não queria.
Você não me amou como eu te amei, na verdade, nunca amou.
— Você esperou todo
esse tempo pra me dizer isso? Por que simplesmente não me deixa em paz?!
— Eu não posso, não
consigo. Ainda!
— Eu quero que você
saia! Vou pedir para o Heitor reservar uma passagem de ônibus, agora mesmo. Não
quero ficar aqui...
— Eu já mandei o
seu carro para o conserto, ele me pediu. Vai ficar pronto hoje mesmo. Enquanto
isso fique aqui, eu vou mandar serviço de quarto e um café da manhã para você.
— Eu não quero
comer nada!
— Você precisa. Em
20 minutos eles estarão aqui.
— Vão lhe trazer umas sacolas com roupas
que comprei para você, não recuse, porque precisará de roupas limpas e
confortáveis para a viagem.
Jean, sai do
quarto. Helena se senta na cama lamentando-se por não poder falar do amor que
sentia por ele.
"É
inacreditável como ele muda em segundos. Se ele descobrir, vou perder o meu
filho, eu já perdi o meu amor, e não posso perder o meu filho por escolhas que
deixei de fazer, ou que fiz erradas!"
Continua...
Não vou mentir. Tô putasso com a Helena aqui. Quero ver quando ela vai tomar coragem e soltar logo essa bomba!
ResponderExcluirEu até torço pelo casal más a Helena não faz por onde dar certo.
Eu também estou! kkkk
ExcluirObrigada por comentar Tatsumi.