Um Amor em Windenburg 20.
Ainda na noite da festa.
— Ma belle... — Jean, sussurra no ouvido dela.
A música termina, e Helena pede para pararem de dançar.
— Obrigada pela dança, Sr. Martinez. Está ficando tarde. Eu já me socializei, não da forma como Heitor me pediu, mas nem tudo é como queremos que seja. Agora eu vou para a minha suíte master, reservada para mim pelo benefício de ser parte da família da irmã do gerente do hotel.
— Eu te acompanho.
— Não precisa, não é necessário. Eu vou...
— É meu hotel. Eu sou seu anfitrião esta noite. Como tal, vou acompanhá-la até o seu quarto. — Jean fala com firmeza em um tom profissional, Helena concorda, um pouco envergonhada. Jean aponta a saída e fala — Dito isso, você decide como iremos até lá.
— Você está sentindo isso também, Helena?
Você sente como se algo tivesse faltado até este momento?
— Sinto. Parece que
as coisas voltaram para onde deveriam estar... Como uma volta ao lar.
— Nesse caso, bem-vinda de volta.
Helena olha para
ele, há um leve sorriso em seus lábios enquanto eles saem juntos para o quarto.
"Ele realmente
queria que isso acontecesse esta noite?
Tudo que eu conseguia imaginar era como seria horrível ter que vir para
essa festa, ter que estar ao lado da pessoa que eu amo e ver ele me odiando,
mas... É como se ele mudasse de personalidade da noite para o dia. Ele está
sendo tão caloroso e gentil, como costumava ser." — Helena dá um suspiro
de alívio. Jean olha para ela.
— Você está bem?
— Melhor do que
bem. Vamos?
Os dois saem em direção a suíte master na cobertura. Acompanhado por
olhares dos convidados.
Os dois sobem de elevador até o terceiro andar, em silêncio. Chegam na
suíte master.
— Uau! É tudo isso aqui? — Helena se
surpreende com o tamanho do lugar.
— Sim. Essa parte é reservada, eu não alugo
para ninguém.
— Não? Por quê?
— Eu costumo ficar
aqui.
— Espera. Então é o
seu quarto?
— Sim. Eu quero que
fique confortável e segura, e não aceito recusas.
— Mas onde você vai
ficar?
— Em outro quarto
menor, não se preocupe!
— A recepcionista
disse que não tinha nenhum.
— Não para alugar,
eu deixo de reserva.
— Obrigada. Essa reunião informal até que
não foi ruim, na verdade foi muito bom eu ter vindo. — Helena se vira para abrir a porta, mas ele
põe a mão na maçaneta.
— Isso é tudo que
você vai dizer?
— Hum... O que mais você quer que eu diga,
Jean?
Jean balança a cabeça e suspira parecendo frustrado.
— Tentei ir devagar, mas precisamos
conversar. Eu preciso de algumas respostas.
— Jean... Nós
podemos conversar depois?
— Não Helena!
Tentei fingir que não me importo, mas não sou bom nisso. Aquele cara, o
Fernando Marques, ele é o seu ex-noivo. O cara que você traiu comigo, mas se
você não se casou com ele, quem é o pai do Joel? Ele não se parece em nada com
o Fernando.
A pergunta de Jean caiu com o peso do mundo sobre Helena, ela temia por
ele estar desconfiado, as mudanças de personalidade dele a todo momento faziam
Helena temer o pior, que Jean descobrisse a paternidade e resolvesse pedir a
guarda do filho na justiça.
— Sr. Martinez, não quero falar sobre
esse assunto agora, estou cansada. Meu filho é responsabilidade minha, tem sido
assim desde sempre, não se preocupe com isso!
— É Jean!
— O quê?
— Não me trate como
se eu fosse um estranho. Conhecido de trabalho ou um amigo da família, você
sabe que sou mais do que isso. Me chame de Jean, ou se achar melhor me chame
de Marcos. Talvez assim você consiga lembrar o que costumávamos ser um para o
outro.
— Estou cansada...
— Eu tenho que
fazer você lembrar de quem somos.
Jean abraça Helena,
trazendo-a para perto do seu corpo.
Ele beija Helena, um beijo intenso e apaixonado, cheio de desejos
reprimidos, de saudades, de amor.
— Meu Deus, como é bom sentir o seu cheiro
de novo mon amour. Ter você comigo, te procurei como um louco...
— Eu estou aqui,
Jean.
— Eu sei, é que... não consigo acreditar
que isso é real, tenho medo de que tudo acabe e que aquele sofrimento volte.
— Jean...
— Certo. Podemos ir devagar, não é mesmo? Não quero assustar você.
— Sim, é melhor
irmos devagar. Mas você não está me assustando.
— Quero que você entre nesse quarto, e
não importa o que aconteça, não abra a porta para ninguém. Entendeu?
— Entendi, mas...
— Tudo o que eu perguntei
é se você entendeu. Ok?
— Eu entendi.
— Enquanto você estiver no meu hotel, sua
segurança é minha responsabilidade.
— Estou segura.
Ninguém vai querer vir ao meu quarto a essa hora, na verdade, eu nem conheço
ninguém daquela festa.
— Espero que não
mesmo, mas esqueceu do seu ex-noivo, ele não ficou nada satisfeito vendo a
gente dançar e depois sair juntos.
— Argh, eu nunca me
lembro dele!
— Ele não vai
chegar perto de você. Vou alertar os seguranças, e mandar a minha equipe
monitorar as câmeras. A menos que você queira que ele entre e...
— Termine essa frase, Sr. Martinez, e você verá meus dedos carimbados na sua cara. — Jean rir e acaricia o rosto de Helena.
— Jean. Por favor, me chame de Jean... a
não ser que você queira que eu entre e faça você se lembrar quem eu sou, de uma
forma mais eficaz.
— Hum... Tudo bem.
Vou chamá-lo de Jean de agora em diante. — "Fico tentada a deixar que isso
aconteça, mas ainda não me sinto segura em relação ao que ele pensa".
— Muito bem. Marcos
também é uma opção, mas o Sr. Martinez certamente está fora dos limites.
Os dois se despedem, Jean dá um beijo na testa de Helena e pede para que
ela entre no quarto, ele irá sair assim que ela estiver trancada em segurança.
"Nossa, um andar inteiro só pra ele. Isso que é ter conforto."
"A cama onde meu Marcos dorme... Vou
passar a noite sentindo o cheiro dele. Nem sei se vou conseguir dormir."
"Eu devia ter deixado ele entrar..., mas não sei se estou
preparada, já faz muito tempo que não fico com ninguém, o primeiro e último foi
ele."
Helena explorou a suíte master, que era bem maior do que ela imaginava.
"Essa quantidade absurda de dinheiro que ele tem me assusta. Não
sou ninguém perto do Jean Martinez, o juiz daria a guarda do meu filho
imediatamente se ele pedisse, sem contar que deve ter os melhores advogados do
planeta!"
Helena tomou um banho quente e relaxou, depois experimentou algumas
camisas de Jean.
"Acho que essa está boa, bem confortável para dormir."
"Bem, não me apaixonei pelo dinheiro dele, eu o amei por quem ele
é, pobre ou cheio da grana, amo aquele homem, e tive um filho com ele. Agora
depois de todo esse tempo, ele está de volta, só não sei se está comigo... se
vamos ficar juntos novamente."
Segunda-feira 09:00. Newcrest. Dia nublado.
Helena teve uma boa noite de sono, era segunda-feira e ela iria ligar
para seu primo Heitor, ele mandaria um carro da empresa ir buscá-la, pois o
dela havia quebrado.
Helena: — Bom dia, Heitor. Estou esperando o carro
que você disse que mandaria hoje.
Heitor: — Bom dia,
prima. Infelizmente não posso mandar um carro hoje, todos os motoristas estão
ocupados, tivemos um imprevisto com alguns funcionários. Mas fique calma, vou pedir para o Jean mandar o seu carro para o conserto.
Helena: — Estou calma, muito calma... Estou
planejando uma forma de te matar sem levantar suspeitas.
Heitor: — Entra na
fila, Lucas já está planejando desde o noivado que não deu certo. Ele quer a
minha cabeça!
Helena: — Ainda cismado com o André?
Heitor: — Você sabe
como é o Lucas, ele é superprotetor quando se trata de você, eu até concordo
com ele, mas André Gusmão é um bom amigo, e talvez pudéssemos juntar forças os
três e caçar o idiota vagabundo que engravidou você.
Helena: — Heitor, pare com isso! De novo esse
assunto?
Heitor: — Desculpe
prima, mas ainda não esquecemos tudo que você passou por causa da
irresponsabilidade dele, mais cedo ou mais tarde nós o encontraremos.
Helena: — Eu não quero falar sobre o pai do meu
filho, vocês deviam esquecer que ele existe.
Heitor: — Será que
você também não devia? Não foi por isso que passou a semana de mau humor? Será
que não é por isso que você nunca se envolveu com mais ninguém? Será que você
esqueceu mesmo prima? Pois nem se divertir como outras mulheres solteiras fazem, você
quer. Você não tem amigas ou amigos, só vive para seu filho, e tenho certeza de
que Joel é parecido com ele, isso dificulta as coisas para você, não é?
Helena: — Heitor de onde você tirou tudo isso?
Heitor: — Te
mandei para essa festa porque você precisa se divertir, tinha pessoas
interessantes para você, homens que seriam bons partidos, que poderiam fazer
você feliz. Eu quero te ver feliz, Helena.
Helena: — Mas eu sou feliz. Tenho as melhores
pessoas ao meu redor, cuidando de mim e do meu filho. Eu sou feliz! Por favor,
esqueça o pai do Joel.
Heitor: — Não dá.
Ele vai pagar pelo que fez a você. Há propósito, o seu filho quer falar com
você.
Helena: — Tá bom, coloca ele na linha.
Joel: — Mamãe, quando você volta?
Helena: — Oi filho. Talvez eu volte hoje mesmo.
Joel: — Traz um presente pra mim?
Helena: — Não sei se vai dar tempo, mas eu
compro assim que chegar aí.
Joel: — Ebaa! E você viu o meu tio Jean? A tia
Jena disse que você estava na festa dele, de novo.
Helena: — Não foi bem uma festa dele, mas eu vi ele
sim.
Joel: — Ele me ligou e perguntou se eu estava
bem, se eu tinha escovado os dentes e tomado café da manhã?
Helena: — Ele ligou hoje? Ele faz isso sempre?
Joel: — Quase todos os dias, antes de você ir me
ver no meu quarto.
Helena: — E por que você nunca me disse?
Joel: — Você nunca me perguntou.
Helena: — "Que estranho isso, será que ele
está mesmo desconfiado? Eu preciso saber o que ele e Joel conversam" — Filho, o que seu tio Jean costuma perguntar para você? Alguma pergunta
da sua vida pessoal ou da minha?
Joel: — Ah, não sei... me pergunta o que eu gosto
de comer, o que eu gosto de ver na tv, ele me ensinou a desenhar círculos redondíssimos,
e compra muitas coisas legais pra mim.
Helena: — Só isso?
Joel: — Só... Ah, ele me disse que tenho que
escovar os dentes sempre e me alimentar bem, e que sou um homenzinho
inteligente.
Helena: — Sim, isso é muito importante, e ele não
mentiu. Estarei em casa em breve, chame a sua tia Jena para mim, ok?
Joel: — Tudo bem, eu te amo mamãe!
Helena: — E eu te amo mais, meu filho.
"Bom, não vi
nada demais. Eles se gostam naturalmente, acho que Jean não desconfiou
ainda."
Jena: — Então, o
que está acontecendo Helena? Você não está gostando do hotel? Tem ótimas
piscinas e salas de massagens.
Helena: — Não é isso Jena. Acontece que não gosto
de sair de casa por muito tempo, e prefiro não encontrar certas pessoas.
Jena: — A única
pessoa que você conhece é meu irmão... algo errado, ele te tratou mal?
Helena: — Não! De forma alguma, Jena. Eu não falei
dele, estou falando do Fernando Marques.
Jena: — Sério? Ele
está aí?
Helena: — Sim. Ele estava na festa e bêbado, não
ficou muito feliz ao me ver.
Jena: — Esse homem
não gosta de perder. Você devia vê-lo em um campo de golfe.
Helena: — Eu não sou um prêmio para ele ganhar.
Jena: — Ele estava
realmente ansioso pelo casamento, mas duvido que seja só por isso que ele
esteja irritado. Tenho certeza que ele ficou mais chateado ainda por não saber
quem é o pai do Joel. Ninguém sabe, não é mesmo? Heitor e Lucas também não se
conformam com isso. Mas sabe... é uma coisa boa você ter mantido a identidade
dele em segredo todo esse tempo. Teria sido uma grande confusão. Seu pai,
Lucas, Heitor e Fernando Marques, todos sedentos por vingança.
Helena: — Nem me fale...
Jena: — Admiro sua
força, Helena. Algum dia você encontrará alguém que amará você é o Joel, ou
talvez você já tenha encontrado, fiquei sabendo do seu encontro com André
Gusmão, ele é um bom pretendente.
Helena: — Obrigada Jena. Sim ele é, eu gosto do
André, talvez não do jeito como deveria. Olha, cuida do Joel, mas não mime
muito ele, não deixe ele fazer bagunça, ok?
Jena: — Pode deixar
que eu cuido, quanto a mimar, não prometo nada! Divirta-se no hotel, tem ótimas
manicures aí.
Helena desliga e suspira, alguém bate na porta.
Que estranho. Eu não pedi serviço de quarto nem nada...
Continua...
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