Um Amor em Windenburg 19.





Helena aceitou comparecer ao coquetel, representando as empresas de seu primo, Heitor. Dirigiu algumas horas até chegar em Newcrest, a cidade em que morou com seu pai e seu irmão.



A viagem foi cansativa, o carro deu problema e mal conseguiu chegar no estacionamento do hotel.

“Ótimo. Consegui chegar no hotel, mas com o carro quebrado. Como vou voltar pra casa depois que isso terminar?… Heitor! Ele me colocou nessa e vai ter que me tirar.”



Helena liga para Heitor.

Heitor: — Oi, prima! Como está a festa?

Helena: — Eu nem entrei ainda. Mal consegui chegar aqui, meu carro deu problema e quebrou de vez no estacionamento do hotel.

Heitor: — Sério? Você está bem?

Helena: — Estou, mas preciso voltar. Onde vou ficar depois que a festa acabar?

Heitor: — Calma, eu dou um jeito nisso, prima. Já sei o que fazer! Use o cartão corporativo para pagar um quarto de hotel, e amanhã mando um motorista da empresa ir buscar você.

Helena: — Amanhã? Heitor, eu não quero passar a noite aqui!

Heitor: — Ah, não. Uma noite inteira em um hotel de luxo? Que dó de você. Estou mandando meus sentimentos. Pare de reclamar e vai se divertir, Helena! Boa festa, prima.



Heitor encerra a ligação.

“É meu primo e meu chefe, mas tem hora que dá vontade de matá-lo! E vou ter que sobreviver a essa noite com Jean Martinez? Simplesmente perfeito!”




Helena caminha até a recepção.



A recepcionista a cumprimenta.

Boa noite. Você está aqui para o evento?

Boa noite. Sim, e... meu carro quebrou no estacionamento do hotel. Você tem quartos disponíveis para esta noite?



A recepcionista olha no computador.

Sinto muito. Os quartos que restavam, foram ocupados devido ao evento.

Você não tem nenhum? Nem um único quarto?… Ótimo! O azar está me perseguindo.

A recepcionista olha novamente — Desculpe… qual é o seu nome?

— Helena Leão.

— Ah! Acabou de surgir uma vaga, reservada no seu nome. É a suíte master, no terceiro andar. Na verdade, é todo o terceiro andar. Você vai adorar!

“A suíte master? Ela está falando sério? Já que meu pai me renegou, não sou mais milionária. Estou gastando o dinheiro do Heitor nessa viagem, é claro que ele tem muito, mas não seria certo estourar o cartão da empresa para o meu próprio conforto.”

— Hum… Moça? Não posso pagar pela suíte master.

— Não se preocupe! Meu gerente deixou o quarto disponível para você, por ser parte da família da irmã dele.

— Sério? Então, obrigada!

— Por favor, aproveite o evento.



“Bem, pelo menos não vou precisar dormir dentro do carro no estacionamento. Tudo o que resta agora é sobreviver a essa festa.”

Helena se dirige ao salão onde estava acontecendo o evento.



A festa estava movimentada, com pessoas dançando e bebendo.



“Tô me sentindo meio perdida aqui. Espero que essa noite acabe logo!”



Enquanto Helena tenta se encontrar no meio das pessoas, ainda decidindo como ia se socializar, um homem se aproxima dela.



— Olha só. Se não é a Sr.ª Leão.

“Exatamente o que eu precisava para completar a minha noite de azar. Meu ex-noivo, Fernando Marques.”

Fernando! Que surpresa.

— O que você está fazendo aqui?

— Estou representando Heitor Adams.

— Então eles vão convidar qualquer pessoa para esses eventos agora?

— Você não precisa conversar comigo, e eu nem quero conversar com você. Está cheirando a bebida, provavelmente está bêbado.

— Eu não preciso, mas quero conversar, saber como você está se virando depois que eu te deixei há sete anos, sem um tostão furado!

— Como você pode ver, estou bem!



Está pobre, mas continua bonita e sozinha. Você poderia ter qualquer coisa que quisesse na vida. Você nunca precisaria trabalhar!

Não preciso de você ou do seu dinheiro, Fernando.

— Tem certeza disso, Helena? Basta olhar para você agora. Lutando, se matando de trabalhar, sendo a escrava de seu primo rico. Tenho observado você, acompanhado as notícias da sua vida de renegada. O seu pai cospe aos falar no seu nome, ele foi com o rabinho entre as pernas pedir desculpas pela falta de caráter da filha, que ele deserdou.

— Não quero mais continuar com essa conversa…



Ah, querida Helena, eu poderia ter te dado a lua e as estrelas. Em vez disso, você foi dar para um pobre qualquer em Windenburg. Ou talvez tenha dado para mais de um!

— Me solta, Fernando!

— É por isso que você nunca revelou o nome dele, porque dormiu com tantos que não tem certeza de qual deles você engravidou.

— Você me dá nojo!



Fernando, descontrolado pelo álcool e pelo rancor, agarrou Helena à força e chamou atenção de alguns convidados, que já conheciam a história do noivado rompido deles.

— Nojo? Se tivesse conhecido um homem de verdade, não seria tão vadia assim?

— Você não é nem metade do homem que conheci e me entreguei. Me solta agora!!



No momento da discussão, Jean, chega.



Me solta seu nojento!!

— Solta ela!! — Jean, fala e empurra Fernando, livrando Helena do abuso dele.



— Jean?… — Helena fala quase chorando.

— Como você tem coragem de fazer uma coisa dessa no meu hotel?

— Me desculpe!… Perdi a cabeça, mas essa vadia me tirou do sério. — Fernando não parava de ofender Helena.

— A senhorita Leão é minha convidada, portanto, eu exijo respeito!



— Você não conhece essa mulher, ela não merece respeito algum.

— Eu não quero saber do seu problema com ela, mas nesse momento ela está no meu hotel e você vai respeitá-la ou vou ter que pedir para se retirar, agora!

— Se soubesse de quem se trata, você nem a teria convidado!



— Sei exatamente quem ela é. Você vai tratá-la com respeito, ou vai sair daqui acompanhado pelos seguranças?

Helena se enche de orgulho, o seu amor estava defendendo-a.



— Muito bem, então você já a conhece? Pois fique com ela, eu não vou mais chegar perto.

— É bom que você fique longe mesmo! — Jean fala em um tom ameaçador.



Fernando se retira, desconfiado e com intenções de vingança.





Você está bem?

— Estou… Obrigada. Me desculpe por isso?

Não se desculpe. Vamos dançar?

Dançar?

— Por favor, Helena. Apenas uma dança.

“Eu realmente não o entendo, mas parece estar sendo sincero. Vou aceitar, é a minha chance de conseguir algumas respostas sobre nós.”




Helena aceita e Jean a conduz para o espaço de dança.




Os dois dançam, Jean conduz a dança, eles se olham profundamente sem dizer nada por alguns minutos.

“Meu Deus, que boca perfeita… esses olhos que eu nunca esqueci. Como posso esquecer se meu filho é uma cópia exata do pai dele? Amo tanto esse homem, o meu Marcos, o meu Jean…, mas ele é indecifrável, muda a todo instante, não sei o que esperar dele.”



Os olhares dos dois são intensos, eles chamam a atenção das pessoas que ali estavam. Helena começa a ficar sem jeito.

Não se preocupe com eles. Você está maravilhosa.

— Obrigada. Você dança muito bem.

— Não tivemos a oportunidade de dançarmos juntos, mas agora você está aqui, nos meus braços novamente.

— Jean, não consigo entender você.

— Por quê?

— Você é tão instável…

— Eu já fui diferente, talvez agora eu volte a ser como antes.



— Posso te fazer algumas perguntas?

— Faça.

— O que fez nesses sete anos?

— Procurei por você, Ellen. Na maior parte do meu tempo. Mas também precisei continuar administrando a Martinez Corp.

— Você é um empresário muito competente. As empresas da sua família são um sucesso, elas cresceram muito.

— Quase não percebo o crescimento das empresas, já estou no automático, faço isso desde sempre. Mas dediquei a maioria do meu tempo, procurando por você nesses sete anos.



E agora você me odeia?

— Eu não te odeio. Na verdade, é o oposto… Embora não possa dizer se isso é bom ou ruim.

— Se não me odeia, por que me disse todas aquelas coisas horríveis?

— Foram muitos anos me questionando, me perguntando por que você me deixou, e o que eu teria feito para que isso não acontecesse. Eu me odiei por todos esses anos, acordei por muitas vezes sentindo o seu cheiro, ouvindo você rir… Quando vi que não teria mais jeito, que nunca mais iria ver a minha ma belle, caí em desespero, procurei preencher esse vazio com outras mulheres e muitas bebidas, mas um tempo depois, vi que não adiantaria… nada ia ocupar o seu lugar, e meus pais não mereciam o que eu estava fazendo, em quem eu estava me tornando, por isso decidi pôr um fim em tudo, me tornar outra pessoa.

Me desculpe… Eu não posso voltar atrás, mas pensei em estar fazendo a coisa certa para a minha família. Jean, eu…

— É a minha vez de fazer perguntas. Posso?

— Sim.



— Aquele é Fernando Marques, é seu ex-noivo?

— Sim…

— Parece que ele também não superou você.

— Terminei o noivado, e ele não me perdoa por ter… — Helena ia falar da gravidez e o fim do noivado, mas se lembra de que ainda não devia revelar que Joel, é filho de Jean.

— O quê?

— Por não ter me casado com ele!

— Por que você não se casou, afinal, não foi por isso que me deixou em Windenburg?

— Fernando é um homem terrível, ele me tratava como uma mercadoria, nunca me amou, só queria posição social.

Jean olha para Helena enquanto ela fala, ele sentia que aquela não era toda a verdade, mas deixou por isso mesmo.




Jean puxa Helena para mais perto, abraçando-a bem colado ao seu corpo. Eles ficam assim até a música acabar.



Continua…

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