Os Descendentes 15.

 



Entardecer em San Myshuno.




Daniel Camargo estava pensativo, em frente a janela da sala.





Raquel chegava da "Base A, do clã Raziel" .





— Pai? O que aconteceu? — "Será que ele lembrou de tudo?".
— Filha, eu não ouvi você chegar, deu tudo certo? Você chegou mais cedo!




— Sim pai, Algor me liberou mais cedo para ajudar você com os preparativos da viagem, mas porquê você está ai tão pensativo?
— Me lembrando da sua mãe... de você e Renata quando eram pequenas, nós éramos felizes, uma família bonita, sua mãe amava vocês duas.
— É verdade, éramos felizes... Mas agora, as duas se foram e só restou nós dois, eu e você pai... Você não vai ficar deprê de novo, vai? — Raquel temia que o pai piorasse novamente com as lembranças da esposa e de Renata.




— Não filha, eu não vou! Não adiantará nada, Já até arrumei as minhas malas!
— Mas já? Pai, eu disse que ajudaria você com isso!
— Ah Raquel, eu não tenho muitas coisas para levar, já coloquei tudo dentro das malas, e amanhã o táxi vem me pegar aqui.
— O táxi vem pegar você aqui? Mas eu ia com você pai, vou te deixar no aeroporto!



— Não quero dar trabalho, e você sabe que odeio despedidas.

— Você não dá trabalho nenhum pai, mas se não quer que eu vá deixar você, não irei!




— Assim é melhor! Não estou gostando de ir e deixar você aqui, eu sei que mesmo se eu quisesse muito, não poderia levar você comigo, você tem deveres com o clã.
— Não se preocupe comigo seu Daniel, eu sei me virar sozinha, e agora concentre-se na sua nova vida de fazendeiro.
— Só está falando isso para me animar, mas sei que vai sentir falta dos meus ovos mexidos com bacons!
— Com certeza pai! — Raquel rir junto com o pai.




No meio da conversa o celular de Raquel toca, era Hakon ligando:
— Alô?
— Oi Raquel.
Raquel reconhece a voz imediatamente, e pede licença para o pai.
— Pai preciso conversar com essa minha amiga, da faculdade, volto já!
— Tudo bem, vou assistir tv. — Daniel responde empolgado.




Conversando no celular com Hakon:
— Olá príncipe Hakon! Resolveu usar um telefone?! Que evolução, ou será retrocesso? Onde está a telepatia poderosa, não funciona a distância?
— Como você está minha querida, teve um bom dia?
— Estou bem, obrigada?... É muito estranho ouvir você falando assim...
 — Só estou cumprindo com as suas exigências, pediu para que eu mudasse o visual e agisse como vocês, tentarei seguir a rotina dos humanos, enquanto eu estiver com eles, o celular faz parte. Já está pronta para sairmos?





— Tem certeza de que, quer sair hoje? Seria melhor sairmos outro dia!
— Passo no seu apartamento, exatamente, daqui a quarenta minutos.
— Hakon espere!!
— Estou esperando.
— Sei que prometi sair com você hoje, na verdade eu não prometi, apenas concordei! Mas é que hoje o meu pai não está bem e...
— Posso sentir no seu tom de voz. Está mentindo!... O seu pai está ótimo, cumpra a sua parte do acordo Raquel Camargo! Já estou a caminho do seu apartamento.




— O quê?? NÃO!!
— Não fique nervosa criança, eu não irei até o seu apartamento se não quizer que eu vá... Sei que não quer que seu pai me veja, então vá no endereço que vou lhe deixar, mandarei por mensagem e você compareça no horário certo.
— Hakon??
— ...




Na mansão de Hakon.
Trilir estava tensa com o que via naquele momento, e Arakiel tentava avisar do perigo que ela estava correndo.




— Se você se aproximar um pouco mais, morrerá!!
— Ele está ameaçando a princesa, é meu dever defendê-la!!
— E será seu dever morrer em vão?! Você não tem a mínima chance contra Jacques, acalme-se! Ele não a matará!




— Posso sentir o medo dela, está sofrendo com as ameaças dele!! E dessa vez ela teme, mas de uma forma estranha, mais intensa... Por que será?? (Trillir estava sentindo o medo de Lilith, agora ela temia pelo filho também, o filho que carregava no ventre, o filho de Hakon).
— Também sinto um medo diferente vindo dela, mas quem não teme Jacques?!




Jacques estava advertindo Lilith, sobre o pedido que ela fez para Hakon.




"Então princesa Ventrue, já sabe o que acontecerá se não respeitar a decisão do meu irmão, seu príncipe?".
"Sim Jacques, meu lorde!".
"Está claro que Hakon, não lhe dará um filho, nunca!!... Hakon já tem a sua prometida, arrume um outro companheiro, acabou as suas vindas para a nossa ilha, não procure a extinção da sua raça, Lilith Ventrue! Agora vá e nunca mais volte! E se voltar, terei o prazer de separar esse lindo pescocinho, do seu corpo".



No apartamento de Raquel.

Daniel estava mandando um e-mail para o clã, enquanto Raquel se vestia para o jantar com Hakon.




"Odeio isso!! Ele não pode me controlar assim!! Quem ele pensa que é??... Só vou porque salvou a minha vida e a da minha irmã, e a do meu pai também!... Tá, eu devo muito a ele, mas que droga!!... Será que essa roupa tá boa? Eu não sei o que vestir, ainda bem que peguei as roupas de Renata pra mim, e serviram direitinho. Odeio essas sandálias com salto, eu nem sei andar direito com elas, se precisar correr vou ter que me livrar logo dessa. Mas enfim, tenho que sair com ela, as minhas botas não combinam com esse look, e roupas esportivas não ficam bem no lugar que ele escolheu pra ir”.




— Pai eu vou sair!




"Daniel Banes, informatizado? Ele não era fã de tecnologia, nem usava as armas modernas, gostava mais de usar as bestas". (A besta, balestra ou balesta, derivações do latim tardio ballista) é uma arma com um arco de flechas adaptado a uma das extremidades de uma haste e acionado por um gatilho, o qual projeta virotes - dardos similares a flechas, porém mais curtos).




— Pai vou dar uma saidinha rápida, mas logo estarei de volta.
— Vai sair? Com quem?




— Com alguns amigos da faculdade, mas daqui a pouco volto!
— De novo? Mas você saiu ontem com eles! Está muito festeira. Esquecendo das suas obrigações de amanhã?
— Não estou esquecendo de nenhuma obrigação, seu Daniel! Amanhã vou embarcar você no táxi, e depois irei para o clã.
— Isso mesmo! Então não beba muito hoje, e nem chegue tarde demais, sabe que só falo isso por cuidado, que tenho com você não é filha?




— Eu sei pai, e entendo... Agora deixa eu ir, se não me atraso, e pode dormir viu?! Eu tenho a chave, caso eu demore um pouco mais do que pretendo.
— Tudo bem, mas tente não demorar muito, para não ir cansada para o clã.




"É muito bom ver meu pai assim, mas nem parece ele mesmo... Parece outra pessoa. Eu não esqueci do que ele me disse enquanto estava preso, mas vou tentar não lembrar... Foi ele que me criou, não posso esquecer disso também".



— Ótimo! Vou ter que ir de táxi até a cidade alta! Muito longe, e hoje eu não quero dirigir, não com esse salto! Como as pessoas conseguem passar o dia com isso?




Uma hora depois. Raquel chega no local marcado por Hakon.




— Não vejo nenhum ser vampiresco por aqui, do que ele se fantasiou? Será que eu vim para o lugar certo? 




"Sim você veio. Esse é o lugar que marquei, o endereço que mandei para você!".
— Hakon! onde você está?... Não estou vendo.




"Olhe um pouco mais à frente. Estou vendo você! Está linda".
— Sério?! Obrigada! Onde você está? E por favor, que tenha pelo menos disfarçado esses olhos vermelhos!




"Estou aqui, bem na sua frente, Raquel".




"Minha nossa!! Quem é aquele??".




Hakon escolheu um barzinho na parte alta de San Myshuno, funcionava também como Karaokê.



"Parece que você aprovou a minha aparência humana?!" — Ele estava falando mentalmente com Raquel para provocá-la, pois sabia que ela tinha gostado.




— Não fica se achando tanto, qualquer coisa é melhor do que o Conde Drácula! Mas você ficou bem.
— Fico feliz que tenha gostado. Vamos nos sentar, Por favor?
— Você pedindo por favor? Isso sim dá medo!




— Só estou sendo educado. Você não me conhece direito, mas teremos tempo para nos conhecermos! Verá que eu posso ser bem agradável quando eu quero!




— E isso é bem raro de acontecer, você não é agradável com ninguém, e nós dois sabemos qual é o motivo de você estar agindo assim comigo! 
— Raquel... 
— Olha, vamos conversar e esclarecer os termos desse acordo entre nós, e que não leve muito tempo, prometi ao meu pai que voltaria cedo. 




"Nossa... Ele ficou muito gato! Eu sei que é um demônio bebedor de sangue, mas nem por isso deixa de ser bonito, e sem os olhos vermelhos e as presas diabólicas fica até parecendo uma pessoa normal... E que sorriso bobo é esse?? Que estranho, até parece que... Não! será que está lendo meus pensamentos?".




— Por que esse sorriso no rosto?
— Só admirando a sua beleza. Você é muito bela, Raquel.
— Obrigada, mas não exagere!




— Você não conhece a sua beleza... Desde o primeiro dia em que a vi, admirei você, não é apenas a beleza física. Me desculpe mais uma vez, por tê-la tratado daquela forma.
— Tudo bem... Quase me matou, mas eu compreendo. Se fosse um de vocês no nosso clã, não teriam sobrevivido. Mas ser assim tão amável, não é normal para você... Não parece estar fingindo, mas... eu sei que não é sincero! 
— Estou sendo sincero, quando a conheci achei você odiosa, eu estava errado Raquel, não precisou de muito para gostar de você. 
— Você não gosta de mim, Hakon! Está querendo cumprir essa tal de profecia. 
— Não é apenas isso... Eu quero estar perto de você, quero conhecer o seu mundo, me ensine a ser normal. Quero aprender sobre os humanos, sobre a forma como vivem. Apesar de ter vivido muito, nunca consegui entender vocês.
— E como quer que eu ensine você? Eu também não entendo direito a nossa raça, eu não consigo nem me entender direito!
— Acho que, iremos aprender um com o outro então.




— Hakon... Vou cumprir com a minha parte do acordo, afinal, é justo, você salvou a mim e a minha família. Mas não sei se vou conseguir mostrar o melhor de nós para você, os humanos são complicados, existem muitas pessoas ruins, do mal mesmo!.... Mas acredito que a maioria são boas e temos o direito de viver livres, cada um é dono do seu destino. Não somos apenas alimento para vocês!
— Eu não penso assim, não vejo os humanos apenas como alimento. Respeito e os protejo, deveria parar e conhecer um pouco sobre nós, os Astaroth.
— Renata me contou um pouco da história de vocês, é difícil entender. Vamos mudar um pouco a conversa. Tudo bem, se vamos passar um tempo juntos, eu tenho regras para impor!
— Então as imponha! Você tem todo direito.
— Tão fácil assim? Vai concordar comigo?
— Talvez, só saberemos quando você falar.



— Primeiro de tudo, quero que me ensine a teletransportar! Concorda com isso?

— Sim, concordo. Mas para isso, terei que morar no seu apartamento, com você.

— Segundo, você não pode morar lá comigo, eu já disse que Higor vai descobrir!

— E eu já lhe disse que ele não descobrirá!... E você não tem relacionamento com ele, e nunca terá! 

— Terceiro, não pode querer mandar na minha vida, você não é meu dono, e nem meu príncipe ou coisa do tipo. Salvar a minha vida não quer dizer, ter direitos sobre ela.




— Matar o seu amigo licantropo, eu posso! Se encostar um dedo em você de novo, ele morre.
— O quê?? Não!! Não pode matar ninguém! E Higor não é lobisomem!




— Terá que me aceitar no seu apartamento, não me interessa o que dirá para ele. Aceite os termos do acordo, nós já conversamos sobre isso, e se não posso matá-lo, deceparei o membro que encostar em você, se encostar de uma forma maliciosa é claro.
— Isso não vai dar certo, você não deixa de ser você né? 
— Não posso ser outra pessoa, tenho responsabilidades que ninguém suportaria. Quando poderei ir? Não demore a responder, ou irei por conta própria.




Lá no fundo, os funcionários e outros clientes. Os funcionários foram instruídos a não chegarem perto da mesa, a menos que Hakon chamasse.




— Estou vendo que o lado gentil não durou muito em você... Preciso de uma bebida!
— Chamarei o garçom! 




Raquel levantou e foi pegar uma bebida.
— Espere Raquel, o garçom trará para nós!
— Eu posso ir lá buscar, não sou da realeza, costumo eu mesma ir atrás do que eu quero! 




Raquel não queria que Hakon se mudasse para o apartamento dela, mas isso era inevitável, ela não podia impedi-lo, fazia parte do acordo.




— Não fique brava. Eu não quero aborrecer você, mas já tínhamos...
— Tá eu sei!!... Só quero beber um pouco agora. — Raquel interrompe Hakon, concordando e tentando se conformar com o fato dele ir morar com ela.



Ela pediu uma taça de vinho tinto suave, se afastou do bar, e se sentou em um sofá mais distante.

— Posso me unir a você?

— O quê? Se unir a mim...? Como assim?

— Me sentar para bebermos, juntos.

— Ah tá! Esse seu jeito de falar é estranho, mas pode sim, afinal eu vim aqui por você, não foi?




— Obrigado! Acha estranho o meu jeito de falar?
— Um pouco antiquado, mas você é bem antigo né?... Sei que é falta de educação, mas quantos anos você tem?
— Mil e vinte oito anos!
— Nossa!!! Bem conservado hein?! Desculpe pela piada sem graça... Você nunca sorrir?  Tipo um sorriso mesmo, de verdade, com a boca toda entendeu?
— ...
— Okay! Deixa quieto.




Os dois conversaram um pouco mais, sobre a mudança temporária de Hakon ao apartamento de Raquel, depois de umas quatro taças, ela já estava mais flexível e menos tensa.




Ele não sabia dar gargalhadas como ela queria, mas a expressão em seu rosto, era sempre boa ao olhar para Raquel.
"Gosto dela... Jacques tinha razão, ele disse que já nasci apaixonado por Raquel, temos a mesma energia áurea, estou vendo isso agora... A presença dela é muito boa".




A garçonete foi oferecer mais vinho, mas eles já tinham bebido uma garrafa inteira.
— Obrigada! Mas para mim está ótimo! Vou parar por aqui, tenho trabalho amanhã.
— Agradeço, mas não queremos mais. — Hakon falou para a garçonete, que não parava de olhar para ele.




Hakon, convidou Raquel para dançar, ela recusou-se, mas ele não aceitou sua recusa.
— O quê?! Eu não sei dançar Hakon!
— Eu ensino a você!






— Tem certeza? Depois não reclama dos pisoes nos pés!! A música é muito bonita.
— Certeza absoluta! E sim, a música é agradável, porém, as melhores músicas são as instrumentais, poucos cantores têm afinação e talento, porém, esse rapaz, canta muito bem. 
— Eu adoro Coldplay, e essa música é a que eu gosto mais. 
— Fico feliz em ouvir isso.




"Estou perdida!" — Raquel pensa, olhando como Hakon era encantador quando queria ser.



Raquel estava com medo do que sentia naquele momento, ela gostava da companhia de Hakon.

— Dança muito bem, Raquel.

— Eu não sei dançar, só estou me mexendo lentamente, e você está correndo risco de levar uma pisada no pé, a qualquer momento.

— Correrei o risco, com prazer! 




— Sabe Hakon... Tenho que dizer uma coisa.
— Estou ouvindo, Raquel.
— Gostei da cor dos seus olhos... ficou bem assim, são lentes?
— Não! Meus olhos são dessa cor mesmo, originária do meu nascimento.
— Você nasceu assim? 
— Sim nasci. Vou ensinar as raças que existem Raquel: os criados, os nascidos, os transformados e as mutações, mas agora não é a hora para falarmos sobre isso, teremos tempo para aprender um com o outro.




— O que você está fazendo Hakon?... Me sinto estranha, deve ser o vinho.
— Não é o efeito do vinho... Você sabe o que é Raquel!





Hakon puxa Raquel e eles se beijam, calorosamente.




Raquel inicialmente não recusa o beijo apesar da surpresa, e correspondeu se entregando naquele momento, mas quando Hakon pensou que ela estava se entregando, Raquel reage de uma forma negativa, e afasta ele.





— SE AFASTA DE MIM!! SAI DA MINHA MENTE!
— Raquel, Você sabe que não faço isso, não com você! Não estou na sua mente.
— Está sim!! É claro que está!! Eu nunca deixaria você me beijar se não tivesse feito isso, não se aproxima mais de mim ouviu??



— Está negando o que é óbvio Raquel! Você sabe que eu não a beijaria se não tivesse permitido.

— Está mentindo!! Eu jamais deixaria você me beijar!

— Está mentindo para si mesma!

— Se chegar tão perto de novo! Juro que mato você!!

— Não conseguiria! Mas não chegarei, por respeito a você! Só vou me aproximar novamente quando me pedir.

— QUE VAI SER, NUNCAA!




— Ah tá! Que eu vou pedir pra me beijar?!... Vai sonhando príncipe dos demônios!




"Você vai, Raquel! Vai implorar por isso!".



Continua...

Comentários

  1. Jacques é brabo em?! Todos na raça dele tem esse mal humor todo?

    " Um pouco antiquado, mas você é bem antigo né?... Sei que é falta de educação, mas quantos anos você tem?
    — Mil e vinte oito anos!
    — Nossa!!! Bem conservado hein?!" Ela deveria conhecer a Consuelo. Acabei de notar que ela tem mais que o dobro da idade do Hakon e parece uma jovem adulta.

    Hakon romântico como sempre... O cara tem mais de mil anos de experiência e ainda dá bola fora com as mortais.

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  2. Hakon nunca teve interesse nas mulheres mortais, ele sempre teve o queria e na hora que queria, nem se esforça pra conquistar ninguém, por isso é assim sem jeito com a Raquel, que não gosta nem um pouco dos vampiros.

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