Os Descendentes 11.

 





Hakon programou a mente do caçador pai adotivo de Raquel, e pai biológico de Renata, o processo foi doloroso para Daniel Banes.

Brandon já tinha levado Raquel e Renata para longe dali, ele agora consolava a esposa, estavam ainda na "Rocha", mas em outro cômodo afastado de lá.




— Meu amor fique calma, Hakon não fará mal a ele.

— Ele me odeia!! Sou um demônio, que merece morrer, não sou filha dele!! O meu pai quer me matar.

— Eu a amo, e vou te proteger... Para sempre.




Raquel olhava de longe, como o amor que Brandon sentia pela irmã, era intenso e verdadeiro... Como criaturas do mal, das sombras, conseguiriam amar daquela forma?




Depois que Brandon saiu da sala, deixando as duas irmãs conversarem a sós, Raquel reconfortou a Renata.




— Não fique assim, eu... Não gosto de ver você sofrer.
— Me desculpe... Às vezes tenho vontade de tirar minha vida... Se Brandon tivesse me deixado morrer teria sido mais fácil, eu não faria vocês sentirem raiva de mim, não teriam vergonha de me ver assim... É um inferno sentir isso, ver as pessoas que amo, que antes eram minha família, agora me odiarem — Renata chorava muito.
— Não fale isso, você é minha irmã... Eu não te odeio Renata.




Obrigada Raquel... Me desculpe por ter feito você passar por tudo aquilo, foi por eu ter mentido, que foi presa e quase morta, mas não odeie Hakon pelo que fez antes a você, ele só queria nos proteger... Ele não sabia quem você era, agora eu sei que ele se arrepende.

— O príncipe dos demônios?! Se arrepender de alguma coisa? — Raquel rir ironicamente — Acho que não! Mas dei mais trabalho a ele do que imaginava. Agora ele sabe com quem está lidando.

— É tão bom ver você sorrindo Raquel, minha bonequinha... Sempre foi tão pequena e magra, mas agora, não mais, você se tornou uma grande mulher. Eu queria tanto proteger você, no entanto, sempre foi o contrário, não é?




— Não!... Me lembro de quando nós éramos pequenas, você sempre roubava mais biscoitos recheados para mim, escondia dentro da blusa e depois me dava... Mentia dizendo que não gostava, tirava o recheio do seu pra mim, dizendo que engordava, mas eu sabia que só queria me agradar, e só dormia depois de mim, porque eu tinha medo daquele pesadelo do demônio embaixo da cama... coisas de crianças! Eu te amo Renata... não deixarei você, você é minha Barbie.

Renata se preocupava com o que poderia acontecer, se os caçadores descobrissem que Raquel estava protegendo um vampiro, mesmo que fosse sua irmã, eles a puniriam por traição, mas ela sabia que Hakon mataria todos que tentasse fazer o mal para sua irmã.




Elas se abraçaram, e tudo foi esquecido, Raquel não deixaria de amar sua irmã só por ela ter sido transformada. As regras do clã agora não valeriam para ela, afinal, tinha quebrado várias desde que foi procurar Renata.

— Eu juro que ninguém encostará um dedo sequer em você, enquanto eu viver, nem mesmo nosso pai — Raquel prometeu proteger sua irmã, de quem quer que fosse.

— Eu te amo Raquel, é tão bom poder abraçar você de novo... Minha irmãzinha, me sinto muito feliz agora.

As duas irmãs, antes duas caçadoras, e agora: uma vampira e uma caçadora. Estavam juntas e de bem uma com a outra, Raquel aceitou o que a irmã se tornou, ela não a odiava, não sentia a energia negra em Renata, e na teoria, traiu o seu clã, estava escondendo uma criatura das sombras recém transformada, e o pior e mais grave, estava protegendo-a.




Na mansão Astaroth.

Depois de sair da caverna, onde Jacques meditou por 200 anos, ele voltou para o mesmo lugar onde morava antes de ir. Seguiu os rastros da Holosfera de Tessa, e foi parar exatamente na mansão de sua família. Eles estavam preparados para ir aonde quer que ela estivesse, ele e os irmãos, junto com os demais aliados, mas Tessa era ainda uma humana, que não sabia dos poderes que possuía, e eles não podiam obrigá-la a se transformar, ela tinha que evoluir sozinha e o mais difícil: aceitar o seu futuro ao lado de Hakon.

Depois de sair de lá, teve que se alimentar do sangue de uma humana, sangue esse que o revitalizou, o sangue era limpo e a humana o agradou, ele exigiu que Hakon deixasse a humana servi-lo, e Hakon assim o fez, deixou que Jacques fizesse o que bem entendesse com Eliza.




É claro que Eliza não recusou, ela aceitou de imediato a servir Jacques. Eliza não sofreu ao alimentar Jacques, ele a deixou curada e fortalecida, Hakon fez com que o patrão dela, depositasse uma quantia bem generosa na conta de Eliza, e essa era só a primeira, ele pretendia recompensá-la pelos dias que passasse servindo-o.




Jacques levou Eliza para a mansão, mandou arrumar um quarto para ela, pequeno, porém confortável, Eliza teria tudo nas mãos, sua única função ali, era servir e obedecer Jacques.




Ele pediu para que ela se vestisse como as demais naquele lugar, apesar de Eliza não gostar muito de preto e vermelho, obedeceu, fazia parte do acordo.

"Ele chegou... Nossa! como eu sei disso?" —  Jacques criou uma espécie de conexão com ela, ele queria saber como Eliza se sentia emocionalmente quando estavam juntos, e ela sentia a presença dele, quando se aproximavam. Mesmo que não estivessem se vendo.




Nota:

Uma das exigências, era que Eliza precisaria usar dois braceletes, que também serviam como algemas, não era importante para Jacques, mas era regra para quem quisesse manter uma serva humana entre os vampiros, assim eles a reconheceriam e ela seria protegida, um anel dourado fazia parte dos acessórios que Eliza usaria, ele estava enfeitiçado para protegê-la, caso um dos vampiros perdesse o controle, os demais vampiros criados também usavam um anel parecido com esse, só que na cor preta, enfeitiçado com magia de bruxos ancestrais, os protegiam da radiação solar, que para os vampiros era mortal. Alguns dos nascidos que não precisavam do anel enfeitiçado para protegê-los, usavam por hábito, ou para identificar o clã, ou seja, a família para quem serviam.





Em segundos, Jacques apareceu na frente dela, fazendo-a tremer com calafrios.

— Nossa Jacques! Eu... me assustei!!... Desculpe, não sei como devo me dirigir a você, como posso chamá-lo?

— Da mesma forma que acabou de falar, pode continuar pronunciando o meu nome. Apenas Jacques! E não tem por que se assustar, sempre apareço assim, mas se preferir posso subir as escadas andando.





— Eu preferir?... Você pode aparecer do jeito que quiser, eu vou me acostumar!

— Então assim o farei! Você ficou belíssima com essa roupa.

— Obrigada! Me sinto diferente vestida assim... ainda não entendi bem para que essas algemas, você pretende me prender?

As algemas terão uma função, mas lhe garanto que você vai gostar, terá que usá-las o tempo todo, o anel também, jamais os tirem! É para sua proteção, mas também para o nosso prazer.

— O quê? Não entendi!...

— Você entenderá.





— E quanto a sua acomodação, está de acordo? Ou você prefere um lugar maior?

— Está ótima! Tem espaço suficiente para mim; eu posso andar na mansão?

— Conversaremos sobre isso enquanto você se alimenta.




Jacques estava explicando para Eliza, até onde ela poderia ir: poderia andar livremente pela mansão, porém fora dela não. Era perigoso se fosse andar pela ilha, tinha lobos e ursos, ela não podia andar sozinha, então ele ordenou para que ela ficasse na segurança da mansão.




Você poderá andar pela mansão, é seguro, porém, não em todos os cômodos! Terá uma acompanhante para servi-la e protegê-la. Há cômodos reservados, que Hakon não gosta de compartilhar com os demais, fique visível e acompanhada, sempre.

— Você vai me apresentar para ela, agora?

— Tenho que participar de uma reunião familiar, não saia desse quarto até que eu volte novamente. Quanto aos cômodos da mansão que você deve evitar: a sala do trono é uma delas, acontecem reuniões que não dizem respeito a você. Hakon recebe muitas visitas, e não quero você no meio dessas criaturas, por medida de segurança, fique na cozinha, na biblioteca e em outros cômodos que já recomendei para os servos. Todos aqui sabem que você é minha protegida, e ninguém em sã consciência desobedeceria a uma ordem minha, evite arriscar a sua vida, eu não quero matar ninguém agora, ainda mais sendo os servos do meu irmão. Estão servindo você direito? Tem o que precisa aqui?

— Sim! E até mais do que preciso... não estou acostumada com isso, eu sirvo os meus patrões há anos, mas nunca provei disso... ser tratada assim. E não se preocupe, eu não vou pôr em risco a minha vida, e nem fazer você matar ninguém por minha causa.

— Seja obediente e logo terá sua recompensa, e se eu matar alguém não será você o motivo, e sim a desobediência de não cumprirem a minha ordem! Não pretendo mantê-la aqui contra a sua vontade, quando quiser ir, me fale. A sua mãe está tranquila, em paz, ela tem a minha palavra que você está sendo bem tratada e que voltará com saúde e segurança para os braços dela.

Muito obrigada!...

Sim, você poderá conversar com ela todos os dias, dará notícias suas, exclusivamente suas e nada mais! — Jacques ouviu o pensamento de Eliza, ela ia perguntar se poderia falar com sua mãe por telefone de vez em quando, mas teve medo de perguntar.

— Obrigada! — Eliza olha para Jacques com admiração e um pouco mais.




— Agora, alimente-se! Preciso que fique bem nutrida. Poderá pedir para comer o que desejar, você está muito magra, eu quero que se alimente bem, a serva protetora se encarregará de atender aos seus pedidos.

Eliza obedece imediatamente.




Depois de conversarem, e Eliza ter se alimentado, era a vez de Jacques se alimentar do sangue dela, que era limpo e nutritivo para ele, além de alimentá-lo, proporcionava prazer, por ter gostado dela de imediato quando a provou pela primeira vez.





— Não fique com medo, eu não a machucarei!

— Não estou...

— Está sim, não pode esconder suas emoções de mim, criança. Eu a farei sentir prazer todas as vezes que me alimentar de você, vai gostar muito dos dias de servir a Jacques Astaroth!




Jacques crava seus dentes na pele fina e delicada do pescoço de Eliza, chupa o sangue com sede, liberando uma toxina que causa prazer, Eliza não sentia dor, e para ela poderia ser viciante dependendo da quantidade liberada na mordida, mas Jacques sabia a quantidade certa, ele não queria que Eliza ficasse dependente.




Jacques, toma somente o que precisa, não deixando escorrer uma única gota de sangue, depois de beber a quantidade que precisava, mas não o suficiente para satisfazê-lo totalmente, pois se assim o fizesse, precisaria drenar totalmente Eliza, e isso causaria a morte dela.

Ele cura a ferida do pescoço dela, a reconforta trazendo paz e tranquilidade, o corpo e mente de Eliza estava bem.





Agora ele deixaria Eliza para descansar, mas ela pede por sua atenção.

— Jacques, não vá agora?! Vamos conversar um pouco mais?

— Eu não tenho mais o que conversar com você agora, Eliza, a não ser que tenha algo para me pedir, alguma coisa falta a você?





— Não! Mas... Eu me sinto bem quando você está por perto. Podemos ficar um pouco, juntos?

Agora não podemos, apesar de não estar ouvindo os seus pensamentos nesse momento, sei bem o que você está querendo. Tenha paciência, breve estarei com você novamente.




— Você pode ouvir os meus pensamentos, ou ler... não sei bem o que vocês fazem, mas sei que gostam da permissão das pessoas para isso. Tem a minha permissão, assim saberá o que eu quero já que eu não tenho coragem de falar.

Agradeço por confiar em mim, eu posso ter acesso a sua mente sem pedir, mas sim, gosto de ter a permissão; e não, eu não posso fazer sexo com você agora, você ainda é virgem, terei que ter mais do que apenas controle.

Então você já leu?...

— Não precisei, estou sentindo o cheiro do desejo vindo de você, mas terá que esperar...  Além dos deveres que me aguardam, não sei se estou preparado para ter relações com uma humana agora, passei muitos anos sozinho, em privações... Você me parece frágil ainda.

Eu sou mais forte do que você pensa!

— Criança... não me teste, eu sei o que você é capaz de fazer, mas você não sabe o que eu sou de verdade...





Eliza queria algo mais do que apenas servir de bolsa de sangue, ela estava se apaixonando por Jacques, mas ele não pensava em manter nenhuma relação amorosa com ela, e nem com ninguém. Ele estava acostumado a ter relações sexuais com humanas, e até gostava, diferente dos irmãos, acontece que Jacques estava receoso, já faziam 200 anos que não tinha relações com ninguém, seja humana ou vampira, e ele temia em não se controlar e ferir ou até matar Eliza, isso não podia acontecer, ele tinha dado a sua palavra para a mãe de Eliza, e a palavra de Jacques Astaroth, valia mais do que uma vida, era um código de honra entre os Astaroths.

Por favor, Jacques?

— Eu tenho que ir agora!

— Mereço pelo menos, mais um beijo?

— Eliza... Você é tão inocente.

— Só mais um, por favor?!





E Jacques atendeu ao pedido de Eliza, ele tinha um controle mental muito grande, os demais vampiros não costumavam se controlar, misturar prazer sexual com a comida, não dava muito certo. Eliza era pura, inocente, mal sabia do perigo que poderia correr excitando um vampiro, por assim dizer, no entanto, ela estava segura por ser Jacques Astaroth, ele quem a possuía no momento.






"É como torturar a mim mesmo, uma mistura de prazer e dor... Tão doce é o cheiro do sangue dela, o som da pulsação, dos batimentos acelerados do seu coração, o cheiro do prazer que sinto vindo dela, se eu levantar o vestido e tocar a sua parte íntima, posso me deliciar com o mel da excitação. Tenho que me controlar... é só uma criança, deliciosa e inocente, Eliza".





Todas as pessoas eram crianças para eles, não por serem realmente como crianças, mas pelo pouco tempo de existência, já que eles eram seres milenares.
Por alguns segundos, Jacques relaxou e esqueceu de suas obrigações, sentiu o prazer do beijo e do desejo vindo de Eliza e saboreou aquele momento. Mas logo depois fez com que ela dormisse, Hakon não poderia esperar Jacques satisfazer seus prazeres carnais.





"Prometo saciar os seus desejos até a sua completa exaustão, mas o meu irmão vem em primeiro lugar, mesmo antes de mim".





Ele sussurrou uma frase, quase inaudível no ouvido de Eliza, e ela desmaiou, dormiu imediatamente.






Eliza descansaria, mas Jacques pretendia voltar o mais breve possível.




Enquanto isso na prisão: "A Rocha".

— Preparei essa sopa com ovos que você adora, vamos sentar um pouco e conversar mais, o nosso pai está seguro, eu confio plenamente no príncipe Hakon.

Obrigada Renata, mas eu não estou sentindo fome. E sei que ele está bem, porém, eu tenho que voltar logo para o Clã Raziel, já se passaram dois dias que eu saí para procurá-lo, Higor deve estar desconfiado com essa demora, não falei com ele ainda.




— Vocês dois assumiram o romance?

— Ainda não... não publicamente, mas você sabe...  gostamos um do outro.

— Mas Raquel... sabe que agora é diferente, terá que deixar Higor, você é a prometida de Hakon, só você pode dar filhos com a essência pura a ele... e nós todos estamos ansiosos por isso... Raquel...

— Renata!! por favor pare! Eu não quero falar sobre isso agora, e não gosto de ser a prometida dele, não sou uma reprodutora de filhos paranormais, eu não quero ser isso!... isso que vocês dizem que eu sou... só quero ser eu mesma de novo.

— Sei que está assustada, mas entenderá que, "isso", é muita coisa boa, você é maravilhosa minha irmã, sempre soube disso... Você sempre foi especial Raquel.

— Não foi bem assim, vocês sempre foram especiais para mim... Me adotaram e me amaram, como uma de vocês, você é minha irmã... sempre me amou do jeito que eu sou, eu não poderia fazer diferente agora.




— Sinto um arrependimento, por não ter falado com você. E sobre a nossa mãe?!... Eu sei que ela está em uma dimensão livre de sofrimentos.

— Nada de arrependimentos sobre o passado, não podemos voltar lá!... Vamos tentar viver um dia de cada vez... eu ainda não sei como, mas vou organizar a minha vida de novo.





— Nós vamos viver em paz de novo sim, Raquel, minha linda irmã nerd.
— Essa sou eu! 





No meio da conversa das irmãs, Hakon chega.





Ele presencia a felicidade das duas, e principalmente a de Raquel, ele sente as emoções dela de um jeito intenso.
"Preciso me acostumar com essa ligação que tenho com ela, não quero parecer envolvido demais!".





— Me desculpe interromper esse momento fraternal, mas preciso conversar com você Raquel.
— Pode falar "Príncipe Hakon Astaroth", estamos ouvindo.





A incrível Raquel, pronunciando o meu nome? Não sabe a sensação que eu tenho, ouvindo você falar dessa forma. Não sou mais o príncipe dos demônios?

Ainda é sim, mas estou em dívida com você! E sei que você gosta de ser engradecido, bajulado, até mesmo adorado, não é?

— Confesso que sim, não só você, mas a humanidade e os demais seres me devem isso! Mas... vindo de você, dá mais prazer em ouvir, um gostinho especial.

Você não sabe o significado da palavra, humilde, não mesmo!! O que você queria conversar comigo?




Hakon dizia a Raquel que os caçadores tinham ido atrás dela e do seu pai na floresta, mas ele já tinha mandado tirar tudo que estavam lá. As coisas do acampamento próximo do lugar onde aconteceu a luta, tinham sido recolhidas, e o sangue que ficou pelo chão do lugar, já tinha sido limpo. Não existia nenhum vestígio, eles não encontraram nada lá, Hakon teve que retirar a cabeça da criatura que foi empalada do lugar também, ele teria deixado assim para servir de exemplo para os seres que andavam por ali.

— Então terei que falar que mudamos o local de acampamento, e demoremos um pouco para voltar?! Mas e quanto ao que meu pai vai lembrar? Será que ele não lembrará mesmo?

— Tem a minha palavra. Ele só lembrará do que coloquei na mente dele, e preparei para que lembre desse detalhe: Vocês pescaram e tiveram bons momentos, como pai e filha, em um local de difícil, mas não impossível, acesso, por isso a demora.





— Você sempre pensa em tudo?... Obrigada, Hakon... Acho que a minha dívida com você aumentou! Agora preciso voltar para o clã.

— Espere!... Você realmente está em dívida comigo, e eu pretendo cobrar!

— Eu sabia que a sua, suposta bondade, iria acabar a qualquer momento!... O que você quer??

— Favores! Apenas isso, nada demais não se preocupe.

Dever favores ao diabo em pessoa, não é uma coisa muito boa. Manda!

— Fico lisonjeado, mas não sou tão poderoso quanto Lúcifer! Na verdade, ele não é o diabo como a humanidade o ver. 




Hakon pediu um favor a Raquel, mas tudo que iria fazer era para conseguir se aproximar dela. Ele pediu para que Raquel o ajudasse a viver entre os humanos, ele disse a ela que queria conhecer os humanos, convivendo com eles, e queria que ela mostrasse um pouco sobre a vida moderna, pois ele era um ser milenar, porém, não participava de atividades da época, um véu mágico separava as criaturas sobrenaturais dos humanos, para mantê-los seguros. Ele deixou que Raquel sentisse a sua aura, sua energia, e ela viu e sentiu que ele não representava um mal a humanidade, não naquele momento, mas Raquel não confiava nele, afinal, Hakon era um ser que se alimentava de sangue humano, e se o clã dos caçadores descobrisse o que Raquel estava fazendo, ela seria executada sem piedade, assim ela acreditava, pois era a punição para os traidores.

— Não entendo o porquê de você querer viver entre nós, os humanos, já que nos acha tão patéticos?!

— Você me fez querer isso.

— Não vai rolar! Eu e você, esse negócio de prometida, reprodutora, não!




— Raquel... você está em dívida comigo, e se temos dívidas, devemos pagá-las! Do que tem medo? de ceder?... você tem medo de se apaixonar por mim? porque eu prometo, dou minha palavra que não ultrapassarei seus limites, e minha palavra é mais do que lei!

Você pensa mesmo que é tão irresistível assim? Não é isso!!... Não tenho medo de você, já disse.

— Então, já que não há o que temer, vai pagar a dívida?

"E agora?... Não posso dizer que não, mas ele me perturba, não sei o que é... será essa Tessa?... não creio que isso possa me dominar!... Vou ter que aceitar!".




— Tudo bem vou aceitar! Mas teremos regras! Que serão conversadas ainda, e não poderá morar comigo!... Eu já tenho namorado, e ele não vai entender e nem gostar de ver você morando no meu apartamento, ele até pode descobrir que você é um vampiro... na verdade terá que mudar esse visual.

— Aquele caçador, não é seu namorado, qualquer vínculo afetivo que você teve com ele acabou!

Desse jeito não vai dar certo! Você ainda tá com essa ideia de que eu pertenço a você não é?

— E pertence! Aceitará de forma natural, não a forçarei a fazer nada, como eu já disse antes.

— Não importa o que você pensa sobre o meu relacionamento com Higor, desde que cumpra sua palavra de não me forçar a nada, e terá que prometer, que não vai matar nenhum dos meus amigos caçadores!

— Não matarei se eles não merecerem!

— Hakon, prometa!

— Tudo bem... Prometo!




— Os caçadores são criaturas fracas e ignorantes. Aquele caçador, não vai descobrir nada, ele é incapaz de quebrar até mesmo o mais fraco dos nossos feitiços, se eu quiser ele pode me ver dessa forma que ainda assim não descobriria, mas concordarei com as suas regras, Raquel.

Que tipo de feitiço encobriria o seu cheiro e a sua aparência?

— Você não gosta do meu cheiro e da minha aparência? Não estou usando feitiço algum!

— Não importa se gosto ou não! — Raquel recupera a postura — Bom, muito bom então... Terá que mudar as roupas góticas e antigas demais, colocará lentes, e o cabelo?... Acho que não precisa mudar, a cor da sua pele também está normal, só esses dentes e olhos vermelhos... O que você vai fazer?

— Não se preocupe criança, eu farei a minha transformação, não precisarei usar nada artificial, posso me transformar, mudar a cor dos olhos, do cabelo... enfim, posso me transformar em outra pessoa.

— Sério??... — Raquel ficou admirada, surpresa com o tamanho do poder que Hakon tinha, e ela nem sabia de metade do que ele era capaz de fazer — Mas não precisa! Você só muda um pouco mesmo... é que, já estou acostumada com você assim. "Que não leia os meus pensamentos, mas eu gosto da aparência dele, se não fosse um demônio".




Raquel pensou com tanta intensidade que ele acabou ouvindo.
"Terei que me corrigir, não posso ficar ouvindo sem a permissão dela, mas é interessante saber que gosta de mim assim".




Hakon e Raquel entraram em acordo. Ele iria viver entre os humanos por alguns dias, queria conquistar a confiança de Raquel, e também protegê-la, afastá-la do clã, e fazer dela sua rainha.





Continua...

Comentários

  1. "Como criaturas do mal, das sombras, conseguiriam amar daquela forma" tá nos filmes! Os humanos sempre julgam como maus (ou como inferiores) seres que não entendem.

    "e só dormia depois de mim, porque eu tinha medo daquele pesadelo do demônio embaixo da cama... coisas de crianças" Não sei nas suas histórias más nas minhas ele existe mesmo.

    "Raquel aceitou o que a irmã se tornou, ela não a odiava, não sentia a energia negra em Renata, e na teoria, traiu o seu clã, estava escondendo uma criatura das sombras recém transformada, e o pior e mais grave, estava protegendo-a" Em teoria isso é bem ruim. Na prática deve ter alguns que não gostam de ser vampiros e que foram transformados contra a vontade.

    "Você não sabe o significado da palavra, humilde, não mesmo" Essa precisa conhecer o Zorak Straud.

    "Dever favores ao diabo em pessoa, não é uma coisa muito boa. Manda!" Mal sabe ela que Lúcifer só fica lá no quentinho do inferno fazendo o trabalho dele. Sério! Ele deve ficar p... com isso. Além do trabalho ruim(que foi merecido) os humanos ficam culpando ele pelas merdas que acontece.

    Bem romântico esse Hakon -sqn

    "Que não leia os meus pensamentos, mas eu gosto da aparência dele, se não fosse um demônio" EITAAAAA!!!! ( ͡° ͜ʖ ͡°)

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    1. Obrigada Tatsumi. Acho que agora Hakon e Raquel vão se entender né? Será??

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