Black Wings 15




Essa história é meramente fictícia, foi escrita e inventada por mim.
Usei referências de muitas histórias, filmes, livros e lendas.




Domingo, verão.
Depois de sair da casa da Giovana, Marcela e sua filha Lua foram para a praça de Oasis Springs que ficava próximo de onde moravam.




— Não podemos ficar muito tempo, eu ainda tenho que ir no mercado.
— Vou brincar só um pouquinho, tá bom?
— Tá bom minha filha, vou sentar enquanto você brinca, mas já sabe que quando eu chamar é pra ir sem reclamar, hein?




Marcela se senta no banco da praça para esperar a filha brincar.
Do outro lado da praça, em frente Marcela estava sentada uma senhora que não parecia ser moradora do bairro, ela estava bem vestida demais e observava as crianças brincarem.



“Eu nunca vi aquela mulher aqui, que estranha… ela tá olhando as crianças brincando, será que uma delas é algum neto ou filho dela?… Acho que não, eu conheço todas essas crianças e os pais não estão aqui, mas elas moram por perto. Quem será essa mulher?” — Marcela estava desconfiada com a presença da senhora bem vestida.



Além da mulher misteriosa, outra pessoa incomum aparece na pracinha.





Levi, foi até a Terra (dimensão 5), sem avisar para Ravi, ele queria ver a sua filha mesmo que fosse no anonimato. 
Levi estava sem as asas, os anjos só as usavam quando estavam a serviço, elas serviam para conduzir mais energia celestial aos soldados e as asas de guerra eram usadas como armas, tinham pontas afiadas como espadas e eram duras como aço, mas nenhum aço da terra se comparava com o material das asas de guerra. Levi poderia assumir a forma humana (que não era muito diferente da forma de anjo em aparência física) e poderia aparecer para Marcela e Lua, conversar com elas sem causar nenhum dano, no entanto, ele não aparecia porque não queria que Marcela lembrasse dele.
“Como ainda posso amar a Marcela, não sou digno… depois de ter a feito passar por tantos sofrimentos.”





Marcela ainda olhava para a mulher misteriosa, ela temia pelas crianças que brincavam no parquinho, mas algo alertou o seu instinto defensivo de mãe e estava querendo ir embora com a filha. Olhava em direção aos dois, Levi e a mulher, porém, só conseguia ver a mulher. Enquanto decidia se saia da pracinha com a filha, Marcela lembra do que Lua falou para Giovana, e de como ela ficou estranha com as duas.
“Não sei mais o que faço pra esconder esse jeito da minha filha, eu não posso explicar que essas coisas que ela faz e diz, que são dons dados por Deus. Só sei que as pessoas estão notando que ela é diferente das outras crianças. O que eu faço meu Deus?… Eu preciso trabalhar e ajudar nas despesas de casa, o Diogo não está ganhando bem como antes, as coisas estão ficando cada vez mais difíceis. Tenho medo de deixar a Lua sozinha com outras pessoas.”




Marcela estava preocupada com sua filha, Lua estava desenvolvendo seus poderes, ela previa acontecimentos. Um dia quando voltavam da escola um cachorro atacou ela e seu meio-irmão, Lua gritou e os olhos ficaram brilhantes azuis intenso, o cachorro caiu sangrando pela boca e ouvidos, o grito dela foi na linguagem dos anjos e até seu meio-irmão passou mal, mesmo sem intenção ela o feriu também, e ele precisou ser levado ao pronto-socorro. 
Chegando em casa depois do acontecido, e o meio-irmão de Lua já estar bem, eles contaram o que aconteceu. Flávio não lembrou totalmente do que aconteceu, todos pensaram que ele havia sido atacado pelo cachorro, porque também sangrou pela boca, mas logo constataram que ele não estava ferido externamente, os médicos não entenderam nada e o garoto recebeu alta, mas Lua contou a verdade para sua mãe.
“Eu sei que tenho que proteger e cuidar dela, mas ela vai ficar bem enquanto trabalho, é uma criança ótima e inteligente, e também é só meio período, não vamos ficar separadas por muito tempo.”




Levi ouve os pensamentos de Marcela, ele sente a aflição e o medo dela.
“Preciso ajudar as duas, tenho que proteger a minha filha, mas como farei sem alertar os rastreadores?”




“Eu sei! E posso ajudar vocês!” — A mulher misteriosa responde a Levi, mentalmente.





A mulher misteriosa consegue não só ouvir, mas também falar com Levi, ela pode ver ele.
“Quem é você e como consegue falar comigo?” — Levi pergunta para ela, curioso e muito surpreso por não notar que a mulher possuia uma energia diferente.
“Sou uma amiga, não precisa temer!”
“Você é muito pretensiosa! Não a temo, é uma humana e já está idosa, apenas estou surpreso em saber que consegue me ouvir e falar comigo sem consequências nenhuma!”
“E também posso ver… Você está cheio de angústia e preocupação, a tristeza tira a transparência da sua alma, torna você visível e audível para nós!”




“Nós?… Tem mais iguais a você?”
“Tem, sim, não muitos… Eu até ignoraria a sua presença, mas você é o pai da menina nefilins e o motivo de eu estar aqui, é ela.”
“O que você quer com a minha filha? Ainda não respondeu quem ou que você é!”
“Irei explicar tudo para você, mas tem que vir comigo!”
“Para onde?”
“Vem comigo, ou não?”




Levi concorda em ir com ela, afinal, que perigo representaria para ele? Se quisesse, poderia até forçá-la a falar, mas estava querendo ver para onde ela o levaria.



Hospital de Brindleton Bay.





Emanuelle, ainda estava de férias, naquela sexta-feira à tarde ela foi visitar o hospital onde trabalhava, estava com saudades da rotina de trabalho.






— Boa tarde, doutora Emanuelle, que bom ver você de novo!
— Boa tarde, Márcia, é bom ver você também, já estou sentindo falta do trabalho.
— Também estamos sentindo sua falta, os seus pacientes perguntam muito por você. Quando vai voltar?




  — Só mais uns dez ou quinze dias no máximo, aí eu volto a trabalhar! Agora deixa eu ir ver o resto do pessoal. — Emanuelle, fica feliz em estar no hospital onde trabalha, nem que seja só para uma breve visita.




Deixou a recepção e foi em direção aos quartos da ala infantil, onde Valentina gostava de ficar.




Encontrou uma técnica de enfermagem no lugar de Valentina. Mirian.




Mirian cumprimentou Emanuelle, e apresentou a paciente Andressa, ela estava internada há três dias e se recuperava de uma crise alérgica, a criança estava acompanhada do seu pai. Emanuelle conversou com a criança e com o pai, brincou um pouco com ela, se despediu e seguiu para ver os outros colegas.




Eles estavam no refeitório, os outros médicos e enfermeiros estavam nas salas trabalhando.




— Doutora Manu?! Você já vai voltar a trabalhar? — Bruno pergunta animado ao ver Emanuelle.





Emanuelle se senta com os amigos e todos conversam, entre eles estava outra enfermeira. Bianca.
— Você vai voltar quando Manu? — Lívia faz praticamente a mesma pergunta que Bruno fez.
— Faz muita falta aqui viu, doutora? — Bianca fala para Emanuelle.




— Vocês são uns amores! Eu queria voltar logo, mas meu irmão ordenou que eu ficasse um mês inteiro de férias!
— E ele está certíssimo, você estava se matando de trabalhar, precisava descansar urgente! — Valentina fala para Emanuelle.
— Por mais que eu queira que volte logo, tenho que concordar com a Valentina. — Bruno concorda.
— Também não é pra tanto né, gente? Eu já estou ótima! — Emanuelle retruca.
— Isso é bom, mas descansa mais, lembra do susto que você deu na gente? — Lívia relembra o dia que Emanuelle desmaiou no estacionamento.
— Sim, eu lembro, mas não gosto. Lembrar daquele dia é tão estranho… — Emanuelle, ainda estava confusa quanto ao que aconteceu naquele dia.




Conversou com todos e seguiu para o escritório do seu irmão.




Edson estava conversando com um médico, um possível novo membro da equipe.




Chegando ao escritório, Emanuelle bate na porta e Edson pede para que ela entre.





— Boa tarde! Eu não sabia que você estava ocupado, me desculpa! Volto outra hora.
— Imagina Manu! Fica, quero que conheça o novo médico da equipe.



— Emanuelle, esse é o doutor Jorge Gael Alcântara, médico geriatra que vai trabalhar no hospital. E doutor Jorge, essa é a doutora Emanuelle Torres, nossa cardiologista, é minha irmã.



— É um prazer conhecer você, doutora Emanuelle.





— O prazer é meu, seja bem-vindo! Eu não sabia que teríamos um novo membro na equipe. — Ela fala surpresa com a notícia.
— Estou feliz em trabalhar com profissionais excelentes como vocês! 
— Obrigada, mas eu estou exercendo minha profissão recentemente, estou longe da excelência profissional.
— Você, além de bonita, é humilde. Apesar de ainda não conversar com os outros médicos e enfermeiros, seu irmão me falou muito bem de todos e principalmente de você.




— Obrigada. Mas ele não conta muito, o diretor do hospital é meu irmão e falaria bem de mim de qualquer jeito mesmo.
— Não é bem assim, Manu, não é porque é minha irmã que falei bem de suas qualidades e de seu profissionalismo, falei apenas a verdade! — Edson se defende.




Em Oasis Springs.
Levi e a mulher misteriosa andaram até um local mais longe da praça, eles deixaram Marcela e Lua. A mulher entregou uma pedra brilhante para Levi e pediu para ele abrir um portal, na pedra continha a energia com as coordenadas para onde teriam que ir.



Logo percebeu que a mulher não era apenas misteriosa, ela possuia o conhecimento de magias e energias celestiais. Então ele abriu o portal para os dois poderem passar e foram para uma ilha.





Ela levou Levi, até um local que servia de escola.





A essa altura Levi já havia percebido que ela não era uma humana comum.
— Você conseguiu viajar pelo portal, mas isso não foi surpresa para mim. Conseguiu me ver, ouvir meus pensamentos e ainda falar comigo mentalmente, sabe como armazenar energia local e transformar em chave. Agora para o seu bem, me responda sem enrolação. Quem é você e o quer com a minha filha?




— Eu sou um anjo que fugiu do plano celeste, moro na Terra há 300 anos, o meu nome é Uriel!
— Como conseguiu fugir?… Morar na Terra e não ser localizada?
— Renunciei à minha energia. Você não percebeu que as luzes dos meus olhos se apagaram?
— Sim, eu percebi, mesmo assim pode ser rastreada, um ser celeste não se esconde tão fácil. E por que você fugiu? Como conseguiu sobreviver sem a energia? Os anjos precisam da energia dos cristais celestes, se não morrem!
— Nós conseguimos viver sem os cristais, os deuses escondem muitas informações importantes, eles não nos contam a verdade sobre nós mesmos, contam mentiras para nos controlar! Eu era um anjo burocrático, não usava minhas asas porque não precisava delas, servia aos deuses diretamente, obrigada a esconder informações de outros anjos… me cansei do meu exaustivo e menosprezado trabalho, nunca somos reconhecidos pelo que fazemos, os anjos que conseguem se destacar são os guerreiros ou os da guarda celeste.





— Isso não é verdade!
— Com que frequência você conversa com anjos burocráticos?
— Não temos acesso a eles, ficam com os deuses.
— Exatamente! E eles vivem confinados, pois não podem sair do local de trabalho e nem tem tempo para conversarem entre si, não vivem em repúblicas como vocês, os deuses os mantêm sob seu extremo controle, eles sabem da verdade que escondem, porque temos informações que vocês não podem saber.
— A que Deus você servia?
— Ao Deus Tyr, entre outros… As informações são compartilhadas entre eles.
— Mas o Deus Tyr, é justo e misericordioso!
— Você o conhece? Trabalhou ou conviveu com ele?
— Não.




— Você sabe que os deuses procuram anjos para satisfazê-los, para lhes dar prazer, tanto os deuses como as deusas.
— Eu já ouvi falar…
— O Deus Tyr, faz isso com frequência com os anjos burocráticos, já que estamos sempre ao seu alcance, sempre disponíveis, é o que ele pensa. Resumindo: eu vim para a Terra, sabia que os humanos eram semelhantes a nós, me cansei de servir sem questionar. Chegando aqui me fascinei, passaram-se dias e fui enfraquecendo até não conseguir abrir um portal para voltar, mas isso não foi ruim, porque eu não queria voltar. Perambulei pela terra na forma humana, perdendo ainda mais minha energia celeste, depois de cinquenta anos aqui, fui encontrada por um anjo rastreador, ele até tentou me levar de volta e conseguiria se não fosse por Caim, um humano do começo da história da humanidade, ele me ajudou a escapar do anjo, o expulsou e me retirou do local, me ensinou o que eu precisava para sobreviver, e para não ser mais rastreada decidi me livrar da luz dos meus olhos.
— Caim ainda vive?… Como expulsaram o anjo rastreador?
— Não ferimos ele se é o que está pensando, o mandamos de volta por um portal aberto no último momento. Caim ainda tem muitos poderes e pode abrir alguns portais, não para o plano celeste, mas para outras dimensões paralelas, Caim o empurrou para dentro do portal e fugimos.
— Entendi, mas isso é preocupante! Caim ainda viver e poder abrir portais?… E que lugar é esse, por que me trouxe aqui?
— Esse lugar é onde sua filha vai viver, é uma instituição para nefilins!
— Tem nefilins vivendo nesse lugar? Impossível! Eu sentiria as energias híbridas!



— Não consegue sentir porque selamos a ilha com um escudo protetor. Precisamos proteger as nossas crianças! Na verdade, aqui é um abrigo, nós rastreamos os nefilins e trazemos eles para cá, e para outras instituições como essa tem uma em cada país. Cuidamos deles.




  
Oferecemos educação de alta qualidade.




Treinamento e preparação física.




Contamos com excelentes professores que também são nefilins, contudo, são bem pagos para treinar os que chegam aqui.




Alguns de nossos professores moram com a gente e outros moram nas cidades, e todos trabalham com amor. Temos professores de artes, informática, idiomas entre outras matérias.




Cuidados médicos especializados, vida decente e digna, uma chance de sobreviverem caso sejam caçados pelos anjos executores.







— Trazer sua filha para morar aqui será a melhor opção, ela estará bem protegida e cuidada, aprenderá usar os poderes que tem sem medo e riscos, sem precisar se esconder, terá com quem brincar, também temos crianças da idade dela.
— Não sabia existirem tantos nefilins, e uma instituição que cuidassem deles. O que vocês ganham com isso?
— Os nefilins são ótimos soldados, você sabe que eles são poderosos e é por isso que os deuses querem exterminar cada um, eles temem que um dia os nefilins possam invadir o plano celeste.
— Isso não seria possível, seria?…
— É possível! Mas ainda não encontramos um nefilins tão poderoso e nem temos interesse em invadir o plano celeste, só queremos que as crianças vivam em paz na Terra, o nosso interesse na dimensão 5 não é poder celeste, mas sim interesses financeiros. Altos cargos do governo é ocupado pelos nefilins, eles continuam suas vidas depois de saírem dos institutos quando são considerados aptos para viver entre os humanos normais.





— E o que fazem quando não são considerados aptos?
— Executamos! Você sabe que um nefilins pode se transformar em um demônio de alto nível de maldade, eles não podem viver entre os humanos dessa forma.
— Eu sei, e temo pela minha filha, ela ainda vai passar pela puberdade, é nessa fase que se transformam.
— Ela terá chances se vier para o instituto, traga-a imediatamente! Se restou alguma dúvida sobre o que eu disse, entre para conhecer as outras crianças e veja como sua filha viverá.
— Se eu decidir trazer Lua, o que vai acontecer com a mãe dela? Eu não tenho certeza se Marcela vai se acostumar a viver sem a filha.
— Ela vai superar o desaparecimento da filha, vai sofrer por uns dias, mas superará, as outras mães superaram, afinal, estamos fazendo o bem para a criança.
— Crianças sumindo, isso é comum? Elas simplesmente desaparecem?
— Crianças somem todos os dias no mundo todo, são mortas, sequestradas, escravizadas, e até servem de alimentos para algumas criaturas sobrenaturais, são presas fáceis!
— Isso é cruel demais!
— Sim, é cruel, mas é a realidade desse mundo, nós tentamos combater esse tipo de coisa.
— E quanto as crianças, elas conseguem aceitar se separar das mães?
— No começo é bem difícil, algumas sofrem mais do que outras, mas depois quando compreendem que estão fazendo o bem para suas mães, elas se adaptam e superam ter que viverem sem elas. Todos os nefilins saem daqui bem estruturados na vida, são ótimos profissionais: médicos, policiais, governantes, grandes empresários, professores, cientistas entre muitas outras profissões, e todos contribuem com nossas instituições.




— Pensarei no assunto e nos falamos em breve! 
— Até mais anjo Levi Purah! Não me disse o seu nome, mas conheço você.
— Eu sei, a maioria me conhece.
— Mantenha sigilo sobre nossas crianças, não conte para Ravi Metatron, ele pode não entender o que estamos tentando fazer.



— Você sabe que vou manter sigilo, Uriel… Não tenho outra escolha!
— Traga Lua, o mais rápido possível, quanto mais cedo ela vir mais chances terá!
— Eu sei, só vou pensar o que fazer com Marcela, ela já sofreu demais, não quero que sofra com isso também.



Continua...


Comentários

  1. Caramba! Já vi que essa escola de nefilins é mais radical que a AIS da minha história quando o assunto é proteger os alunos.

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    1. Sim, eles tem que correr contra o tempo, já que existem anjos rastreadores. Obrigada Tatsumi!

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  2. Por essa eu não esperava! Uma escola para neflins? Humm Levi vai ter que entrar em contato com a filha pelo visto. Curiosa...

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