Black Wings 10



Essa história é meramente fictícia, foi escrita e inventada por mim.
Usei referências de muitas histórias, filmes, livros e lendas.



Noite de domingo. Verão.
Boate Nefertite:




Ravi observava as pessoas da boate e reconheceu Emanuelle, estando na sua forma humana, não poderia ver os humanos como energia, mas podia sentir e até ouvir os pensamentos de cada um, focando em qual quisesse ouvir, no entanto, Emanuelle era uma incógnita para ele, sua mente não podia ser ouvida.




— Me dá licença um minutinho, eu preciso sair um pouco?! — Emanuelle, cansada das investidas insistentes de Maicon, decidiu ir embora sem Lívia.





Ela se levantou e saiu.
“Amiga da onça, ela vai mesmo embora?” — Lívia, ficou chateada ao ver Emanuelle sair sem ela.
“Chamei várias vezes e ela não quis ir, não gostei daquele gorila, vou embora mesmo!” — Emanuelle sabia que a amiga não ia gostar, mas decidiu que Lívia se divertiria melhor sem ela ali.



Já eram 2:00 da madrugada. Emanuelle estava mesmo cansada, não queria deixar Lívia, mas também não aprovou a atitude dela.




Ela não foi para a boate no seu carro, teria que chamar um táxi, no entanto, não queria ficar esperando ali na frente, então caminhou em direção à rua mais próxima.



Maicon não aceitou o “não” de Emanuelle, mesmo ela deixando bem claro as intenções dela com ele, recusou diversas vezes seus convites para dançar e não se aproximou mais do que o espaço da mesa entre os dois.




— Emanuelle, você já vai embora e nem se despediu de mim? — Maicon decidiu ir atrás, tomar satisfação por ter sido rejeitado.





— Eu me despedi de você!
— Disse que ia sair um pouco, e não ir embora.
— Pois é, mas resolvi ir. Algum problema?
— Você não gostou de mim, eu não faço o seu tipo?
— Olha Maicon, eu disse que não tô afim de ficar com você!




— E você queria ficar com quem, com o Kaio?
— O quê?
— Se não queria ficar comigo, por que ficou me enrolando o tempo todo?
— Eu enrolando você?… Outro crianção, eu mereço mesmo! Dá licença, estou cansada e preciso ir.



— Crianção? Ah, vem cá, eu vou te mostrar que sou muito homem, não tem nada de criança em mim!
— Me solta, seu idiota!
— Eu sei que é disso que você gosta, homem com atitude, com pegada, né? 



— Eu já disse para me soltar, seu imbecil! — Emanuelle empurra Maicon e o golpeia no estômago com o cotovelo, fazendo-o recuar.
— Se afasta dela! — Ravi apareceu repentinamente. Ele havia seguido os dois, viu quando Emanuelle saiu e logo em seguida Maicon foi atrás, Ravi conseguia ouvir os pensamentos dele, enquanto conversavam no bar, e as intenções de Maicon com Emanuelle eram apenas carnais, só queria sexo e prazer.
— Quem é esse? É o que ia te levar pra casa, você chamou ele né? Por isso não queria ficar comigo! — Maicon pensou que Ravi fosse conhecido de Emanuelle.
— Não… mas eu acho que conheço ele…  



“Eu só posso estar louca, mas ele é igual ao… — Emanuelle lembra do rosto que viu na fogueira — Não pode ser! Calma Emanuelle, você não pode perder o controle agora!”





— Tá afim dela, idiota? Entra na fila! — Maicon não queria facilitar para Ravi.
— Você é tão insignificante seu verme! — Ravi, estava tentando não perder o controle, ele poderia matar Maicon facilmente, tanto por sua força sobrenatural quanto por sua vontade, naquele momento se tivesse o livre arbítrio, se fosse a sua decisão, ele o mataria.
— Sai fora otário! Eu e ela estamos juntos e só conversando, não se meta!



Ravi, fechou os punhos na tentativa de conter sua ira, mas não adiantou. Os pensamentos de Maicon eram cada vez mais sujos.




Ele deu um único golpe sem esforço algum no pescoço do frágil Maicon.




E Maicon caiu sem reação alguma, enquanto Emanuelle ainda estava em choque pela aparição de Ravi.





— Você está bem? — Ele se preocupa com ela.
— Estou sim… Você não matou ele, né?
— Só o deixei inconsciente, vai ficar sem falar por uns dias depois que acordar.




Apesar de um pouco preocupada por ter uma pessoa inconsciente e que estava precisando de cuidados médicos, Emanuelle não conseguia tirar os olhos de Ravi, e ele percebeu o jeito como ela o olhava.
— O que foi, queria que eu deixasse ele fazer o que tinha em mente com você? — Ravi estava confuso, não conseguia desvendar Emanuelle, ela realmente era um mistério para ele, nunca houve nenhuma mente que não pudesse ouvir.
— Não, e muito obrigada por ter me ajudado… sabe, eu tenho a impressão que já te conhecia de outro lugar…
— Não, você não me conhece, eu nunca vi você, e precisa tomar mais cuidado ao escolher suas amizades!




Emanuelle, sai de seu transe e olha para Maicon que estava caído no chão.
— Ele não é meu amigo, eu conheci na boate… uma amiga me apresentou, mas não queria ficar com ele. Será que continua respirando mesmo, eu vou conferir!



Apesar de não ter achado ruim que Ravi tenha dado o que Maicon mereceu, o seu lado profissional falou mais alto e ela foi conferir se ele estava respirando.

— Ele está bem, mas vou chamar uma ambulância, provavelmente terei que falar com a polícia.



— Deixe-o aí mesmo, vai acordar em um certo tempo, e ficará bem.
— Eu não posso omitir socorro!





— Se soubesse o que ele pretendia fazer com você, mesmo contra a sua vontade, não estaria tão preocupada em prestar socorro!
— Posso imaginar o que seria, mas sou médica e por isso estou me preocupando com esse babaca aqui!… Me chamo Emanuelle, e você?





— Se quer ficar perdendo seu tempo com esse verme, que fique! — “De todas as formas, essa é a mais confusa.” — pensou ele, Ravi estava preocupado com Emanuelle, ele sentia algo que não conseguia entender, talvez fosse por não ouvir os pensamentos dela e, portanto, não saber o que ela pensava.
Os anjos podem mudar de forma, podem assumir aparências de outros seres diferentes compatíveis com sua massa corporal, porém, ao fazerem isso se limitam as capacidades físicas da forma assumida, Ravi e Lúcifer eram exceções, eles podiam manter quase todo o poder que tinham quando se transformavam em outros seres. Aquela era a primeira vez que havia assumido a forma humana, para poder andar e interagir com os humanos sem ferir ou até mesmo lhe causar a morte, assumir a forma humana não era difícil e nem incomodo para outros anjos, pois os humanos foram feitos à imagem e semelhança deles.




— Ele não vai acordar agora, então não fará mal a você! Se quer ajudá-lo, ajude, eu tenho que ir!
— Espera!
— Não posso esperar!




— Mas você nem me disse o seu nome, e como sabia o que ele ia fazer comigo?… Onde você me viu? Na boate?
— Sim, foi lá, eu estava no andar de cima e vi quando vocês conversavam, vi você saindo e ele te seguiu. O meu nome é Ravi!
— É só isso?
— O que mais você quer?
— Conhecer você, sei lá… eu queria falar, te ver de novo? Me passa o seu número de telefone?




Ravi não gostou de como se sentiu ao ouvir Emanuelle pedir para que ele fosse novamente para a Terra, então se afasta dela. — Eu não tenho telefone!
— Quem no mundo de hoje em dia, não tem telefone?
— Não preciso, e não sou desse mundo!




 — O quê?… Nossa, tá bom… Eu só queria agradecer você, poderíamos ser bons amigos? — Emanuelle se entristece.
— Adeus Emanuelle!…
— Então é um adeus mesmo?… Então Obrigada! — Ela fala com tristeza e frustração, e ele consegue sentir.
— Se um dia eu voltar, sei onde encontrar você!




— Sabe?… Como?
— Apenas sei!…




Maicon se mexe, e Emanuelle vira para olhar, e logo depois Ravi desaparece.
“Será que eu vou ver ele de novo?” — Ela decide ligar para uma ambulância.





Em Brindleton Bay, domingo, horas antes.
Edson e Valentina estavam de folga, os dois não descansavam desde que Emanuelle viajou, e não foi fácil terem conseguido folgar no mesmo dia.




— Desculpa amor, eu sei que esse não é bem o jantar que eu prometi, mas vou cumprir com a minha promessa assim que possível, e para compensar, jantaremos no “Restaurante do Nino”, sei que você ama as massas de lá.
— Amo mesmo, e você me conhece tão bem, né, amor?… Não pode me levar onde queria, mas sabe que eu adoro esse bistrô, e mais do que ele, os doces que vendem aqui.




— Eu te conheço bem porque te amo muito, e esse bistrô foi onde demos o nosso primeiro beijo há dois anos, na verdade, eu roubei, porque você nem me queria e tive que insistir muito! — Edson rir ao lembrar do dia.
— Ahh para, né? Eu sempre fui louca por você, só não demonstrava, pelo menos eu tentava não demonstrar… porque tinha receio de prejudicar a nossa carreira, você havia acabado de ser indicado para diretor-geral e eu era só uma enfermeira, na verdade, ainda sou.




— Eu sei, amor, eu também tinha receios quanto a nossa profissão, mas agora está tudo bem… não está muito bem porque estou um pouco preocupado com você.
— Por que, só porque vomitei no seu carro?
— Isso é um bom motivo para se preocupar, Valentina. Além de vomitar com frequência, você está pálida e anda sonolenta, cansada, se aborrece por qualquer coisa. Olha os doces? Se fosse a Valentina que eu conheço já teriam sidos devorados! O que você tem amor? Por favor, não me esconda mais.
— Você já sabe né?…
— Valentina, eu sou médico!
— Não foi proposital, me desculpa Edson…




— Quantas semanas?
— Seis!…
— E quando você ia me contar?
— Já faz uns dias que eu tento te contar, mas não consegui ter coragem. Você não queria ser pai, eu esquecia de tomar o anticoncepcional no dia certo… com a rotina do trabalho, a correria do dia a dia acabei esquecendo, e o pior que fiz isso mais de uma vez. Não foi acidente, Edson, foi irresponsabilidade minha!
Edson fica pensativo olhando para a namorada.




— Sei que você não quer ser pai, e sempre deixou isso bem claro, portanto, não precisa assumir a paternidade, eu não vou exigir isso de você…
— E você pretende criar essa criança como mãe solteira, sem o nome do pai no registro de nascimento?
— Não quero que isso aconteça, mas existe essa possibilidade.



Edson levanta da mesa irritado.
— Vai me deixar agora? Eu pensei que ia demorar um pouco mais!




— Por que você pensa isso de mim? Não sou esse crápula que imagina, Valentina!
— Edson, me desculpa!… Aonde você vai? O que vai fazer?
— …





— Fala alguma coisa por favor?!
— Cheguei à conclusão de que você não me conhece bem. Eu sempre te mostrei tudo o que eu sou, você sabia que eu não queria ser pai, nunca escondi de você.
— Eu sei, Edson, por isso vou assumir o meu erro, a minha irresponsabilidade!
— Eu também fui irresponsável, deveria ter usado preservativo!





— Vou pedir transferência, não vou conseguir ficar perto de você, e mesmo assim a barriga vai crescer e…
— Pare de falar bobagens, Valentina!




Edson a abraça, deixando-a surpreendida com a reação dele diante da tão temida revelação.
— Pelo amor de Deus, você acha mesmo que eu viraria as costas para você em um momento desse? Eu não vou me afastar de você, e nem você de mim, vamos enfrentar juntos o que virá, resolveremos todos os problemas.




— Obrigada, nem sei o que dizer… pensei em muitas coisas, até mesmo na possibilidade de um aborto, mas não é o que quero. Eu quero esse bebê, o nosso filho.
— Nós vamos ter esse bebê, e jamais pediria para você abortar.
Valentina muito emocionada, o abraça com força, aliviada.




— Pensou mesmo em ter essa criança sem mim? Mesmo não querendo ser pai,  não conseguiria fingir que ela não existe.
— Eu pensei, sim, não poderia obrigar você…  Sofreria muito por não ter você comigo Edson, mas já estava me preparando pra isso.
— Não Valentina, eu não estou preparado para perder você, não dessa forma…
— Me desculpa amor, eu te amo demais, eu também não quero perder você, de nenhuma forma!



Continua…


Comentários

  1. Grey's Anatomy na Área! Isso de o chefe pegar a enfermeira ainda vai dar treta!

    Já vi que Ravi também tem a mania de ficar invadindo os pensamentos dos outros.

    Lívia tem que escolher melhor as amizades dela. Só os colegas de trabalho prestam.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é, a Lívia com as amizades dela quase mete Emanuelle em confusão ou coisa pior!

      Excluir

Postar um comentário