Black Wings 07.





Essa história é meramente fictícia, foi escrita e inventada por mim.
Usei referências de muitas histórias, filmes, livros e lendas.




Ilha de Sulani. Quinta-feira.




Emanuelle viajou para Sulani, dois dias após ter ido ao cemitério ver a cova dos pais. Ela já estava recuperada do que aconteceu no estacionamento do hospital onde trabalhava, e agora iria aproveitar as férias para descansar, já que estava com férias vencidas no trabalho.




  — Seja bem-vinda ao nosso resort, Emanuelle, eu me chamo Mainara, espero que você goste e volte mais vezes. Se precisar de alguma coisa, não hesite em me chamar. Minha filha, Mahara, e meu marido Moke, também estão à inteira disposição dos hóspedes. Se encontrar alguma coisa que não tenha gostado no seu quarto, por favor me diga que eu mudo para você.  





— Eu gostei de tudo, muito obrigada, Mainara, está exatamente como vi no site, vou aproveitar bem enquanto estiver aqui.
— Fico feliz que tenha gostado, quanto às refeições, os clientes costumam fazer a própria comida, já que todos os quartos têm cozinha, mas nós podemos fazer para quem não quiser cozinhar, é só pedir pelo telefone ou ir até o nosso quarto que fica ao lado da piscina em frente ao seu.
— Talvez eu peça, se bem que eu gosto de preparar a minha própria comida, acho que não vai ser preciso, mas muito obrigada!




— De nada, querida, avisando que na entrada do resort, tem um barzinho que é da minha filha Mahara, tem uma banca de lanches também, agora vou deixar você em paz para curtir bem o lugar, até mais!
— Até mais e muito obrigada!



Emanuelle escolheu o “Resort dos Alapaki”, para passar dez dias de férias. Não era luxuoso, mas tinha o que ela precisava e os donos eram muito simpáticos.




Naquela época do ano, janeiro, não tinha muitos hóspedes e era exatamente como Emanuelle gostava.




Logo vestiu o seu biquíni e iria contemplar o mar, que o irmão tanto temia. Edson ficou com traumas depois que os pais morreram afogados.



“Que lugar lindo! Sempre tive vontade de conhecer Sulani, me arrependo de não ter vindo antes, eu não acredito que estou aqui.”





“Vou caminhar um pouco pela praia, ainda bem que esse resort não tem muitos hóspedes, vim em uma época boa, perfeita para descansar.”




  “Lívia não ia gostar muito do sossego daqui” — Emanuelle ri ao lembrar da amiga que adora baladas.  






Ela caminha pela praia, mas continua receosa em entrar na água.





Caminha para mais longe e conhece alguns moradores locais, mas nenhum turista andando por lá. Deita-se na areia morna, sente o sol aquecer suas costas e aproveita a vista ouvindo o som das águas calmas da praia.
“Criando coragem ainda para entrar no mar… que imensidão azul, parece que se funde com o céu…” — ela pensa enquanto admira a paisagem à sua frente.





Nesse momento, Makoa, um morador local, se aproxima dela.





“Tem alguém vindo…”




— Bom dia, seja bem-vinda à Sulani, me chamo Makoa!
— Bom dia e obrigada, é um prazer conhecer você.
— O prazer é todo meu! Mas ainda não me disse o seu nome?
— Ahhh… me desculpe, que falta de educação a minha. O meu nome é Emanuelle.





— Você está hospedada no “Resort Alapaki”?
— Estou, por quê?
— Só tem dois resorts nessa ilha, chutei o nome do que está mais próximo! — Emanuelle ri e ele também — Você é uma garota bonita, posso te convidar para participar do luau que vai ter à noite?




— Obrigada pelo elogio e pelo convite, mas você sempre dá em cima das turistas?




— Nem sempre. Estou te convidando porque é uma tradição da ilha, e minha família é que organiza. Minha esposa e eu cantamos músicas da cultura local, temos cerimônias dos anciões invocando os bons espíritos da ilha, danças, comidas, bebidas típicas e outras coisas.




— Me desculpa?! Onde eu enfio a minha cara agora, meu Deus, que vergonha!
— Não fique, por favor! Eu me expressei mal e você tem toda razão de pensar que eu tava dando em cima de você.
— Tudo bem, foi um mal-entendido!… Sobre a cerimônia com os espíritos, eu ouvi bem?
— Ouviu, sim, os turistas pedem orientação para os bons espíritos da ilha, alguns nos mandam e-mail contando que a saúde melhorou, outros são finanças e coisas assim. Ninguém passa por Sulani sem conhecer o nosso Luau, você vai, né?
— Eu vou, vai ser boa uma festinha pra animar. Obrigada por me convidar e me desculpa por ter sido inconveniente.
— Não tem nada que se desculpar, já falamos que foi um mal-entendido. Então, a gente se vê lá, mas vai mesmo, hein!



Makoa se despede deixando Emanuelle, ele caminha em direção ao resort para convidar mais turistas.
“Que idiota que eu sou, vontade de bater na minha cara! Isso é carência, Emanuelle?… Tanto tempo sem pegar ninguém que já tô ficando fácil, praticamente me oferecendo, e ele só queria promover a festa da família! Posso cavar um buraco e sumir dentro ou ainda tá cedo?”



Emanuelle, no calor do constrangimento com o mal-entendido, cria coragem e finalmente entra na água.




“Vou ficar aqui na parte rasa mesmo, a água está ótima… eu tenho que voltar aqui com o meu irmão.”




Emanuelle pensa o tempo todo em Edson, o irmão nunca mais entrou no mar desde a morte dos pais.




Chega à noite.




Ela vai para o Luau, havia poucas pessoas participando da festa, as noites que iam mais turistas eram nos finais de semana.




Makoa e sua esposa, Kaylani, animavam a festa com músicas locais.





“Nossa, que gato, se ele não fosse casado… Será que aquela é a esposa dele? Ela canta muito bem.”




Os dançarinos dançavam a ula-ula (a dança que celebra a natureza). Entre eles estava Kaleo, o irmão de Makoa.




Poucos turistas que foram à festa e alguns estavam hospedados onde Emanuelle estava. A filha da dona do resort estava vendendo bebidas no Luau.





— Oi, você é a filha da Mainara, a dona do resort?
— Eu mesma, Mahara!
— Meu nome é Emanuelle, estou hospedada lá.
— Me lembro de você, comprou um coco na minha barraca, tá gostando do Luau?
— Cheguei agora, a música é boa…
— A festa é boa, só não tem muita gente, mas se vir no final de semana vai estar lotada! O que vai pedir agora?
— Me dá uma de morango?
— Gasosa de morango saindo!



Emanuelle se sentou com os outros turistas, estava gostando da festa, fazia tempo que não se distraia, sempre pondo o trabalho em primeiro lugar. 





Emanuelle se aproxima do casal. — Emanuelle, que bom que você veio, essa é a minha esposa Kaylani. Amor, essa é a Emanuelle! — É um prazer conhecer você Kaylani, e parabéns, vocês cantam e tocam muito bem!




— Obrigada, você é mesmo um amor. Makoa falou muito bem de você. — Kaylani agradece.
— É mesmo, nossa… Obrigada! — “Imagino o que ele deve ter falado sobre mim, eles devem ter rido bastante”
— Vou parar e beber alguma coisa, passa as instruções da cerimônia para ela, Makoa! — Kaylani deixa os dois conversarem.
— Passo, sim, vai lá, amor.





— Sua esposa é educada e muito bonita.
— Obrigado! Ela gostou de você.
— Mas a gente nem conversou direito… Você não falou que eu dei em cima de você, falou?
— Você não deu em cima de mim!… Deu?… 
— Não!… Não dei! — Emanuelle, ri envergonhada. — Foi só um mal-entendido, né?
— Sim. Mas aqui na ilha sentimos as energias das pessoas, e Kaylani tem muita sensibilidade com isso, ela me disse logo de cara que você é uma boa pessoa.
— Ah, tá!… Tá bom então. Obrigada!
— Você tá linda, se eu não conhecesse as sereias daqui, diria que você é uma delas.





— Lá vem você de novo me confundindo… Se sua esposa ouve isso?
— Ela ia confirmar o que eu acabei de dizer.
— O quê…?
— Não somos egoístas nem ciumentos, nossa cultura é diferente da sua e vivemos bem dessa forma, e se você quiser ser nossa amiga, podemos te explicar melhor e talvez mostrar como vivemos aqui. A minha esposa ia adorar te ensinar os nossos costumes. 
— Ahhh… Pois é!… — Emanuelle não sabia o que responder a ele.
— Agora é a hora da cerimônia, você vai participar? — Makoa estava querendo dizer que o casal é poliamoroso. (Poliamor. Do grego πολύ–poli, que significa muitos ou vários, e do Latim amor, é a prática ou desejo de ter mais de um relacionamento, seja sexual ou romântico, simultaneamente com conhecimento e consentimento de todos os envolvidos.)




— Não sei… acho que não, eu não acredito nisso, sem querer ofender, mas esse negócio de espíritos é teatro, eu sou médica e não atriz.




— Puxa, você não tem mesmo senso de humor, né? Todos estão aqui para se divertirem, não precisa ficar nervosa se não acredita em espíritos, é só participar, fazer parte da festa!





— Eu… — Emanuelle respira fundo, ela percebe que estava sendo grossa e mal-educada, as pessoas só estavam ali se divertindo e só ela estava tensa com essa cerimônia.
— Vai lá? Ou está com medo do que os espíritos irão revelar para você? — Makoa insiste e ainda brinca com ela.
— Não sei que tipo de revelações eles fariam para mim?




— Talvez ele revele um amor na sua vida, e se ele tiver aqui em Sulani bem na sua frente?
— Mais piadinhas sem graça, né? Você já tem esposa!
— Pode ser outro, mas se for eu, ainda tenho direito a mais uma esposa, e a Kaylani adorou você, tenho certeza que a gente ia se divertir muito, juntos!
— Você é doido? Sem querer ofender, eu não curto mulher, mesmo achando você um gato e sua esposa um amor de pessoa, não estou disponível para seus fetiches! Acho que vou logo participar dessa cerimônia na fogueira, cansei de ser cantada ou não por você! Nunca sei se está brincando ou me cantando, ou só me testando, seja lá o que for! 
— Que pena. Eu gostei tanto de você… — Makoa rir.




"Ele sempre querendo as mais bonitas!"




Os participantes tinham que beber uma bebida local, chamada Kava, uma bebida de porcentagem alcoólica fraca, e nela era adicionado o suco de uma fruta cultivada pelos anciões da ilha, os mesmos que fariam a cerimônia.





Emanuelle pegou a sua antes de entrar na fila, servida por Kaleo, irmão de Makoa.
“Que gatinho!” — pensou ela.




A próxima da fila seria ela. Emanuelle, não havia visto nada de mais, nada considerado anormal.





Chegou a vez de Emanuelle, os anciões fizeram uma oração em uma linguagem local e pediram para ela se concentrar no que mais necessitava antes de olhar fixamente para a fogueira. Ela não levou a sério e simplesmente olhou.




Ela olha para a fogueira, sente uma tontura, uma figura se forma entre as chamas.




Continua...


Comentários

  1. 1- "Que idiota que eu sou, vontade de bater na minha cara! Isso é carência Emanuelle??... Tanto tempo sem pegar ninguém que já tô ficando fácil, praticamente me oferecendo, e ele só queria promover a festa da família! .... Posso cavar um buraco e sumir dentro ou ainda tá cedo?". KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    2- "Eu vou ficar aqui na parte rasa mesmo, a água está muito boa... eu tenho que voltar aqui com o meu irmão". Alguém avisa a Emanuelle que água acima dos seios já é parte funda?

    3- Conheço duas peixinhas que iam amar estar com a Emanuelle nessa festa. Principalmente pq as duas amam esse tipo de festa.

    4- "Você tá linda, se eu não conhecesse as sereias daqui diria que você é uma." EITAAAAAAAA! Depois de elogio desses pra a turista se eu fosse a Kaylani chamava o João Kleber.

    5- "Nunca sei se está brincando ou me cantando?!... " Tá Cantando!

    6- Acho que a Emanuelle vai pensar que a Kava não tem uma porcentagem alcoólica tão fraca assim.

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  2. Emanuelle e suas aventuras kkkkk
    As suas sereias iriam adorar a festinha do Makoa né?
    Obrigada por ler, acompanhar e comentar, Tatsumi!

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  3. Morro com essa manu kkkkk e amei o Makoa hauhauha mó gente boa engraçado xD

    E o anjo aparecendo na fogueira, mds! Babado!

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    1. A Emanuelle não acerta uma kkkk
      O Makoa é despreocupado com tudo né? Obrigada Cat.

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