Black Wings 03

Essa história é meramente fictícia, foi escrita e inventada por mim.

Usei referências de muitas histórias, filmes livros e lendas.

Sexta-feira, 00:30.

Pouco tempo depois, os anjos desapareceram pelo portal, levando o demônio capturado.

Os enfermeiros Bruno e Valentina entraram correndo no estacionamento com uma maca para socorrer Emanuelle.

Verificaram os sinais vitais dela, colocaram Emanuelle na maca cuidadosamente e foram para a sala de emergência, onde a doutora Lívia já estava esperando por eles.

Emanuelle estava inconsciente, porém os seus sinais vitais estavam fortes.

Dimensão 4 (Submundo ou Inferno).

O Submundo ficava na dimensão 4, uma dimensão depois da dos anjos. O inferno, como é chamado pelos humanos, não está abaixo da terra ou na camada do magma, nem no planeta Terra, na verdade, fica uma dimensão antes na ordem do calendário celeste.

Os anjos guerreiros Asas Negras. General Ravi Metatron e seu Capitão Levi Purah, chegavam aos portões do inferno, levando o demônio de nível 3 com eles para que fosse aprisionado novamente.

O portão principal não era guardado nem trancado, para chegar até ele tinha que passar pela floresta do desespero, onde nenhum ser conseguia sobreviver se não fosse autorizado a passar por lá.

Depois teriam que subir as escadas da dor até chegar ao primeiro portão, esse, sim, era trancado e vigiado pelas criaturas da floresta sombria.

As criaturas das sombras vigiavam o portão, somente os Anjos Asas Negras podiam passar, outros não entravam ali, pois as paredes drenavam suas energias e as criaturas acabavam de fazer o resto. Elas devoravam quem se mostrava fraco.

No entanto, Ravi e Levi eram fortes o suficiente para passar sem se preocupar com elas.

Já tinham passado pela escadaria da dor, tinha esse nome devido aos degraus feitos com pó de ossos dos demônios que morreram ali. Ao passar por eles, a energia vital de um ser fraco era drenada pelos tijolos e degraus das escadas. Agora eles teriam que subir mais três escadas até chegar ao portão 3, portão esse onde Lúcifer, o senhor do inferno, morava.

O Submundo, ou Inferno, se dividia em 7 partes, e cada uma delas era comandada por um anjo caído, com exceção da segunda parte: portão 2, onde Lilith comandava e morava.

Os dois enfim chegam ao portão 3.

O portão 3 estava sendo guardado por Adramalech, um anjo caído que deveria estar comandando o portão 2, ele optou por guardar as portas de Lúcifer. Adramalech era amigo e fiel guardião de Lúcifer.

Ele estava à espera dos dois anjos.

Adramalech pediu para Ravi entrar nos aposentos de Lúcifer, pois o mesmo queria conversar com ele.

— Não tenho tempo para perder com conversas, preciso voltar agora mesmo. Pegue seu demônio e cuide para que ele não escape mais, mas não pense que essa fuga será ignorada, haverá punições para os carcereiros!

  — Príncipe Ravi, não temos culpa pelos erros e irresponsabilidades de Lilith, não é a primeira vez que ela deixa escapar um demônio de suas celas. Mas eu garanto que esse não escapará mais, terá a punição correta.  

  — Perdi a paciência com Lilith, dessa vez ela não vai sair impune! Agora leve essa alma imunda para o seu devido lugar.  

— Príncipe Ravi, Lúcifer me pediu para levá-lo até os aposentos dele, por favor ouça o que ele tem a lhe dizer?! — Adramalech, fala respeitosamente e com muita cautela. Ravi não gostava de ir até o Submundo e o fato dele ser um príncipe, anjo supremo e ainda general dos Asas Negras lhe dava total poder de punição.

— Você, sempre fiel ao Lúcifer, não ganha nada com isso e ainda assim o faz… Está bem, Adramalech, diga para virem buscar o demônio, então eu irei até Lúcifer!

Adramalech fechou os olhos, se concentrou para falar mentalmente com Lúcifer, avisando que convenceu Ravi de ir até ele, e logo depois, Empusa, o demônio carcereiro, apareceu para levar o prisioneiro fujão.

Empusa conseguia se transformar em animais, no passado foi uma vampira, criatura que bebia sangue humano e os comiam. Ela foi punida e o resultado foi servir no inferno eternamente, lá era carcereira e torturadora, mas se divertia fazendo isso, ser amante de Lúcifer também fazia parte de suas funções e diversão, quando ele a queria sempre estava pronta para servir ao seu mestre, porém, era com Adramalech que saciava sua sede por sexo.

Origem de Empusa:

Empusa 

— Eu não sabia que a gente ia ter visitas ilustres, se soubesse teria usado o meu vestido vermelho. Como posso servi-los? — Empusa, insinua-se para os anjos.

“Ela não sabe com quem está mexendo, isso vai acabar mal!” — Adramalech, temia por Ravi perder a paciência.

— Se quiser continuar servindo, pegue esse demônio e se afaste de mim, sua serpente maldita! Mais uma palavra e acabará como areia de almas, terá morte eterna, a qual é o que merece!

— Esses demônios estão ficando ousados demais, não respeitam mais uma autoridade celeste! — Levi reclama com Empusa.

— Ela irá agora mesmo, príncipe Ravi, e depois terá uma correção pela ousadia e desrespeito. — Adramalech fala para Ravi, tentando aliviar a situação que Empusa criou.

— Saia logo da minha frente ou eu mesmo punirei você! — Ravi estava mesmo aborrecido com ela.

“Eu sabia que ele não ia gostar, que demônio mais burro!” — Adramalech pensa, e vai ter que punir Empusa pela falta de respeito com Ravi.

Os dois conversam mentalmente: Empusa e Adramalech.

“Que anjos cuzões esses dois!” — ela reclama.

“Você ficou louca, sua desvairada! Ele é uma autoridade muito importante, é o filho da Deusa Enuma Elish!”

“Não tô nem aí! … Tento alegrar um pouquinho meu trabalho chato, e é assim que me tratam?!”

O diálogo mental termina, Empusa não mediu as consequências dos seus atos.

Os anjos seguem para os aposentos de Lúcifer.

— Ravi Metatron! General de mil exércitos, anjo supremo e príncipe celeste. Seja bem-vindo ao meu humilde lar? Ahh… e você também, Levi Purah!

— Quanta bajulação, fala logo o que você quer!

— Não vai ser nada bom, vindo dele! — Levi e Lúcifer não se dão bem, o governante do inferno não é bem-visto pela maioria dos anjos, seja qual fosse a categoria ou hierarquia.

— É só um favorzinho de nada, coisa fácil de você conseguir.

  — O que o faz pensar que eu vou fazer algum favor a você? Por menor que seja, não tenho autorização!  

— O favor que eu vou te pedir, não vai fazer você infringir nenhuma lei, continuará puro e certinho como sempre.

— Eu não tenho tempo e nem paciência para tamanha enrolação!…

  — Puro e reto, é como todos devemos ser! — Levi enfatiza, lembrando Lúcifer do porquê de estar no Inferno.  

— Claro e cristalino, meu querido Levi… Posso imaginar o fardo que é ser um de vocês: sempre puro e reto, obediente, eficiente, responsável, sempre e sempre, prontos para servirem sem questionar nada! Que vida maravilhosa, não é mesmo? — Lúcifer fala ironicamente.

— Não é um fardo ser um de nós, estar sempre pronto para servir com obediência e eficiência aos deuses, é uma honra! — Levi responde com indignação.

— Honra essa que você estava prestes a perder… Os humanos são seres encantadores, não é mesmo, meu caro…? — Ele faz referência ao caso que Levi teve com uma humana.

  — Estou com pressa, tenho outras coisas para fazer, fale logo o que você quer! — Ravi sente a tensão na conversa entre os dois. Levi estava muito nervoso e poderia perder o controle, resultando em uma luta que não acabaria bem para nenhum dos lados, pois Levi não era páreo para Lúcifer, e Ravi, então, teria que defender o amigo. Ainda tinha Adramalech que prontamente defenderia seu amigo e senhor Lúcifer, mas isso não era o único problema para Ravi, o que ele não queria era uma luta sem razões maiores com seu primo.  

— Tudo bem!… Eu quero minhas férias, tenho direito a elas a cada 10 anos de servidão nesse Inferno, e já estão bem vencidas!

— Não pode tirar férias agora, perdeu o direito quando deixou 5 demônios escapar! Agora terá que esperar uma reunião do conselho, vão se reunir para falarem sobre essa fuga, mais uma em um curto período.

— Lilith deixou não eu! E as outras vezes foram demônios insignificantes, eles nem causaram tanto mal assim… decerto, uma briguinha ali, outra aqui, mas nada tão grave.

— Você é quem comanda o Inferno da Terra, tudo que acontece aqui é responsabilidade sua! E, por menores que sejam os demônios mandados para cá, tem o dever de mantê-los aqui ou se livrar deles de vez!

— Não é bem assim que funciona, não posso me livrar deles como eu queria, mas não vou te explicar a política do Inferno. Bom, já faz 50 anos desde que fui à dimensão 5 (Planeta Terra), e tenho feito meu trabalho exatamente como me mandam. Claro que tem algumas falhas, mas estou tentando, eu não fui feito para isso. Mas enfim, você pode conseguir que retirem esse adiamento das minhas férias, é filho de Elish, a preferida deles, é só pedir e ela fará!

— Lúcifer, Enuma Elish não é uma deusa suprema…

— Mas ela consegue, sendo esposa de um Supremo! Por favor, irmão, estou cansado desse lugar, preciso sair daqui por um tempo.

— Você esqueceu de quem eu sou filho? Enlil não é muito querido entre eles.

— Mas um dia ele foi! Todos eles temem pela volta do grande Enlil, se um dia ele assumir novamente o comando supremo.

  — Seria a ruína de todos! Tudo que fizemos até agora seria em vão. Enlil não se importa com os humanos, na verdade, com nenhum ser, o caos e a desordem tomariam conta das dimensões.  

— Como não se importa? Ele criou as criaturas defensoras dos seres mais fracos de cada dimensão, facilitando o trabalho dos demais. Na terra, por exemplo, criou aquela espécie que, de tão poderosa, se igualaria fácil aos anjos: os Astaroth, e deu certo, até se tornar cômodo para os deuses.

— Ele está tentando influenciar você, Ravi, não se deixe enganar!

— Não sou fácil de enganar, Levi, sei o que faço e depois falarei com você sobre sua exaltação, e quanto a você, Lúcifer, verei o que posso fazer, mas não prometerei nada!

— Obrigado, meu caro, aguardarei ansioso pela sua resposta!

— Voltarei para lhe dizer o que consegui, seja qual for a resposta… acho justo você sair um pouco… não sei qual foi o motivo de ter demorado tanto para querer voltar à Terra.

— Os deuses são cruéis, Ravi… eles tiram o que você mais ama ou quer, só para puni-lo. A Terra não tem sido a mesma para mim.

Ravi olha sem entender o que Lúcifer quer dizer, mas não lhe pergunta mais nada.

Os anjos saem.

Continua...